O JARDIM
Não posso fazê-lo de novo,
dificilmente suportaria encará-lo;
no jardim, sob a chuva fina
o jovem casal planta
uma fileira de ervilhas, como se
ninguém nunca tivesse feito aquilo antes:
os grandes problemas todavia
não foram encarados nem resolvidos.
Eles não podem se ver,
na poeira fresca, começando
sem nenhuma perspectivas,
com colinas por trás delas verdes pálidas,
nubladas de flores.
Ela deseja deter-se;
ele deseja chegar até o fim,
permanecer nas coisas.
Olhe para ela, tocando-lhe as bochechas,
dar-lhe uma trégua, os dedos
frescos pela chuva de primavera;
na grama fina, estoura o púrpura açafrão.
Ainda aqui, ainda que no princípio do amor,
sua mão ao abandonar o rosto dele deixa
um vestígio de despedida,
e eles acham
que são capazes de ignorar
esta tristeza.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Pablo Fidalgo Lareo. In: Blog del Amasijo. Disponível em:< http://blogdelamasijo.blogspot.com.br/2013/01/louise-elisabeth-gluck-mas-poemas.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
THE GARDEN
I couldn’t do it again,
I can hardly bear to look at it—
in the garden, in light rain
the young couple planting
a row of peas, as though
no one has ever done this before,
the great difficulties have never as yet
been faced and solved—
They cannot see themselves,
in fresh dirt, starting up
without perspective,
the hills behind them pale green,
clouded with flowers—
She wants to stop;
he wants to get to the end,
to stay with the thing—
Look at her, touching his cheek
to make a truce, her fingers
cool with spring rain;
in thin grass, bursts of purple crocus—
even here, even at the beginning of love,
her hand leaving his face makes
an image of departure
and they think
they are free to overlook
this sadness.
THE GARDEN. In: Read A Little Poetry. Disponível em:< https://readalittlepoetry.wordpress.com/2011/02/11/the-garden-by-louise-gluck/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
POEMA
No anoitecer, agora mesmo, um homem
se inclina sobre sua mesa de trabalho.
Levanta levemente a cabeça; aparece
uma mulher trazendo rosas.
Seu rosto flutua na superfície do espelho,
marcado por uma coroa de ramos de rosas.
É uma forma
de sofrimento: logo uma página transparente
levantada da janela até que de suas veias emergem
como palavras finalmente traçadas com tinta.
Trato de entender
o que as liga uma às outras
ou a casa verde mantida firme no local pelo crepúsculo
porque eu devo entrar em suas vidas:
é primavera, a pereira
se cobre de brancas flores frágeis.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de U. González de León. In Blog del Amasijo. Disponível em:< http://blogdelamasijo.blogspot.com.br/2013/01/louise-elisabeth-gluck-mas-poemas.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
POEM
In the early evening, a now, as man is bending
over his writing table.
Slowly he lifts his head; a woman
appears, carrying roses.
Her face floats to the surface of the mirror,
marked with the green spokes of rose stems.
It is a form
of suffering: then always the transparent page
raised to the window until its veins emerge
as words finally filled with ink.
And I am meant to understand
what binds them together
or to the gray house held firmly in place by dusk
because I must enter their lives:
it is spring, the pear tree
filming with weak, white blossoms.
POEM. In: Poem Hunter. Disponível em:< http://www.poemhunter.com/poem/poem-5/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
O ESPELHO
Olhando-te no espelho eu pergunto
como é sentir-se tão belo
e porque em vez de amar-te a ti mesmo
te cortas, barbeando-te
como um cego. Creio que me deixas observar
de modo que possas voltar-te contra ti mesmo
com maior violência,
precisando mostrar-me como arranhar a carne
desdenhosamente e sem hesitação,
até que te vejo corretamente,
como um homem sangrando, não
o reflexo que eu desejo.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de R. Vargas. In: Blog del Amasijo. Disponível em:< http://blogdelamasijo.blogspot.com.br/2013/01/louise-elisabeth-gluck-mas-poemas.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
THE MIRROR
Watching you in the mirror I wonder
what it is like to be so beautiful
and why you do not love
but cut yourself, shaving
like a bind man. I think you let me stare
so you can turn against yourself
with greater violence,
needing to show me how you scrape the flesh away
scornfully and without hesitation
until I see you correctly,
as a man bleeding, not
the reflection I desire.
