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O AMOR NÃO É TUDO: DEZ POEMAS DE EDNA ST. VINCENT MILLAY


QUE LÁBIOS JÁ BEIJEI, ESQUECI QUANDO

Que lábios já beijei, esqueci quando
e porquê, e que braços sob a minha
cabeça até ser dia; a chuva alinha
os fantasmas que rufam, suspirando,
no espelho, respostas esperando,
e no meu peito uma dor calma aninha
rapazes que não lembro e a mim sozinha
à meia-noite já não vêm chorando.
No inverno a solitária árvore assim
nem sabe que aves foram uma a uma,
sabe os ramos mais mudos: nem sei quais
amores vindos, idos, eu resuma,
só sei que o verão cantou em mim
breve momento e em mim não canta mais.

Tradução de Vasco Graça Moura. In: Insónia. Disponível em:< http://antologiadoesquecimento.blogspot.com.br/2006/04/que-lbios-j-beijei-esqueci-quando.html >. Acesso em: 25. Jul. 2016.


WHAT LIPS MY LIPS HAVE KISSED, AND WHERE, AND WHY

What lips my lips have kissed, and where, and why,
I have forgotten, and what arms have lain
Under my head till morning; but the rain
Is full of ghosts tonight, that tap and sigh
Upon the glass and listen for reply,
And in my heart there stirs a quiet pain
For unremembered lads that not again
Will turn to me at midnight with a cry.

Thus in the winter stands the lonely tree,
Nor knows what birds have vanished one by one,
Yet knows its boughs more silent than before:
I cannot say what loves have come and gone,
I only know that summer sang in me
A little while, that in me sings no more.

WHAT LIPS MY LIPS HAVE KISSED, AND WHERE, AND WHY. In: Poetry Foundation. Disponível em:< https://www.poetryfoundation.org/poems-and-poets/poems/detail/46557>. Acesso em: 25. Jul. 2016.

O AMOR NÃO É TUDO

O amor não é tudo: nem carne nem
bebida, nem é sono, lar da gente,
nem a tábua lançada para quem
se afunda e volta e afunda novamente.

O amor não pode encher o pulmão forte,
pôr osso no lugar, tratar humores,
embora tantos dêem a mão à morte
(enquanto o digo) só por desamores.

Bem pode ser, na hora mais doída,
ou da minha franqueza arrependida,
buscando alívio à dor, seja capaz

de vender teu amor por minha paz
ou trocar-te a lembrança pelo pão.
Bem pode ser que o faça. Acho que não.

Tradução de Paulo Mendes Campos. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet290.htm>. Acesso em: 25. Jul. 2016.

LOVE IS NOT ALL

Love is not all: it is not meat nor drink
Nor slumber nor a roof against the rain;
Nor yet a floating spar to men that sink
And rise and sink and rise and sink again;
Love can not fill the thickened lung with breath,
Nor clean the blood, nor set the fractured bone;
Yet many a man is making friends with death
Even as I speak, for lack of love alone.
It well may be that in a difficult hour,
Pinned down by pain and moaning for release,
Or nagged by want past resolution's power,
I might be driven to sell your love for peace,
Or trade the memory of this night for food.
It well may be. I do not think I would.

LOVE IS NOT ALL. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet290.htm>. Acesso em: 25. Jul. 2016.


CANTO FÚNEBRE SEM MÚSICA

Não me conformo em ver baixarem à terra dura os corações amorosos,
É assim, assim há de ser, pois assim tem sido desde tempos imemoriais:
Partem para a treva os sábios e os encantadores. Coroados
de louros e de lírios, partem; porém não me conformo com isso.

Amantes, pensadores, misturados com a terra!
Unificados com a triste, indistinta poeira.
Um fragmento do que sentíeis, do que sabíeis,
uma fórmula, uma frase resta — porém o melhor se perdeu.

As réplicas vivas, rápidas, o olhar sincero, o riso, o amor
foram-se embora. Foram-se para alimento das rosas. Elegante, ondulosa
é a flor. Perfumada é a flor. Eu sei. Porém não estou de acordo.
Mais preciosa era a luz em vossos olhos do que todas as rosas do mundo.

