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Perdas e outros poemas de Randall Jarrell


PERDAS


Não estava morrendo: todo mundo morria.

Não estava morrendo: tínhamos morrido antes

Dos habituais desastres – e nossos campos

Ligavam para os jornais, escreviam para nossa gente em casa,

E as taxas subiam, todas por nossa causa.

Morríamos nas páginas erradas do almanaque,

Espalhados nas montanhas, a cinquenta milhas de distância;

Mergulhados nas medas de feno, lutando com um amigo,

Brilhávamos nas fronteiras que nunca víamos.

Morríamos como tias velhas, bichos de estimação ou como forasteiros.

(Quando terminamos o colegial nada mais tinha morrido

Para nós que nos fizesse imaginar que morríamos igualmente),


Nos nossos novos aviões, com nossas novas guarnições, bombardeamos

As extensões pelo deserto ou pelo litoral,

Disparamos nos alvos rebocados, esperamos nossos pontos –

E, operacionais, transformados em substituições, acordamos,

Uma manhã sobre a Inglaterra.


Não era diferente: mas se morríamos

Não era um acidente, mas era um erro

(Mas um simples erro que qualquer um cometeria).

Líamos nossa correspondência e confiávamos em nossas missões –

Em bombardeiro com nomes de garotas, queimávamos

As cidades, as quais estudamos na escola –

Até que nossas vidas consumiam-se; nossos corpos jazia entre

As pessoas que tínhamos matado sem nunca ter visto.

Quando resistíamos o bastante, davam-nos medalhas;

Quando morríamos, diziam: “nossas baixas foram mínimas”.

Eles diziam: “Eis os mapas”; queimamos as cidades.


Não estava morrendo – não, nunca morrendo;

Mas na noite que morri, eu sonhei que estava morto,

E as cidades me perguntaram: “Por que estás morrendo?

Ficaríamos satisfeitos se você morresse; mas por que eu morri?”


Traduzido por Dalcin Lima aos 18 de junho de 2015.


LOSSES


It was not dying: everybody died.

It was not dying: we had died before

In the routine crashes-- and our fields

Called up the papers, wrote home to our folks,

And the rates rose, all because of us.

We died on the wrong page of the almanac,

Scattered on mountains fifty miles away;

Diving on haystacks, fighting with a friend,

We blazed up on the lines we never saw.

We died like aunts or pets or foreigners.

(When we left high school nothing else had died

For us to figure we had died like.)


In our new planes, with our new crews, we bombed

The ranges by the desert or the shore,

Fired at towed targets, waited for our scores--

And turned into replacements and woke up

One morning, over England, operational.


It wasn't different: but if we died

It was not an accident but a mistake

(But an easy one for anyone to make.)

We read our mail and counted up our missions--

In bombers named for girls, we burned

The cities we had learned about in school--

Till our lives wore out; our bodies lay among

The people we had killed and never seen.

When we lasted long enough they gave us medals;

When we died they said, 'Our casualties were low.'

They said, 'Here are the maps'; we burned the cities.


It was not dying --no, not ever dying;

But the night I died I dreamed that I was dead,

And the cities said to me: 'Why are you dying?

We are satisfied, if you are; but why did I die?'


LOSSES. In: Poem Hunter. Disponível em:. Acesso em: 18. Jun. 2015.
A MORTE DO ARTILHEIRO DO BALL TURRET


Do nosso de minha mãe, cai no Estado

E me encurvei no seu ventre até que minha pele molhada congelou.

Seis milhas do chão, solto do seu sonho de vida,

Acordei para o negro fogo antiaéreo e o pesadelo dos caças.

Quando morri, tiraram-me da cabine com um cabo.


Traduzido por Dalcin Lima aos 18 de junho de 2015.


THE DEATH OF THE BALL TURRET GUNNER

From my mother’s sleep I fell into the State,

And I hunched in its belly till my wet fur froze.