THE MIRROR. In: documents.mx. Disponível em:< http://documents.mx/documents/louise-glueck-the-mirror.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
CONFISSÃO
Dizer eu não tenho medo –
Não seria certo.
Tenho medo da enfermidade, da humilhação.
Como todos, tenho meus sonhos,
Mas aprendi as escondê-los
Para proteger-me
De toda a consumação: toda felicidade
Atrai a ira das Parcas.
São irmãs, selvagens –
No final, não tem
Outra emoção apenas inveja.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Sandra Toro. In: El placard. Disponível em:< http://el-placard.blogspot.com.br/2010/11/poemas-de-louise-gluck.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
CONFESSION
To say I’m without fear–
It wouldn’t be true.
I’m afraid of sickness, humiliation.
Like anyone, I have my dreams.
But I’ve learned to hide them,
To protect myself
From fulfillment: all happiness
Attracts the Fates’ anger.
They are sisters, savages–
In the end they have
No emotion but envy.
CONFESSION. In: Poem Hunter. Disponível em:< http://www.poemhunter.com/poem/confession-2/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
PARUSIA
Amor de minha vida, estás
perdido e eu sou
jovem outra vez.
Passaram uns anos.
O ar se enche
de uma música de garotas;
no pátio de frente
a macieira está
enfeitada de flores.
Tento ganhar-te de volta,
eis o propósito
da escrita.
Mas te foste para sempre,
como nos romances russos, dizendo
umas poucas palavras que não me recordo.
Que viçoso o mundo é,
tão cheio de coisas que não me pertencem –
Observo as flores se despedaçarem,
não mais rosadas
mas velhas, velhas, de um branco amarelado –
as pétalas parecem
flutuar sobre a grama brilhante,
esvoaçando levemente.
Que nada foste,
para mudar assim tão rápido
numa imagem, num cheiro —
estás em toda parte, fonte
de sabedoria e angústia.
um vestígio de despedida,
e eles acham
que são capazes de ignorar
esta tristeza.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Pablo Fidalgo Lareo. In: Blog del Amasijo. Disponível em:< http://blogdelamasijo.blogspot.com.br/2013/01/louise-elisabeth-gluck-mas-poemas.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
THE GARDEN
I couldn’t do it again,
I can hardly bear to look at it—
in the garden, in light rain
the young couple planting
a row of peas, as though
no one has ever done this before,
the great difficulties have never as yet
been faced and solved—
They cannot see themselves,
in fresh dirt, starting up
without perspective,
the hills behind them pale green,
clouded with flowers—
She wants to stop;
he wants to get to the end,
to stay with the thing—
Look at her, touching his cheek
to make a truce, her fingers
cool with spring rain;
in thin grass, bursts of purple crocus—
even here, even at the beginning of love,
her hand leaving his face makes
an image of departure
and they think
they are free to overlook
this sadness.
THE GARDEN. In: Read A Little Poetry. Disponível em:< https://readalittlepoetry.wordpress.com/2011/02/11/the-garden-by-louise-gluck/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
POEMA
No anoitecer, agora mesmo, um homem
se inclina sobre sua mesa de trabalho.
Levanta levemente a cabeça; aparece
uma mulher trazendo rosas.
Seu rosto flutua na superfície do espelho,
marcado por uma coroa de ramos de rosas.
É uma forma
de sofrimento: logo uma página transparente
levantada da janela até que de suas veias emergem
como palavras finalmente traçadas com tinta.
Trato de entender
o que as liga uma às outras
ou a casa verde mantida firme no local pelo crepúsculo
porque eu devo entrar em suas vidas:
é primavera, a pereira
se cobre de brancas flores frágeis.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de U. González de León. In Blog del Amasijo. Disponível em:< http://blogdelamasijo.blogspot.com.br/2013/01/louise-elisabeth-gluck-mas-poemas.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
POEM
In the early evening, a now, as man is bending
over his writing table.
Slowly he lifts his head; a woman
appears, carrying roses.
Her face floats to the surface of the mirror,
marked with the green spokes of rose stems.
It is a form
of suffering: then always the transparent page
raised to the window until its veins emerge
as words finally filled with ink.
And I am meant to understand
what binds them together
or to the gray house held firmly in place by dusk
because I must enter their lives:
it is spring, the pear tree
filming with weak, white blossoms.
