Você veio num dia e
tão costumeira em tais casos
que um significado preencheu tudo –
teus olhos, as coisas que você
sabia, a maneira como você se virava,
se inclinava, ficava de pé ou sentava
deste ou daquele modo: quando
você partiu, no espaço em volta daqui ergueu-se
uma onda inclinada, e tudo que
oferece desolação esvai-se.
Traduzido por Dalcin Lima, aos 12 de setembro de 2015.
EVERYTHING
found on the back of an envelope from Helen Vendler, 1.28.1981
You came one day and
as usual in such matters
significance filled everything –
your eyes, the things you
knew, the way you turned,
leaned, stood, or sat
this way or that: when
you left, the area around here rose
a tilted tide, and everything that
offers desolation drained away.
EVERYTHING. In: comecei a ler um livro. Disponível em: < https://comeceialerumlivro.wordpress.com/2015/03/30/everything-um-poema-de-amor-de-a-r-ammons/>. Acesso: 12. Set. 2015.
A VIDA SEXUAL DELES
Um fracasso em
Cima do outro.
Traduzido por Dalcin Lima, aos 12 de setembro de 2015.
THEIR SEX LIFE
One failure on
Top of another
THEIR SEX LIFE. In: All Poetry. Disponível em:. Acesso em: 12. Set. 2015.
IDENTIDADE
1) Uma teia de aranha, ela só,
identifica a espécie:
uma ordem de instinto prevalece
através das circunstâncias fortuitas
que são muito possíveis
ao longo da periferia
das teias
das aranhas:
tu podes percorrer
toda a borda da teia
e encontrar
uma desordem madura,
entropia rica, altos níveis de acaso,
numerosas ocasiões de acidente:
2) são infinitos
os possíveis arranjos de uma teia:
como pode
a aranha manter
identidade
enquanto cria a teia
num lugar determinado?
como e até onde
e por mais recursos de química
e de controle?
é maravilhoso
como as coisas se dão: vou te falar
sobre isto
porque
é interessante
e porque o que quer que seja
move-se entre ervas daninhas
e estrelas e teias de aranha
e uma vez conhecido
é amado:
naquele amor,
cada um de nós o sabendo
te amo,
pois ele se agita dentro e além de nós,
cicia
na relva do inverno, arremete e voa
na companhia dos zangões
pelos umbrais do verão:
vou te mostrar
o fundamental que recusa a própria imagem,
o que não pode ser visto nem descrito
mas que tece para dentro e para fora de luas e avenças,
e é tudo e
além da destruição
porque foi criado inteiro, sem
forma definida:
se a teia fosse cuidadosamente planejada,
a aranha nunca encontraria
o lugar ideal para tecê-la: e
se a teia fosse
perfeitamente adaptável,
se liberdade e possibilidade não tivessem limite,
a teia
perderia a sua própria identidade:
a ordenada teia do jardim
mantém no centro o equilíbrio
onde o espaço é mais livre (intensamente que o “meio
mais livre
aceite a ordem mais absoluta)
e aquela
ordem
diminui na direção
da periferia
permitindo nos pontos de contato
entropia igual a entropia
Traduzido por Kerry Shawn Keys. In: Quingumbo, Nova Poesia Norte-Americana, Org Kerry Shawn Keys, Escrita, SP: 1980.
IDENTITY
1) An individual spider web
identifies a species:
an order of instinct prevails
through all accidents of circumstance,
though possibility is
high along the peripheries of
spider
webs:
you can go all
around the fringing attachments
and find
disorder ripe,
entropy rich, high levels of random,
numerous occasions of accident:
2) the possible settings
of a web are infinite:
how does
the spider keep
identity
while creating the web
in a particular place?
how and to what extent
and by what modes of chemistry
and control?
it is
wonderful
how things work: I will tell you
about it
because
it is interesting
and because whatever is
moves in weeds
and stars and spider webs
and known
is loved:
in that love,
each of us knowing it,
I love you,
for it moves within and beyond us,
sizzles in
to winter grasses, darts and hangs with bumblebees
by summer windowsills:
I will show you
the underlying that takes no image to itself,
cannot be shown or said,
but weaves in and out of moons and bladderweeds,
is all and
beyond destruction
because created fully in no
particular form:
if the web were perfectly pre-set,
the spider could
never find
a perfect place to set it in: and
if the web were
perfectly adaptable,
if freedom and possibility were without limit,
the web would
lose its special identity:
the row-strung garden web
keeps order at the center
where space is freest (intersecting that the freest
“medium” should
accept the firmest order)
and that
order
diminishes toward the
periphery
allowing at the points of contact
entropy equal to entropy.
