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Aos Mortos da União e outros poemas de Robert Lowell


A CHAMA ANTIGA


Chama antiga, ó minha esposa!

Lembras das aves listadas?

Dirigi, certa manhã,

em nossa casa no Maine. Ainda

era no topo da colina —


Agora uma espiga de milho

foi respingada na porta.

Velha Glória de treze listras

na estaca enforcada. A ripa,

cor vermelho-vermelha-antiga.


Dentro, um proprietário novo,

esposa nova, vassoura nova!

Antiquário de além-Atlântico

estanho e ganho

brilhando na sala.


Uma nova fronteira!

Sem ir pra porta ao lado

ligar pras autoridades

por um táxi ao Bath

e ao State Liquor Store!


Ninguém viu teu amante

imaginário e fantasmático

parar frente a janela

e apertar

o lenço na garganta.


Saúde à nova gente,

à sua bandeira, à sua velha

casa restaurada na colina!

Tudo foi chorado em vão:

supridos e adornados estão.


Tudo mudou pra melhor —

mas quão ranzinzas fomos nós,

presos pela neve e a sós,

cozinhando como vespas

em nossa tenda de livros!


Antigo amor, pobre fantasma,

diz, com tua voz antiga,

do instinto abrasado

que nos manteve acordados.

Numa só cama e separados,


ouvimos o arado

gemer colina acima —

luz vermelha, azulada,

enquanto retirava a neve

pros cantos da estrada.


Tradução de Matheus “Mavericco”. In: Blog Matheus “Mavericco”. Disponível em:< http://matheusmavericco.blogspot.com.br/2014/03/04-poemas-de-robert-lowell.html>. Acesso em: 24. Dez. 2014.

THE OLD FLAME


My old flame, my wife!

Remember our lists of birds?

One morning last summer, I drove

by our house in Maine. It was still

on top of its hill -


Now a red ear of Indian maize

was splashed on the door.

Old Glory with thirteen stripes

hung on a pole. The clapboard

was old-red schoolhouse red.


Inside, a new landlord,

a new wife, a new broom!

Atlantic seaboard antique shop

pewter and plunder

shone in each room.


A new frontier!

No running next door

now to phone the sheriff

for his taxi to Bath

and the State Liquor Store!


No one saw your ghostly

imaginary lover

stare through the window

and tighten

the scarf at his throat.


Health to the new people,

health to their flag, to their old

restored house on the hill!

Everything had been swept bare,

furnished, garnished and aired.


Everything's changed for the best -

how quivering and fierce we were,

there snowbound together,

simmering like wasps

in our tent of books!


Poor ghost, old love, speak

with your old voice

of flaming insight

that kept us awake all night.

In one bed and apart,


we heard the plow

groaning up hill -

a red light, then a blue,

as it tossed off the snow

to the side of the road.


In: PoemHunter.com. Disponível em: < http://www.poemhunter.com/poem/the-old-flame/>. Acesso em: 24. Dez.2014.

GOLFINHO


Golfinho, tu me guias de surpresa,

cativo como Racine, um artífice,

por sua selva de obras metálicas

pela única e errante voz de Fedra.

Quando estive perturbado, tramaste

que os nós dos enforcados me pegassem,

vítreo e tão difícil o meu desejo...

Tenho sentado e escutado palavras,

tantas, da musa colaborativa,

tramada talvez, livre em minha vida,

não fugindo de ofender aos outros,

não fugindo de ofender a mim, —

de pedir compaixão... este livro,

semi-ficção, rede feita ao enredamento,


meus olhos veem o que minha mão fez.

Tradução de Matheus “Mavericco”. In: Blog Matheus “Mavericco”. Disponível em: < http://matheusmavericco.blogspot.com.br/2014/03/04-poemas-de-robert-lowell.html>. Acesso em: 24. Dez. 2014.



DOLPHIN


My Dolphin, you only guide me by surprise,

a captive as Racine, the man of craft,

drawn through his maze of iron composition

by the incomparable wandering voice of Phèdre.