POEM. In: Poem Hunter. Disponível em:< http://www.poemhunter.com/poem/poem-5/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
O ESPELHO
Olhando-te no espelho eu pergunto
como é sentir-se tão belo
e porque em vez de amar-te a ti mesmo
te cortas, barbeando-te
como um cego. Creio que me deixas observar
de modo que possas voltar-te contra ti mesmo
com maior violência,
precisando mostrar-me como arranhar a carne
desdenhosamente e sem hesitação,
até que te vejo corretamente,
como um homem sangrando, não
o reflexo que eu desejo.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de R. Vargas. In: Blog del Amasijo. Disponível em:< http://blogdelamasijo.blogspot.com.br/2013/01/louise-elisabeth-gluck-mas-poemas.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
THE MIRROR
Watching you in the mirror I wonder
what it is like to be so beautiful
and why you do not love
but cut yourself, shaving
like a bind man. I think you let me stare
so you can turn against yourself
with greater violence,
needing to show me how you scrape the flesh away
scornfully and without hesitation
until I see you correctly,
as a man bleeding, not
the reflection I desire.
THE MIRROR. In: documents.mx. Disponível em:< http://documents.mx/documents/louise-glueck-the-mirror.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
CONFISSÃO
Dizer eu não tenho medo –
Não seria certo.
Tenho medo da enfermidade, da humilhação.
Como todos, tenho meus sonhos,
Mas aprendi as escondê-los
Para proteger-me
De toda a consumação: toda felicidade
Atrai a ira das Parcas.
São irmãs, selvagens –
No final, não tem
Outra emoção apenas inveja.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Sandra Toro. In: El placard. Disponível em:< http://el-placard.blogspot.com.br/2010/11/poemas-de-louise-gluck.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
CONFESSION
To say I’m without fear–
It wouldn’t be true.
I’m afraid of sickness, humiliation.
Like anyone, I have my dreams.
But I’ve learned to hide them,
To protect myself
From fulfillment: all happiness
Attracts the Fates’ anger.
They are sisters, savages–
In the end they have
No emotion but envy.
CONFESSION. In: Poem Hunter. Disponível em:< http://www.poemhunter.com/poem/confession-2/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
PARUSIA
Amor de minha vida, estás
perdido e eu sou
jovem outra vez.
Passaram uns anos.
O ar se enche
de uma música de garotas;
no pátio de frente
a macieira está
enfeitada de flores.
Tento ganhar-te de volta,
eis o propósito
da escrita.
Mas te foste para sempre,
como nos romances russos, dizendo
umas poucas palavras que não me recordo.
Que viçoso o mundo é,
tão cheio de coisas que não me pertencem –
Observo as flores se despedaçarem,
não mais rosadas
mas velhas, velhas, de um branco amarelado –
as pétalas parecem
flutuar sobre a grama brilhante,
esvoaçando levemente.
Que nada foste,
para mudar assim tão rápido
numa imagem, num cheiro —
estás em toda parte, fonte
de sabedoria e angústia.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Sandra Toro. In: El placard. Disponível em:< http://el-placard.blogspot.com.br/2010/11/poemas-de-louise-gluck.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
PAROUSIA
Love of my life, you
Are lost and I am
Young again.
A few years pass.
The air fills
With girlish music;
In the front yard
The apple tree is
Studded with blossoms.
I try to win you back,
That is the point
Of the writing.
But you are gone forever,
As in Russian novels, saying
A few words I don't remember-
How lush the world is,
How full of things that don't belong to me-
I watch the blossoms shatter,
No longer pink,
But old, old, a yellowish white-
The petals seem
To float on the bright grass,
Fluttering slightly.
What a nothing you were,
To be changed so quickly
Into an image, an odor-
You are everywhere, source
Of wisdom and anguish.
PAROUSIA. In: American Poems. Disponível em:< http://www.americanpoems.com/poets/Louise-Gluck/17083>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
A ÍRIS SELVAGEM
No final do meu sofrimento
havia uma porta.
Escute-me bem: o que chamas morte
eu me lembro.
Mais acima, ruídos, ramos de um pinheiro sibilante.
Então, nada. O sol fraco
tremulando sobre a superfície seca.
É terrível sobreviver
como consciência,
sepultada na terra escura.
Então tudo se acabou: aquilo que temias, sendo
uma alma e sem poder
falar, termina abruptamente, a terra rígida
se inclina um pouco. E o que achei que fosse
pássaros lançam-se como flechas em baixos arbustos.