IDENTITY. In: POETRY CHAIKHANA BLOG. Disponível em: < http://www.poetry-chaikhana.com/blog/2013/10/18/a-r-ammons-identity/>. Acesso em: 29. Dez. 2015.
ESTIO
Abelhas girando em fogo
De generoso mel,
Buscando a fonte
Pela gota que cresce
E cai: logo abaixo
No cimento frio
Um zangão emaranhado rodopia:
A aranha, serena até agora,
Ataca e alimenta
Outro de seus fios: eu
tão costumeira em tais casos
que um significado preencheu tudo –
teus olhos, as coisas que você
sabia, a maneira como você se virava,
se inclinava, ficava de pé ou sentava
deste ou daquele modo: quando
você partiu, no espaço em volta daqui ergueu-se
uma onda inclinada, e tudo que
oferece desolação esvai-se.
Traduzido por Dalcin Lima, aos 12 de setembro de 2015.
EVERYTHING
found on the back of an envelope from Helen Vendler, 1.28.1981
You came one day and
as usual in such matters
significance filled everything –
your eyes, the things you
knew, the way you turned,
leaned, stood, or sat
this way or that: when
you left, the area around here rose
a tilted tide, and everything that
offers desolation drained away.
EVERYTHING. In: comecei a ler um livro. Disponível em: < https://comeceialerumlivro.wordpress.com/2015/03/30/everything-um-poema-de-amor-de-a-r-ammons/>. Acesso: 12. Set. 2015.
A VIDA SEXUAL DELES
Um fracasso em
Cima do outro.
Traduzido por Dalcin Lima, aos 12 de setembro de 2015.
THEIR SEX LIFE
One failure on
Top of another
THEIR SEX LIFE. In: All Poetry. Disponível em:
IDENTIDADE
1) Uma teia de aranha, ela só,
identifica a espécie:
uma ordem de instinto prevalece
através das circunstâncias fortuitas
que são muito possíveis
ao longo da periferia
das teias
das aranhas:
tu podes percorrer
toda a borda da teia
e encontrar
uma desordem madura,
entropia rica, altos níveis de acaso,
numerosas ocasiões de acidente:
2) são infinitos
os possíveis arranjos de uma teia:
como pode
a aranha manter
identidade
enquanto cria a teia
num lugar determinado?
como e até onde
e por mais recursos de química
e de controle?
é maravilhoso
como as coisas se dão: vou te falar
sobre isto
porque
é interessante
e porque o que quer que seja
move-se entre ervas daninhas
e estrelas e teias de aranha
e uma vez conhecido
é amado:
naquele amor,
cada um de nós o sabendo
te amo,
pois ele se agita dentro e além de nós,
cicia
na relva do inverno, arremete e voa
na companhia dos zangões
pelos umbrais do verão:
vou te mostrar
o fundamental que recusa a própria imagem,
o que não pode ser visto nem descrito
mas que tece para dentro e para fora de luas e avenças,
e é tudo e
além da destruição
porque foi criado inteiro, sem
forma definida:
se a teia fosse cuidadosamente planejada,
a aranha nunca encontraria
o lugar ideal para tecê-la: e
se a teia fosse
perfeitamente adaptável,
se liberdade e possibilidade não tivessem limite,
a teia
perderia a sua própria identidade:
a ordenada teia do jardim
mantém no centro o equilíbrio
onde o espaço é mais livre (intensamente que o “meio
mais livre
aceite a ordem mais absoluta)
e aquela
ordem
diminui na direção
da periferia
permitindo nos pontos de contato
entropia igual a entropia
Traduzido por Kerry Shawn Keys. In: Quingumbo, Nova Poesia Norte-Americana, Org Kerry Shawn Keys, Escrita, SP: 1980.
IDENTITY
1) An individual spider web
identifies a species:
an order of instinct prevails
through all accidents of circumstance,
though possibility is
high along the peripheries of
spider
webs:
you can go all
around the fringing attachments
and find
disorder ripe,
entropy rich, high levels of random,
numerous occasions of accident:
2) the possible settings
of a web are infinite:
how does
the spider keep
identity
while creating the web
in a particular place?
how and to what extent
and by what modes of chemistry
and control?
it is
wonderful
how things work: I will tell you
about it
because
it is interesting
and because whatever is
moves in weeds
and stars and spider webs
and known
is loved:
in that love,
each of us knowing it,
I love you,
for it moves within and beyond us,
sizzles in
to winter grasses, darts and hangs with bumblebees
by summer windowsills:
I will show you
the underlying that takes no image to itself,
cannot be shown or said,
but weaves in and out of moons and bladderweeds,
is all and
beyond destruction
because created fully in no
particular form:
if the web were perfectly pre-set,
the spider could
never find
a perfect place to set it in: and
if the web were
perfectly adaptable,
if freedom and possibility were without limit,
the web would
lose its special identity:
the row-strung garden web
keeps order at the center
where space is freest (intersecting that the freest
“medium” should
accept the firmest order)
and that
order
diminishes toward the
periphery
allowing at the points of contact
entropy equal to entropy.
