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MULHER FENOMENAL E OUTROS POEMAS DE MAYA ANGELOU

MULHER FENOMENAL


Lindas mulheres indagam onde está o meu segredo
Não sou bela nem meu corpo é de modelo
Mas quando começo a lhes contar
Tomam por falso o que revelo

Eu digo,
Está no alcance dos braços,
Na largura dos quadris
No ritmo dos passos
Na curva dos lábios
Eu sou mulher
De um jeito fenomenal
Mulher fenomenal:
Assim sou eu

Quando um recinto adentro,
Tranqüila e segura
E um homem encontro,
Eles podem se levantar
Ou perder a compostura
E pairam ao meu redor,
Como abelhas de candura

Eu digo,
É o fogo nos meus olhos
Os dentes brilhantes,
O gingado da cintura
Os passos vibrantes
Eu sou mulher
De um jeito fenomenal
Mulher fenomenal:
Assim sou eu

Mesmo os homens se perguntam
O que vêem em mim,
Levam tão a sério,
Mas não sabem desvendar
Qual é o meu mistério
Quando lhes conto,
Ainda assim não enxergam

É o arco das costas,
O sol no sorriso,
O balanço dos seios
E a graça no estilo
Eu sou mulher
De um jeito fenomenal
Mulher fenomenal
Assim sou eu

Agora você percebe
Porque não me curvo
Não grito, não me exalto
Nem sou de falar alto
Quando você me vir passar,
Orgulhe-se o seu olhar

Eu digo,
É a batida do meu salto
O balanço do meu cabelo
A palma da minha mão,
A necessidade do meu desvelo,
Porque eu sou mulher
De um jeito fenomenal
Mulher fenomenal:
Assim sou eu

Tradução de Rita Cammarota. In: Esquadros. Disponível em:<http://tina-esquadros.blogspot.com.br/2012/03/mulheres-fenomenais.html.>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


PHENOMENAL WOMAN


Pretty women wonder where my secret lies.
I’m not cute or built to suit a fashion model’s size
But when I start to tell them,
They think I’m telling lies.
I say,
It’s in the reach of my arms,
The span of my hips,
The stride of my step,
The curl of my lips.
I’m a woman
Phenomenally.
Phenomenal woman,
That’s me.

I walk into a room
Just as cool as you please,
And to a man,
The fellows stand or
Fall down on their knees.
Then they swarm around me,
A hive of honey bees.
I say,
It’s the fire in my eyes,
And the flash of my teeth,
The swing in my waist,
And the joy in my feet.
I’m a woman
Phenomenally.
Phenomenal woman,
That’s me.

Men themselves have wondered
What they see in me.
They try so much
But they can’t touch
My inner mystery.
When I try to show them,
They say they still can’t see.
I say,
It’s in the arch of my back,
The sun of my smile,
The ride of my breasts,
The grace of my style.
I’m a woman
Phenomenally.
Phenomenal woman,
That’s me.

Now you understand
Just why my head’s not bowed.
I don’t shout or jump about
Or have to talk real loud.
When you see me passing,
It ought to make you proud.
I say,
It’s in the click of my heels,
The bend of my hair,
the palm of my hand,
The need for my care.
’Cause I’m a woman
Phenomenally.
Phenomenal woman,
That’s me.

PHENOMENAL WOMAN. In: Poetry Foundation. Disponível em:< http://www.poetryfoundation.org/poem/178942 >. Acesso em: 13. Abr. 2016.


AINDA ME LEVANTO


Podes inscrever-me na História
Em mentiras amargas e retorcidas.
Podes espezinhar-me no chão sujo
Mas ainda assim, como a poeira, vou-me levantar.

Minha impertinência incomoda?
Por que ficas soturno
Ao me ver andar como se tivesse em casa
Poços de petróleo jorrando?

Como as luas e como os sóis,
Como a constância das marés,
Como a esperança alçando voo,
Assim me levanto.

Querias ver-me alquebrada?
Cabeça pensa e olhos baixos?
Ombros caídos como lágrimas,
Enfraquecida de tanto pranto?

Minha altivez o ofende?
Não leve tão a peito assim:
Eu rio como quem minera ouro
Em seu próprio quintal

Podes fuzilar-me com palavras
Podes lanhar-me com os olhos
Podes matar-me com malevolência
Mas ainda assim, como o ar, eu me levanto

Minha sensualidade perturba?
Por acaso te surpreende
Que eu dance como quem tem diamantes
Ali onde as coxas se encontram?