Six miles from earth, loosed from its dream of life,

I woke to black flak and the nightmare fighters.

When I died they washed me out of the turret with a hose.


THE DEATH OF THE BALL TURRET GUNNER. In: Poets.org. Disponível em:< http://www.poets.org/poetsorg/poem/death-ball-turret-gunner>. Acesso: 18. Jun. 2015.


ARTILHEIRO


Será que me enviaram para longe da minha mulher e do meu gato

A um médico que me auscultasse e contasse os meus dentes,

Para a linha da frente, para a fornalha duma tenda?

Será que eu assenti aos aviões das escolas?

E os combatentes enrolaram-se nos projécteis como coelhos,

O sangue coalhou sobre os meus estilhaços como uma crosta –

Será que eu ressonei, tudo pálido e quieto na torre,

Enquanto as palmas se levantaram do mar com a minha morte?

E aqui termina o mundo, na areia de uma sepultura,

Por cima de todas as minhas guerras? Foi tão fácil morrer!

Terá a minha mulher uma pensão de muitos ratos?

Terão enviado as medalhas ao meu gato?


Tradução de HMBF. In: Insónia. Disponível em:< http://antologiadoesquecimento.blogspot.com.br/2005/07/artilheiro.html>. Acesso em: 18. Jun. 2015.

GUNNER


Did they send me away from my cat and my wife

To a doctor who poked me and counted my teeth,

To a line on a plain, to a stove in a tent?

Did I nod in the flies of the schools?

And the fighters rolled into the tracer like rabbits,

The blood froze over my splints like a scab --

Did I snore, all still and grey in the turret,

Till the palms rose out of the sea with my death?

And the world ends here, in the sand of a grave,

All my wars over? How easy it was to die!

Has my wife a pension of so many mice?

Did the medals go home to my cat?


GUNNER. In: Poem Hunter. Disponível em: . Acesso em: 18. Jun. 2015.

O CISNE NEGRO

Quando os cisnes transformaram minha irmã num cisne

Da ordenha, fui à noite, ao lago:

O sol parecia através das canas como um cisne;

Um bico vermelho de cisne; e o bico se abria

E lá dentro havia escuridão, as estrelas e a lua.


Fora do lago, uma garota ria.

“Irmã, eis teu mingau, irmã”,

Chamei e os caniços sussurraram

“Vá dormir, vá dormir, pequeno cisne”.

Minhas pernas estavam todas duras e embaraçavam-se, e os pelos

Sedosos de minhas asas fundavam como estrelas distantes

Nos murmúrios que sopravam de dentro e de fora dos caniços

Escutei através do sussurro e do assobio da água,

Alguns “Irmã... irmã” bem longe da praia

E então abri meu bico para responder.


Ouvi meu riso áspero indo até à praia

E vi – vi por último, nadando acima do verde profundo

Da barragem do lago, os pétreos cisnes brancos,

O branco chamado cisnes... “Tudo é um sonho”,

Suspirei e me estendi debaixo do catre


Até o ondear e o silvo do piso.

E “Durma, irmãzinha”, cantaram todos os cisnes

Desde a lua e das estrelas e dos sapos do solo.

Mas o cisne de minha irmã falou: “Dorme, por fim, irmãzinha”.

E golpeie toda a noite com a asa negra de minhas asas.


Traduzido por Dalcin Lima aos 20 de junho de 2015.


THE BLACK SWAN


When the swans turned my sister into a swan

I would go to the lake, at night, from milking:

The sun would look out through the reeds like a swan,

A swan's red beak; and the beak would open

And inside there was darkness, the stars and the moon.


Out on the lake, a girl would laugh.

"Sister, here is your porridge, sister,"

I would call; and the reeds would whisper,

"Go to sleep, go to sleep, little swan."