Tu que não lembras
a passagem de outro mundo
eu te digo poderia repetir: o que quer que
retorne do esquecimento volta
para encontrar uma voz:
do centro de minha vida brotou
um vasto manancial, azul profundo
sombras num azul celeste das águas marinhas.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Eduardo Chirinos. In: a media voz Disponível em:< http://amediavoz.com/gluck.htm>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
THE WILD IRIS
At the end of my suffering
there was a door.
Hear me out: that which you call death
I remember.
Overhead, noises, branches of the pine shifting.
Then nothing. The weak sun
flickered over the dry surface.
It is terrible to survive
as consciousness
buried in the dark earth.
Then it was over: that which you fear, being
a soul and unable
to speak, ending abruptly, the stiff earth
bending a little. And what I took to be
birds darting in low shrubs.
You who do not remember
passage from the other world
I tell you I could speak again: whatever
returns from oblivion returns
to find a voice:
from the center of my life came
a great fountain, deep blue
shadows on azure seawater.
THE WILD IRIS. In: Jules Nyquist. Disponível em:< http://www.julesnyquist.com/articles/article/4391010/73199.htm>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
SANTAS
Em nossa família, havia duas santas,
minha tia e minha avó.
Mais suas vidas foram diferentes.
Minha avó era tranquila, mesmo no final de sua vida.
Ela era como uma pessoa andando em águas calmas;
por alguma razão
o mar não poderia causar-lhe dano.
Quando minha tia seguiu o mesmo caminho,
as ondas quebram-se sobre ela, atacando-a,
que é como o Destino responde
a uma verdadeira natureza espiritual.
Minha avó era cuidadosa, conservadora:
dessa maneira evitou o sofrimento.
Minha tia não escapou de nada:
cada vez que o mar se retirava, alguém que ela amava era arrastado junto.
Ainda assim, ela não experimentou
o mar como algo maligno. Para ela, ele era o que era:
tão logo tocava a terra, se tornava violento.
Tradução do original por Dalcin Lima, aos 10 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Frank Báez). In: Revista Ping Pong. Disponível em:< http://www.revistapingpong.org/2016/04/cinco-poemas-de-louise-gluck.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
SAINTS
In our family, there were two saints,
my aunt and my grandmother.
But their lives were different.
My grandmother's was tranquil, even at the end.
She was like a person walking in calm water;
for some reason
the sea couldn't bring itself to hurt her.
When my aunt took the same path,
the waves broke over her, they attacked her,
which is how the Fates respond
to a true spiritual nature.
My grandmother was cautious, conservative:
that's why she escaped suffering.
My aunt's escaped nothing;
each time the sea retreats, someone she loves is taken away.
Still she won't experience
the sea as evil. To her, it is what it is:
where it touches land, it must turn to violence.
SAINTS. In: Poem Hunter. Disponível em:< http://www.poemhunter.com/poem/saints/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
O EFÊMERO
- para Tom
I. A Árvore
Ela está toda aqui,
Água luminosa, o arbuso impresso,
Contraposto, galho a galho,
À árvore estendida
Na lente, tal como era
Contra a verde, envenenada paisagem.
II. A Imagem Latente
Um ano ele fixou-se numa árvore
Até que, aravés da luz do sol, pura como nunca
Depois, ele viu a estação, começo da primavera, trabalho
Sobre esses troncos, sua magia permanente, que o olho
Retém: fundo, no cérebro,
O arbusto grava sua folha nesse contexto,
Entre monumentos, contínuo com tais formas geladas,
Tal como tormou-se essa vinha treinada,
Raiz, rocha, e todas as coisas perecíveis.
Tradução de Marcos Konder Reis. In: Quingumbo, Nova Poesia Norte-Americana, Org Kerry Shawn Keys, Escrita, SP: 1980.
THE SHADOW-BLOW TREE
- for Tom
I. The Tree
It is all here,
Luminous water, the imprinted sapling
Matched, branch by branch
To the lengthened
Tree in the lens, as it was
Against the green, poisoned landscape.
II. The Latent Image
One year he focused on Until, though sunlight purê as nver afterwards, he saw
The season, early spring, work upon those limbs
Its lasting magic, which the eye
Retains: deep in the brain
The shadow-blow coins its leaf in this context,
Among monuments, continuous with such frozen forms
As have become the trained vine,
Root, rock, and all things perishing.