Do fundo das cabanas da humilhação
Me levanto
Do fundo de um pretérito enraizado na dor
Me levanto
Sou um oceano negro, marulhando e infinito,
Sou maré em preamar

Para além de atrozes noites de terror
Me levanto
Rumo a uma aurora deslumbrante
Me levanto
Trazendo as oferendas de meus ancestrais
Portando o sonho e a esperança do escravo
Ainda me levanto
Me levanto
Me levanto

Tradução de Walnice Nogueira Galvão. In: Teoria e Debate. Disponível em:< http://teoriaedebate.org.br/index.php?q=estantes/poesia/ainda-me-levanto-still-i-rise>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


STILL I RISE


You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may trod me in the very dirt
But still, like dust, I’ll rise.

Does my sassiness upset you?
Why are you beset with gloom?
‘Cause I walk like I’ve got oil wells
Pumping in my living room.

Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I’ll rise.

Did you want to see me broken?
Bowed head and lowered eyes?
Shoulders falling down like teardrops,
Weakened by my soulful cries?

Does my haughtiness offend you?
Don’t you take it awful hard
‘Cause I laugh like I’ve got gold mines
Diggin’ in my own backyard.

You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I’ll rise.

Does my sexiness upset you?
Does it come as a surprise
That I dance like I’ve got diamonds
At the meeting of my thighs?

Out of the huts of history’s shame
I rise
Up from a past that’s rooted in pain
I rise
I’m a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.

Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that’s wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise.


STILL I RISE. In: Academy of American Poets. Disponível em:< https://www.poets.org/poetsorg/poem/still-i-rise>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


ROSTOS


Rostos e mais se lembram
depois rejeitam
os dias marrom caramelo da juventude.
Rejeitam a teta chupada de sol das
manhãs de infância.
Furam canos de arma no olhar paralisado de fé de uma boneca predileta.
Inspira, Irmão,
e desloque o ódio do momento com amor organizado.
Um poeta grita “CRISTO ESPERA NO METRÔ!”
Mas quem que vê?

Tradução de Adriano Scandolara. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/06/04/maya-angelou-1928-2014-in-memoriam/>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


FACES


Faces and more remember
then reject
the brown caramel days of youth.
Reject the sun-sucked tit of
childhood mornings.
Poke a muzzle of war in the trust-frozen eyes of a favored doll.
Breathe, Brother,
and displace a moment’s hate with organized love.
A poet screams “CHRIST WAITS AT THE SUBWAY!”
But who sees?


FACES. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/06/04/maya-angelou-1928-2014-in-memoriam/>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


HOMENS


Quando eu era nova, tinha por hábito
Observar por trás das cortinas
Homens que subiam e desciam a rua. Os homens da manguaça, os homens de idade.
Homens moços afiados feito mostarda.
Veja. Os homens estão sempre
Indo a algum lugar.
Sabiam que eu estava lá. Quinze
Anos e faminta por eles.
Sob minha janela, eles paravam,
Os ombros altos como os
Peitos de uma moça,
A cauda dos casacos batendo
Naqueles traseiros,
Homens.

Um dia eles te seguram nas
Palmas das mãos, gentis, como se você
Fosse o último ovo cru do mundo. Então
Te apertam. Só um pouco. O primeiro
Aperto é bom. Um abraço rápido.
Suave na sua fraqueza. Um pouco
Mais. A dor começa. Arranca um
Sorriso que contorna o medo. Quando o
Ar desaparece,
A mente estoura, explodindo com violência, breve,
Como a cabeça de um fósforo. Estilhaçada.
É o seu sumo
Que escorre pelas pernas deles. Mancha os sapatos.
Quando a terra se põe outra vez no lugar,
E o gosto tenta voltar à língua,
Seu corpo já se fechou. Para sempre.
Chave nenhuma existe.

Então a janela se cerra toda sobre
Sua mente. Lá, além
Do balanço das cortinas, os homens caminham.
Sabendo algo.
Indo a algum lugar.
Mas desta vez eu vou só
Ficar aqui e observar.

Talvez.