My legs were all hard and webbed, and the silky


Hairs of my wings sank away like stars

In the ripples that ran in and out of the reeds:

I heard through the lap and hiss of water

Someone's "Sister . . . sister," far away on the shore,

And then as I opened my beak to answer


I heard my harsh laugh go out to the shore

And saw - saw at last, swimming up from the green

Low mounds of the lake, the white stone swans:

The white, named swans . . . "It is all a dream,"

I whispered, and reached from the down of the pallet


To the lap and hiss of the floor.

And "Sleep, little sister," the swan all sang

From the moon and stars and frogs of the floor.

But the swan my sister called, "Sleep at last, little sister,"

And stroked all night, with a black wing, my wings.


THE BLACK SWAN. In: Poem Hunter. Disponível em: < http://www.poemhunter.com/poem/the-black-swan>. Acesso em: 20. Jun. 2015.

REFUGIADOS


No trem gasto não há assento livre.

O menino dentro da máscara rasgada

Esparramado imperturbável no deserto

Do destroçado compartimento. A calma deles é extravagante?

Eles têm rostos e vidas como tu. O que eles possuíam

Para que tivessem vontade de unir-se para isso?

O sangue seco faísca ao largo da máscara

Da criança que ontem possuía

Um país mais acolhedor do que este.

Não teve? A noite toda, no deserto

O trem se move silenciosamente. Os rostos estão vazios.

Algum deles achou o preço excessivo?

Como eles puderam? Eles deram o que possuíam.

Aqui todas as carteiras estão vazias.

E quem mais poderia satisfazer as lágrimas

Exageradas e, ademais, os desejos de menino?

Obrigar a anulação de sua terrível máscara

Nos dias e rostos e nas vidas que eles gastam?

Que outras coisas em suas vidas, exceto uma viagem a sua satisfação

Vazia da morte? E a máscara

Que eles usam hoje à noite através de seu vazio

É uma repetição da morte. É realmente exagerado

Ler em seus rostos: O que eles possuíam

Para que não fossem involuntariamente o intercâmbio disso?


Traduzido por Dalcin Lima aos 20 de junho de 2015.


THE REFUGEES


In the shabby train no seat is vacant.

The child in the ripped mask

Sprawls undisturbed in the waste

Of the smashed compartment. Is their calm extravagant?

They had faces and lives like you. What was it they possessed

That they were willing to trade for this?

The dried blood sparkles along the mask

Of the child who yesterday possessed

A country welcomer than this.

Did he? All night into the waste

The train moves silently. The faces are vacant.

Have none of them found the cost extravagant?

How could they? They gave what they possessed.

Here all the purses are vacant.

And what else could satisfy the extravagant

Tears and wish of the child but this?

Impose its canceling terrible mask

On the days and faces and lives they waste?

What else are their lives but a journey to the vacant

Satisfaction of death? And the mask

They wear tonight through their waste

Is death's rehearsal. Is it really extravagant

To read in their faces: What is there we possessed

That we were unwilling to trade for this?


THE REFUGEES. In: All Poetry. Disponível em: . Acesso em: 20. Jun. 2015.

CHAMADA DO CORREIO


As cartas sempre escapam das mãos.

Uma patina como uma pedra num desfiladeiro, cai como um pássaro.

Seguramente o passado do qual as cartas surgem

Está esperando o futuro, depois das tumbas?

Todos os soldados são assombrados por fantasmas de suas vidas.

Suas pretensões em gênero são pagas em papel

Que fixam uma presença, como um cheiro.

Em cartas e em sonhos, eles veem o mundo.

Esperam: e os anos fazem contato

Com uma mão vazia, um som impronunciado ─

O soldado simplesmente anseia por seu nome.


Traduzido por Dalcin Lima aos 20 de junho de 2015.

MAIL CALL


The letters always just evade the hand

One skates like a stone into a beam, falls like a bird.

Surely the past from which the letters rise

Is waiting in the future, past the graves?

The soldiers are all haunted by their lives.