THE SHADOW-BLOW TREE. In: Quingumbo, Nova Poesia Norte-Americana, Org Kerry Shawn Keys, Escrita, SP: 1980.
O PAÍS DA SERPENTE BOCA-DE-ALGODÃO
Ossos de peixes nvegam as vagas de Hatteras.
E existem outrosmsinais
De que a morte nos corteja por mar
E por terra: entre pinheiros
Uma cobra desenrolada, que se enrola no musgo
Suspensa no ar poluído.
O nascimento, não a morte, eis a dura privação.
Eu sei. Deixei, também, por ali, uma pele.
Tradução de Marcos Konder Reis. In: Quingumbo, Nova Poesia Norte-Americana, Org Kerry Shawn Keys, Escrita, SP: 1980.
COTTONMOUTH COUNTRY
Fish bones walked the waves off Hatteras.
And there were other signs
That Death wooed us, by water, wooed us
By land: among the pines
An uncurled cottonmouth that rolled on moss
Reared in the polluted air.
Birth, not death, is the hard loss.
I know. I also left a skin there.
COTTONMOUTH COUNTRY. In: Coming of Age. Disponível em:< http://devynrenae.blogspot.com.br/2011/02/cottonmouth-country-by-louise-gluck.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
O FIO DA NAVALHA
Sempre e de novo, sempre e de novo, amarro
Meu coração na cabeceira desta cama
Enquanto meus gritos costurados no ededrom
Tornam-se duros contra sua mão. Que ele está chateado...
Eu vejo. Não lambo, por acaso, as suas esmolas,
Não coloco n’água seus buquês? Sobre a renda da mãe fico espiando
Ele babar sobre o bife mal passado, lascas de uma transa
Por misericórdia... Eu posso sentir suas coxas contra mim
Tendo em vista os filhos. Recompensa?
Nas manhãs, frustrada com esta casa,
O vejo torrar sua torrada e provar seu café,
A se esquivar. O resto é o meu primeiro-almoço.
Tradução de Marcos Konder Reis. In: Quingumbo, Nova Poesia Norte-Americana, Org Kerry Shawn Keys, Escrita, SP: 1980.
THE EDGE
Time and again, time and again I tie
My heart to that headboard
While my quilted cries
Harden against his hand. He’s bored —
I see it. Don’t I lick his bribes, set his bouquets
In water? Over Mother’s lace I watch him drive into the gored
Roasts, deal slivers in his mercy… I can feel his thighs
Against me for the children’s sakes. Reward?
Mornings, crippled with this house,
I see him toast his toast and test
His coffee, hedgingly. The waste’s my breakfast.
THE EDGE. In: Clod & Pebble. Disponível em:< https://clodandpebble.wordpress.com/2015/07/29/the-edge-by-louise-gluck/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
COMEÇO DE DEZEMBRO EM CROTON-SOBRE O HUDSON
Sol espigado. A redução gradual
Do Hudson cepilhado pelo gelo.
Ouço, dado de osso,
O barulhinho do cascalho no sapato. Osso –
pálido, a neve recente
A se agarrar, como pêlo, no dorso do rio.
Pausa. Estávamos partindo para entregar
Presentes de Natal, quando o pneu furou,
No ano passado. Por cima das valvas mortas
Erguiam-se pinheiros desgalhados pela tormenta, mebros nus...
Eu quero você.
Tradução de Marcos Konder Reis. In: Quingumbo, Nova Poesia Norte-Americana, Org Kerry Shawn Keys, Escrita, SP: 1980.
EARLY DECEMBER IN CROTON-ON-HUDSON
Spiked sun. The Hudson’s
Whittled down by ice.
I hear the bone dice
Of blown gravel clicking. Bone-
pale, the recent snow
Fastens like fur to the river.
Standstill. We were leaving to deliver
Christmas presents when the tire blew
Last year. Above the dead valves pines pared
Down by a storm stood, limbs bared . . .
I want you.
EARLY DECEMBER IN CROTON-ON-HUDSON. In: Poetry Foundation. Disponível em:< http://www.poetryfoundation.org/poems-and-poets/poems/detail/49606>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
FUGA
1.
Porque eu era a mais alta eu fazia o homem.
Minha irmã era a que dizia
a que horas a gente comia.
De tempos em tempos ela paria.
2.
Aí minha alma apareceu.
Quem é você, eu perguntei.