Vão baixando, baixando, baixando à escuridão do túmulo
suavemente, os belos, os carinhosos, os bons.
Tranquilamente baixam os espirituosos, os engraçados, os valorosos.
Eu sei. Porém não estou de acordo. E não me conformo.

Tradução de Carlos Drummond de Andrade. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet290.htm>. Acesso em: 25. Jul. 2016.


DIRGE WITHOUT MUSIC

I am not resigned to the shutting away of loving hearts in the hard ground.
So it is, and so it will be, for so it has been, time out of mind:
Into the darkness they go, the wise and the lovely. Crowned
With lilies and with laurel they go; but I am not resigned.

Lovers and thinkers, into the earth with you.
Be one with the dull, the indiscriminate dust.
A fragment of what you felt, of what you knew,
A formula, a phrase remains, — but the best is lost.

The answers quick and keen, the honest look, the laughter, the love,
They are gone. They are gone to feed the roses. Elegant and curled
Is the blossom. Fragrant is the blossom. I know. But I do not approve.
More precious was the light in your eyes than all the roses in the world.

Down, down, down into the darkness of the grave
Gently they go, the beautiful, the tender, the kind;
Quietly they go, the intelligent, the witty, the brave.
I know. But I do not approve. And I am not resigned.

DIRGE WITHOUT MUSIC. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet290.htm>. Acesso em: 25. Jul. 2016.

UM GESTO ANTIGO

Pensei, enquanto secava os olhos na ponta do avental:
Penélope também fez isto.
E mais de uma vez: não podes seguir tecendo o dia inteiro
e desfazendo tudo durante a noite.
Os braços se cansam, e a nuca se enrijece.
E a manhã se aproxima, quando pensas que nunca haverá luz,
e teu marido partiu, faz anos, não sabes para onde.
De repente, explodes em lágrimas;
não há outra coisa a fazer.

E pensei, enquanto secava os olhos na ponta do avental:
este é um gesto remoto, autêntico, antigo,
na melhor tradição clássica, grega.
Ulisses também fez isto.
Mas apenas como um gesto — um gesto que indicava
à plateia que ele estava muito comovido para falar.
Aprendeu com Penélope...
Penélope, que realmente chorava.

Tradução de Carlos Machado. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet290.htm>. Acesso em: 25. Jul. 2016.


AN ANCIENT GESTURE

I thought, as I wiped my eyes on the corner of my apron:
Penelope did this too.
And more than once: you can’t keep weaving all day
And undoing it all through the night;
Your arms get tired, and the back of your neck gets tight;
And along towards morning, when you think it will never be light,
And your husband has been gone, and you don't know where, for years.
Suddenly you burst into tears;
There is simply nothing else to do.

And I thought, as I wiped my eyes on the corner of my apron:
This is an ancient gesture, authentic, antique,
In the very best tradition, classic, Greek;
Ulysses did this too.
But only as a gesture, — a gesture which implied
To the assembled throng that he was much too moved to speak.
He learned it from Penelope...
Penelope, who really cried.

AN ANCIENT GESTURE. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet290.htm>. Acesso em: 25. Jul. 2016.

PRIMEIRO FIGO

Minha vela queima nos dois lados
e não vai durar a noite inteira.
Mas ah, meus amigos, oh meus inimigos —
que luz adorável ela dá!

Tradução de Carlos Machado. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet290.htm>. Acesso em: 25. Jul. 2016.

FIRST FIG

My candle burns at both ends;
It will not last the night;
But ah, my foes, and oh, my friends —
It gives a lovely light!

FIRST FIG. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet290.htm>. Acesso em: 25. Jul. 2016.

OBJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA 


Eu morrerei, mas
isso é tudo que farei pela Morte.
Eu a ouço tirando o cavalo da baia;
escuto as pisadas no chão do celeiro.
Ela tem pressa; tem negócios em Cuba,
negócios nos Bálcãs, muitos chamados a fazer nesta manhã.
Mas eu não vou segurar a rédea
enquanto ela ajusta as correias.
Ela que monte sozinha:
não lhe darei apoio na subida.