Suas pretensões em gênero são pagas em papel

That established a presence, like a smell.

In letters and in dreams they see the world.

They are waiting: and the years contract

To an empty hand, to one unuttered sound ─

The soldier simply wishes for his name.


MAIL CALL. In: All Poetry. Disponível em: . Acesso em: 20. Jun. 2015.


O ROSTO


Die alte Frau, die Alte Marschallin!


Não é bom não mais, não é belo ─

Nem mesmo jovem.

Este não é meu.

Onde está o velho, os velhos?

Aqueles eram meus.


É assim: eu tenho fotos,

Não aquelas velhas fotos; as pessoas se comportam

Diferentemente então... Quando elas me encontram elas dizem:

Você mudou.

Eu quero dizer: você não reparou.


Isto é o que acontece com todo mundo.

A princípio você fica maior, você sabe mais,

Então algo dá errado.

Você é e você diz: eu sou.

E você foi... Eu tenho sido por demasiado tempo.


Eu sei, não se pode saber não,

Mas apenas o mesmo você diz. Não.

Aponto para mim mesmo and digo: não sou assim.

Sou o mesmo como sempre por dentro

─ E mesmo que não seja assim.


Eu pensava: se nada acontecer...

E nada acontecia.

Eis-me aqui

Embora não tão certo.

Se apenas viver pode levar a isso,

Viver é mais perigoso do que qualquer outra coisa.


É terrível estar vivo.


Traduzido por Dalcin Lima aos 20 de junho de 2015.


THE FACE


Die alte Frau, die Alte Marschallin!


Not good any more, no beautiful ─

Not even young.

This isn’t mine.


Where is the old one, the old ones?

Those were mine.


It’s so: I have pictures,

Not such old ones; people behaved

Differently then... When they meet me they say:

You haven’t changed.

I want to say: you haven’t looked.


This is what happens to everyone.

At fisrt you get bigger, you know more,

Then something goe wrong.

You are, and you say: I am.

Andy ou were... I’ve been too long.


I know, there’s no saying no,

But just the same you say it. No.

I’ll point to myself and say: I’m not like this.

I’m the same as always inside

─ And even that’s not so.

I thought: if nothing happens...

And nothing happened.

Here I am.

But it’s not right.

If just living can do this,

Living is more dangerous than anything:

It is terrible to be alive.


THE FACE. In: Poetry Foundation. Disponível em:. Acesso em: 20. Jun. 2015.


NAQUELES DIAS

Naqueles dias – há muito tempo atrás –

A neve era gelada, a noite era negra.

Eu lambia com meus lábios rachados

Um floco de neve à medida que que eu olhava para trás


Pelos galhos, a incômoda última nevasca.

Tua expressão, sob a luz, era calma.

Por um pouco, a luz apagou-se.

Sai, tropeçando – até mais ou menos a colina


Que escondia a casa. E, bocejando,

Na cama no meu quarto, sozinho,

Eu olhava para fora: cima do topo dos telhados

Forrados, as claras estrelas luziam.


Que pobres e miseráveis éramos nós,

Tão raramente juntos!

E, todavia, depois de tanto tempo pensamos:

Naqueles tudo era melhor.


Traduzido por Dalcin Lima aos 20 de junho de 2015.
IN THOSE DAYS


In those days–they were long ago–

The snow was cold, the night was black.

I licked from my cracked lips

A snowflake, as I looked back


Through branches, the last uneasy snow.

Your shadow, there in the light, was still.

In a little the light went out.

I went on, stumbling–till at last the hill


Hid the house. And, yawning,

In bed in my room, alone,

I would look out: over the quilted

Rooftops, the clear stars shone.


How poor and miserable we were,

How seldom together!

And yet after so long one thinks:

In those days everything was better.


IN THOSE DAYS. In: Tumblr. Disponível em: . Acesso em: 20.Jun. 2015. 
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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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