E minha alma respondeu,
Eu sou sua alma, o estranho irresistível.
3.
Nossa irmã morta
esperava, desconhecida na cabeça da minha mãe.
Nossa irmã morta não era nem
homem nem mulher. Ela era feito uma alma.
4.
Minha alma foi enganada:
se atou a um homem.
Não um homem de verdade, o homem
que eu fingia ser, brincando com a minha irmã.
5.
Está voltando para mim – deitar-se no sofá
refresca minha memória.
Minha memória é feito um porão cheio de papéis velhos:
nada muda nunca.
Tradução de Paulo da Luz Moreira (essas são as primeiras cinco partes do poema, que tem o total de vinte e duas partes). In: Às moscas. Disponível em:< http://paulodaluzmoreira.blogspot.com.br/2012/11/primeira-parte-do-poema-de-louise-gluck.html>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
FUGUE
1.
I was the man because I was taller.
My sister decided
when we should eat.
From time to time, she’d have a baby.
2.
Then my soul appeared.
Who are you, I said.
And my soul said,
I am your soul, the winsome stranger.
3.
Our dead sister
waited, undiscovered in my mother’s head.
Our dead sister was neither
a man nor a woman. She was like a soul.
4.
My soul was taken in:
it attached itself to a man.
Not a real man, the man
I pretended to be, playing with my sister.
5.
It is coming back to me — lying on the couch
has refreshed my memory.
My memory is like a basement filled with old papers:
nothing ever changes.
(...)
FUGUE. In: The Floating Library. Disponível em:< https://thefloatinglibrary.com/2009/09/04/fugue-louise-gluck/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
FELICIDADE
Um homem e uma mulher sobre uma cama branca.
É de manhã. Penso
Que acordarão em breve.
Na mesa de cabeceira há uma jarra
com lírios; a luz do sol
inunda as gargantas.
Vejo-o virar-se para ela
como que para dizer o seu nome
mas em silêncio, bem fundo na boca dela -
No parapeito da janela,
uma, duas vezes,
um pássaro lança o seu pedido.
E então ela estremece; o corpo dela
enche-se do ar dele.
Abro os meus olhos; olhas para mim.
Quase sobre este quarto
o sol desliza.
Olha a tua cara, dizes,
e viras para mim o teu rosto
como um espelho.
Estás tão calmo. E a roda ardente
passa suavemente sobre nós.
Tradução de António Ladeira. In: Do trapézio, sem rede. Disponível em:< http://arspoetica-lp.blogspot.com.br/search/label/Louise%20Gl%C3%BCck>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
HAPPINESS
A man and a woman lie on a white bed.
It is morning. I think
Soon they will waken.
On the bedside table is a vase
of lilies; sunlight
pools in their throats.
I watch him turn to her
as though to speak her name
but silently, deep in her mouth--
At the window ledge,
once, twice,
a bird calls.
And then she stirs; her body
fills with his breath.
I open my eyes; you are watching me.
Almost over this room
the sun is gliding.
Look at your face, you say,
holding your own close to me
to make a mirror.
How calm you are. And the burning wheel
passes gently over us.
HAPPINESS. In: Poem Hunter. Disponível em:< http://www.poemhunter.com/poem/happiness-4/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
POEMA DE AMOR
A dor serve sempre para alguma coisa.
A tua mãe faz malha.
Despacha cachecóis em todos os tons de vermelho.
Eram para o Natal, e mantinham-te quente
enquanto ela casava, uma vez e outra, levando-te
consigo. Como poderia ter dado certo
se ela escondeu o seu coração de viúva todos esses anos
como se os mortos pudessem regressar.
Não admira que sejas como és,
com medo de sangue, as tuas filhas
como paredes de tijolo, uma após outra.
Tradução de António Ladeira. In: Do trapézio, sem rede. Disponível em:< http://arspoetica-lp.blogspot.com.br/search/label/Louise%20Gl%C3%BCck>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
LOVE POEM
There is always something to be made of pain.
Your mother knits.
She turns out scarves in every shade of red.
They were for Christmas, and they kept you warm
while she married over and over, taking you
along. How could it work,
when all those years she stored her widowed heart
as though the dead come back.
No wonder you are the way you are,
afraid of blood, your women
like one brick wall after another.
LOVE POEM. In: Poem Hunter. Disponível em:< http://www.poemhunter.com/poem/love-poem-5/>. Acesso em: 07. Jun. 2016.
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