Tradução de Adriano Scandolara. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/06/04/maya-angelou-1928-2014-in-memoriam/>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


MEN


When I was young, I used to
Watch behind the curtains
As men walked up and down the street. Wino men, old men.
Young men sharp as mustard.
See them. Men are always
Going somewhere.
They knew I was there. Fifteen
Years old and starving for them.
Under my window, they would pauses,
Their shoulders high like the
Breasts of a young girl,
Jacket tails slapping over
Those behinds,
Men.

One day they hold you in the
Palms of their hands, gentle, as if you
Were the last raw egg in the world. Then
They tighten up. Just a little. The
First squeeze is nice. A quick hug.
Soft into your defenselessness. A little
More. The hurt begins. Wrench out a
Smile that slides around the fear. When the
Air disappears,
Your mind pops, exploding fiercely, briefly,
Like the head of a kitchen match. Shattered.
It is your juice
That runs down their legs. Staining their shoes.
When the earth rights itself again,
And taste tries to return to the tongue,
Your body has slammed shut. Forever.
No keys exist.

Then the window draws full upon
Your mind. There, just beyond
The sway of curtains, men walk.
Knowing something.
Going someplace.
But this time, I will simply
Stand and watch.

Maybe.

MEN. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/06/04/maya-angelou-1928-2014-in-memoriam/>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


ACORDANDO EM NOVA YORK


Cortinas exercendo sua vontade
contra o vento,
crianças dormem,
trocando sonhos com
os serafim. A cidade
se arrasta até despertar nas
tiras dos metrôs; e
eu, um alarme, desperta como
um rumor de guerra,
repouso estendida na manhã,
sem que ninguém peça, ninguém atente.

Tradução de Adriano Scandolara. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/06/04/maya-angelou-1928-2014-in-memoriam/>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


AWAKING IN NEW YORK


Curtains forcing their will
against the wind,
children sleep,
exchanging dreams with
seraphim. The city
drags itself awake on
subway straps; and
I, an alarm, awake as a
rumor of war,
lie stretching into dawn,
unasked and unheeded.


AWAKING IN NEW YORK. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/06/04/maya-angelou-1928-2014-in-memoriam/>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


RIEM OS MAIS VELHOS


Eles gastaram já sua
cota de risinhos,
segurando os lábios assim
e assado, ondulando
as linhas entre
as sobrancelhas. Os mais velhos
deixam que as barrigas chacoalhem como lentos
pandeiros.
Gargalhadas
sobem e se derramam
como quiserem.
Quando riem os mais velhos, eles libertam o mundo.
Viram-se devagar, com o saber malicioso
do que há de melhor e pior
da lembrança.
Reluz saliva nos
cantos das suas bocas,
as cabeças saltam
dos pescoços frágeis, mas têm
os colos
cheios de memórias.
Quando riem os mais velhos, eles consideram a promessa
da morte, querida e indolor, e generosos
perdoam a vida por ter-lhes
ocorrido.

Tradução de Adriano Scandolara. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/06/04/maya-angelou-1928-2014-in-memoriam/>. Acesso em: 13. Abr. 2016.

OLD FOLKS LAUGH


They have spent their
content of simpering,
holding their lips this
and that way, winding
the lines between
their brows. Old folks
allow their bellies to jiggle like slow
tambourines.
The hollers
rise up and spill
over any way they want.
When old folks laugh, they free the world.
They turn slowly, slyly knowing
the best and the worst
of remembering.
Saliva glistens in
the corners of their mouths,
their heads wobble
on brittle necks, but
their laps
are filled with memories.
When old folks laugh, they consider the promise
of dear painless death, and generously
forgive life for happening
to them.

OLD FOLKS LAUGH. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/06/04/maya-angelou-1928-2014-in-memoriam/>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


INSONE


Há certas noites em que
o sono se faz de pudico,
distante e desdenhoso.
E todos os ardis
de que tenho me valido
para ganhar os seus favores
são inúteis como orgulho ferido,
e muito mais dolorosos.

Tradução de Adriano Scandolara. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/06/04/maya-angelou-1928-2014-in-memoriam/>. Acesso em: 13. Abr. 2016.


INSOMNIAC

There are some nights when
sleep plays coy,
aloof and disdainful.
And all the wiles
that I employ to win
its service to my side
are useless as wounded pride,
and much more painful.


INSOMNIAC. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/06/04/maya-angelou-1928-2014-in-memoriam/>. Acesso em: 13. Abr. 2016. 

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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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