When I was troubled in mind, you made for my body

caught in its hangman's-knot of sinking lines,

the glassy bowing and scraping of my will. . . .

I have sat and listened to too many

words of the collaborating muse,

and plotted perhaps too freely with my life,

not avoiding injury to others,

not avoiding injury to myself--

to ask compassion . . . this book, half fiction,

an eelnet made by man for the eel fighting


my eyes have seen what my hand did.


In: PoemHunter.com. Disponível em: . Acesso em: 24. Dez.2014.


VOLTA AO LAR

É que era... desde 1930;

os meninos da minha gangue

são das antigas. Começaram

crus como crias de ave

para abraçar a causa.


No altar da rendição,

te achei

na hora da credulidade.

Como era claro o teu infortúnio

para nós aos vinte.


No cassino natalino,

quão puras as noites que fizemos

no nosso Vesúvio de martínis

sem vermute que não vodca

pra adocicar o gim —


o cílio em minha face afora

na noite em que nos adoramos...

tão cedo toda e qualquer noite,

quando tua doce, amorosa

repetição mudou.


Fertilidade não é "pra frente"

ou beleza "precipício" —

coisas que deram errado

vestem o verão

de folhas douradas.


Às vezes

pego minha mente

circulando por você, vidrada —

meu amor perdido caçando

seu rosto perdido.


Verão a verão,

os choupos murcham

no clarão —

é uma cidade pros jovens,

pra se quebrarem surfando.


Nem os cães conhecem meu cheiro.


Tradução de Matheus “Mavericco”. In: Blog Matheus “Mavericco”. Disponível em: < http://matheusmavericco.blogspot.com.br/2014/03/04-poemas-de-robert-lowell.html>. Acesso em: 24. Dez. 2014.


HOMECOMING


What was is ... since 1930;

the boys in my old gang

are senior partners. They start up

bald like baby birds

to embrace retirement.


At the altar of surrender,

I met you

in the hour of credulity.

How your misfortune came out clearly

to us at twenty.


At the gingerbread casino,

how innocent the nights we made it

on our Vesuvio martinis

with no vermouth but vodka

to sweeten the dry gin--


the lash across my face

that night we adored . . .

soon every night and all,

when your sweet, amorous

repetition changed. 


In: PoemHunter.com. Disponível em:< In: PoemHunter.com. Disponível em:< http://www.poemhunter.com/poem/dolphin/>. Acesso em: 24. Dez.2014.


AOS MORTOS DA UNIÃO

Relinquunt Omnia Servare Rem Publicam.

O antigo South Boston Aquarium, num Saara

de gelo. Suas janelas quebradas, remendadas.

O galo dos ventos, sem metade das direções.

O tanque aéreo, seco.


Uma vez meu nariz ficou como lesma no vidro;

meu cabelo formigou

pra estourar as bolhas

saindo do nariz dos peixes amedrontados, cordiais.


Guardo a mão. Com frequência suspiro pelo

escuro lá de baixo e pelo reino vegetal

de peixes, répteis. Certa manhã de Março,

pressionei a cerca de arame galvanizado


e novo no Boston Common. Atrás da jaula,

a escavadeira amarelo-dinossauro grunhe

enquanto colhe quilos de musgo e grama

para entalhar sua garagem subterrânea.


Estacionamentos luxuosos como

caixas de areia cívicas no âmago de Boston.

Uma cinta-laranja, cinta abóbora-puritana,

reformiga a Sede do Governo,


sacudindo escavações e encarando o Coronel Shaw

e sua infantaria negra-rechonchuda

no St. Gauden sacudindo a crença na Guerra Civil,

apoiada numa tábua para o caso de terremotos.


Dois meses após marchar rumo a Boston,

metade do regimento morreu;

nas dedicatórias,

William James quase ouvia os Negros ofegando.


Seus monumentos, espinhos de peixe

na garganta da cidade.

Seu coronel é magrinho

como a agulha da bússola.


Tem uma vigília animalesca,

uma tensão de cão gentil;

franze o cenho face ao prazer,

se sufoca por privacidade.