Embora ela fustigue meus ombros com o chicote,
não vou dizer para onde a raposa fugiu.
Com seu casco em meu peito, não vou contar onde
o garoto negro está escondido no pântano.
Eu morrerei, mas isso é tudo que farei pela Morte.
Não estou em sua folha de pagamentos.

Não contarei a ela o paradeiro de meus amigos,
nem o de meus inimigos.
Ainda que me prometa muito,
não darei o endereço de ninguém.
Acaso sou um espião na terra dos vivos
para entregar pessoas à Morte?
Irmão, a senha e os planos de nossa cidade
estão seguros comigo. Jamais, por minha culpa, você será derrotado.

Tradução de Carlos Machado. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet290.htm>. Acesso em: 25. Jul. 2016.


CONSCIENTIOUS OBJECTOR 

I shall die, but
that is all that I shall do for Death.
I hear him leading his horse out of the stall;
I hear the clatter on the barn-floor.
He is in haste; he has business in Cuba,
business in the Balkans, many calls to make this morning.
But I will not hold the bridle
while he clinches the girth.
And he may mount by himself:
I will not give him a leg up.

Though he flick my shoulders with his whip,
I will not tell him which way the fox ran.
With his hoof on my breast, I will not tell him where
the black boy hides in the swamp.
I shall die, but that is all that I shall do for Death;
I am not on his pay-roll.

I will not tell him the whereabout of my friends
nor of my enemies either.
Though he promise me much,
I will not map him the route to any man's door.
Am I a spy in the land of the living,
that I should deliver men to Death?
Brother, the password and the plans of our city
are safe with me; never through me shall you be overcome.

CONSCIENTIOUS OBJECTOR. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet290.htm>. Acesso em: 25. Jul. 2016.

ORAÇÃO A PERSÉFONE 

Seja para ela, Perséfone,
Tudo que eu não deveria ser
Coloque-a sobre o seu colo
Ela que era tão orgulhosa e rebelde,
Irreverente, arrogante e independente,
Ela que não precisava de mim,
É uma criança solitária
Perdida no inferno, - Perséfone,
Coloque-a sobre seu colo;
E diga a ela, “Minha querida, minha querida,
Aqui não é tão terrível.”

Tradução de Vanessa Regina. In: Chá com Proust. Disponível em:< http://chacomprousteafins.blogspot.com.br/2014/07/cha-com-poesia-edna-st-vincent-millay.html>. Acesso em: 25. Jul. 2016.


PRAYER TO PERSEPHONE 


Be to her, Persephone,
All the things I might not be:
Take her head upon your knee.
She that was so proud and wild,
Flippant, arrogant and free,
She that had no need of me,
Is a little lonely child
Lost in Hell,—Persephone,
Take her head upon your knee:
Say to her, "My dear, my dear,
It is not so dreadful here."

PRAYER TO PERSEPHONE. In: All Poetry. Disponível em:< https://allpoetry.com/Prayer-To-Persephone>. Acesso em: 25. Jul. 2016.


LAMENTO 

Ouçam, crianças:
Seu pai está morto.
De seus casacos antigos
Eu farei jaquetinhas para vocês;
E de suas calças velhas
Farei pequenos blusões.
Haverá nos bolsos
Coisas que ele costumava colocar lá,
Chaves e moedas
Cobertos por tabaco;
Dan terá as moedas
Para guardar em seu banco;
Anne terá as chaves
Para fazer um lindo barulho com elas.
A vida continua,
E o morto é esquecido;
A vida continua,
Embora os bons homens morram;
Anne, tome seu café da manhã;
Dan, tome seu remédio;
A vida continua;
E eu esqueço a razão.

Tradução de Vanessa Regina. In: Chá com Proust. Disponível em:< http://chacomprousteafins.blogspot.com.br/2014/07/cha-com-poesia-edna-st-vincent-millay.html>. Acesso em: 25. Jul. 2016.

LAMENT

Listen, children:
Your father is dead.
From his old coats
I'll make you little jackets;
I'll make you little trousers
From his old pants.
There'll be in his pockets
Things he used to put there,
Keys and pennies
Covered with tobacco;
Dan shall have the pennies
To save in his bank;
Anne shall have the keys
To make a pretty noise with.
Life must go on,
And the dead be forgotten;
Life must go on,
Though good men die;
Anne, eat your breakfast;
Dan, take your medicine;
Life must go on;
I forget just why.