Ele está fora das fronteiras agora. Goza a solidão,

esse poder de escolher a vida e morrer —

quando lidera seus soldados até a morte,

não pode dar as costas.


Numa das milhares de vilas de New England,

as igrejinhas velhas seguram o ar

da esparsa, sincera rebelião; bandeiras gastas

acolchoam cemitérios da Grande Armada Republicana.


As abstratas estátuas do Soldado da União

emagrecem, rejuvenescem ano após ano —

cinturas-de-vespa, dormem nos mosquetes

e divagam em suas costeletas . . . . .


O pai de Shaw não quer monumento

que não o do fosso,

onde o corpo de seu filho

foi jogado junto aos “pretos”.


O fosso está próximo.

Não há estátuas da última guerra aqui;

na Boylston Street, um fotógrafo comercial

mostra Hiroshima fervendo


num cofre de aço batido abatido,

sobrevivente do impacto. O espaço é próximo.

Quando agacho até a TV,

as caras dos negrinhos escolares sobem como balões.


Coronel Shaw

cavalga nas borbulhas,

espera

pela santa pausa.


O Aquarium se foi. Em todo lugar,

carros finos e grandes, como peixes;

selvagem servidão

escorrega na graxa.


Tradução de Matheus “Mavericco”. In: Blog Matheus “Mavericco”. Disponível em:< http://matheusmavericco.blogspot.com.br/2014/03/04-poemas-de-robert-lowell.html>. Acesso em: 24. Dez. 2014.

FOR THE UNION DEAD

Relinquunt Ommia Servare Rem Publicam.


The old South Boston Aquarium stands

in a Sahara of snow now. Its broken windows are boarded.

The bronze weathervane cod has lost half its scales.

The airy tanks are dry.


Once my nose crawled like a snail on the glass;

my hand tingled to burst the bubbles

drifting from the noses of the cowed, compliant fish.


My hand draws back. I often sign still

for the dark downward and vegetating kingdom

of the fish and reptile. One morning last March,

I pressed against the new barbed and galvanized


fence on the Boston Common. Behind their cage,

yellow dinosaur steamshovels were grunting

as they cropped up tons of mush and grass

to gouge their underworld garage.


Parking spaces luxuriate like civic

sandpiles in the heart of Boston.

a girdle of orange, Puritan-pumpkin colored girders

braces the tingling Statehouse,


shaking over the excavations, as it faces Colonel Shaw

and his bell-cheeked Negro infantry

on St. Gaudens' shaking Civil War relief,

propped by a plank splint against the garage's earthquake.


Two months after marching through Boston,

half of the regiment was dead;

at the dedication,

William James could almost hear the bronze Negroes breathe.


Their monument sticks like a fishbone

in the city's throat.

Its Colonel is as lean

as a compass-needle.


He has an angry wrenlike vigilance,

a greyhound's gentle tautness;

he seems to wince at pleasure,

and suffocate for privacy.


He is out of bounds now. He rejoices in man's lovely,

peculiar power to choose life and die-

when he leads his black soldiers to death,

he cannot bend his back.


On a thousand small town New England greens

the old white churches hold their air

of sparse, sincere rebellion; frayed flags

quilt the graveyards of the Grand Army of the Republic


The stone statutes of the abstract Union Soldier

grow slimmer and younger each year-

wasp-waisted, they doze over muskets

and muse through their sideburns…


Shaw's father wanted no monument

except the ditch,

where his son's body was thrown

and lost with his 'niggers.'


The ditch is nearer.

There are no statutes for the last war here;

on Boylston Street, a commercial photograph

shows Hiroshima boiling


over a Mosler Safe, the 'Rock of Ages'

that survived the blast. Space is nearer.

when I crouch to my television set,

the drained faces of Negro school-children rise like balloons.


Colonel Shaw

is riding on his bubble,

he waits

for the blessed break.


The Aquarium is gone. Everywhere,

giant finned cars nose forward like fish;

a savage servility

slides by on grease.


In: PoemHunter.com. Disponível em:. Acesso em: 24. Dez.2014. 










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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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