LAMENT. In: Poetry Foundation. Disponível em:< https://www.poetryfoundation.org/poems-and-poets/poems/detail/44724>. Acesso em: 25. Jul. 2016.


PRIMAVERA

Por que propósito, Abril, vir de novo?
A Beleza não basta.
Você já não me acalma com a vermelhidão
De folhinhas abrindo, aderidas.
Eu sei o que sei.
O sol queima minha nuca enquanto observo
Os espinhos do açafrão.
O cheiro da terra é bom.
Parece que a morte inexiste.
Mas o que isto quer dizer?
Não só jazem os cérebros de homens
Roídos por vermes.
A própria vida
É nada,
Uma taça vazia, um voo de estrelas atapetadas.
Não basta que anualmente, colina abaixo,
Abril
Venha como um idiota, balbuciando e esparzindo flores.

Tradução de Matheus Mavericco. In: Quanto ganha por ano em dólares Pedro Velásquez, em Havana. Disponível em:< http://matheusmavericco.blogspot.com.br/2014/02/08-sonetos-de-edna-st-vincent-millay.html>. Acesso em: 25. Jul. 2016.


SPRING

To what purpose, April, do you return again?
Beauty is not enough.
You can no longer quiet me with the redness
Of little leaves opening stickily.
I know what I know.
The sun is hot on my neck as I observe
The spikes of the crocus.
The smell of the earth is good.
It is apparent that there is no death.
But what does that signify?
Not only under ground are the brains of men
Eaten by maggots.
Life in itself
Is nothing,
An empty cup, a flight of uncarpeted stairs.
It is not enough that yearly, down this hill,
April
Comes like an idiot, babbling and strewing flowers.

SPRING. In: Quanto ganha por ano em dólares Pedro Velásquez, em Havana. Disponível em:< http://matheusmavericco.blogspot.com.br/2014/02/08-sonetos-de-edna-st-vincent-millay.html>. Acesso em: 25. Jul. 2016.


QUANDO OUÇO UMA SINFONIA DE BEETHOVEN

Oh, melodiosos sons, divina música, eterna sempre!
O mundo outra vez não me recuses.
Só contigo existem a paz e a beleza,
A humanidade plausível, seu intento explícito.
Fascinada com seu ar generoso e penetrante,
Com seus desajeitados membros e rostos pálidos e vazios,
Os rancorosos, os mesquinhos e os grosseiros
Dormem qual lavadores de prato dos contos de fadas.
O melhor que o mundo oferecer pode é este instante:
Do caule torturado o desabrochar tranquilo.
Melodiosos sons, não me rejeites, vida quero.
Até que a Parca minhas torres aviste e as espalhe,
Sob o sol envelhecendo uma cidade encantada,
Música, muralha minha, sem igual.

Tradução de Cunha e Silva Filho. In: Entre textos. Disponível em:< http://www.portalentretextos.com.br/colunas/letra-viva-cunha-e-silva-filho/um-poema-de-edna-st-vincent-millay-1892-1950,212,6827.html>. Acesso em: 25. Jul. 2016.


ON HEARING A SYMPHONY BY BEETHOVEN

Sweet sounds, oh, beautiful music, do not cease!
Reject me not into the world again.
With you alone is excellence and peace,
Mankind made plausible, his purpose plain.
Enchanted in your air benign and shrewd,
With limbs a-sprawl and empty faces pale,
The spiteful and the stingy and the rude
Sleep like the scullions in the fairy-tale.
This moment is the best the world can give:
The tranquil blossom on the tortured stem.
Reject me not, sweet sounds; oh, let me live,
Till Doom espy my towers and scatter them,
A city spell-bound under the aging sun.
Music my rampart, and my only one.

ON HEARING A SYMPHONY BY BEETHOVEN. In: The Poetry Place. Disponível em:< https://thepoetryplace.wordpress.com/tag/on-hearing-a-symphony-by-beethoven/>. Acesso em: 25. Jul. 2016.

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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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