IDENTITY. In: POETRY CHAIKHANA BLOG. Disponível em: < http://www.poetry-chaikhana.com/blog/2013/10/18/a-r-ammons-identity/>. Acesso em: 29. Dez. 2015.
ESTIO
Abelhas girando em fogo
De generoso mel,
Buscando a fonte
Pela gota que cresce
E cai: logo abaixo
No cimento frio
Um zangão emaranhado rodopia:
A aranha, serena até agora,
Ataca e alimenta
Outro de seus fios: eu
or um minuto não consigo
Entender-se por que motivo
Este zangão
Se move tanto em
Tão estreito labirinto:
Mas Deus, eu sei:
Procura descobrir se não a fuga
Pelo menos o fim da escuridão.
Traduzido por Celso Japiassu, em 1980. In: Quincumbo (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
DROUGHT
Bees turn in fire
of dry-rich honey,
visit the faucet
for the left, crescent
drop: below de faucet
by the cool cement a
webbed bumblebee spins:
the spider, whilom serene,
Attacks to feed
Another filament in: I
Can’t understand
For a minute why
the bumblebee
works so hard into the
straitening maze:
but lord I know why:
it’s to find if not flight
the far end of the dark.
DROUGHT. In: QUINCUMBO (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
CATALISADOR
Honrai o verme,
catalisador supremo
que acelera o toque da Transformação:
(os comedores de carniça, todos são louváveise e eu os amo
a todos,
por eles escrevinharei o tanto que me for possível)
na sequência imutável
ele acelera a mudança;
onde o acabado corpo cai, começa o seu trabalho:
onde a alma atinge
a indiferença
constroi sua morada:
no ovo, na asa, de tumba
a tumba ele viaja,
alimenta-se, reencontra suas próprias asas,
após a doce umidade da decomposição,
depois de a terra sugada de formigas ter bebido
os fluido do mel,
depois
de as veias
dentro do iluminado crânio descarnado
se ressecarem até ficar como fios de tendão,
ele sobe, corta o ar, copula num êxtase sus-
penso
cavalgando, segurando a doce, clara
ligação
entre vôos acoplados, macho e fêmea,
vitoriosa terra-podridão:
(célula morta, refugo que se transfigura
em claridade,
iridescência de olhos facetados
púrpura de penas em abdômen cabeludo
Ó suprema larva,
que transformas a carne inchada, dilacerada,
em asas opacas com retículas,
em desejos de sexo e canção, deixando
cinza no chão inodoro, uma fragrância
de pinho
crescendo dominante, partindo do sol poente!
Traduzido por Celso Japiassu, em 1980. In: Quincumbo (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
CATALYST
Honor te maggot,
supreme catalyst:
he spurs the rate of Change:
(all scavengers are honorable: I love them
all,
will scribble hard as i can for them)
he accelerates change
in the changeless continuum;
where the body falls completed, he sets to work:
where the spirit attains
indifference
he makes his residence:
in the egg on wing from mound
to mound he travels,
feeds, finds his wings,
after the wet-sweet of decay,
after the ant-sucked earth has drunk
the honey-fluids,
after
the veins
lie dried to streaks of tendon
inside the meat-free, illuminated skull,
lofts, saws the air, copulates in a hung
rapture
of riding, holds the sweet-clear
connection
through dual flights, male and female,
soil’s victory:
(dead cell dross transfigured
into gloss,
irisdescence of compound eyes,
duck-neck purple of hairy abdômen)
O worm supreme,
transformer of bloated, breaking flesh
into colorless netted wings
into the wills of sex and song, leaving
ash on odorless ground, the scent
of pinestraw
rising dominant from the striking sun!
CATALYST. In: QUINCUMBO (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
MEUS DADOS SÃO DE CRISTAL
Meus dados são de cristal incrustado de ouro
e possuem
simetria espacial
em torno de seus centros e
simetria mecânica e
são de densidade uniforme
e todas as superfícies
têm coeficientes iguais de atritos porque
meus dados não estão marcados
seja feita Vossa vontade
seja cachorro ou Afrodite
Arrumando um lugar no chão
Alisei-o com
A mão e
Sentei-me sobre as pernas
Balançando os dados
Como aparição. Deus sentou-se impassível
Silente eclodiu eu joguei
E deixando de rolar
Os dados proclamaram seu duro decreto
E derretendo
Deixaram pedacinhos de ouro no solo.
Traduzido por Kern Kraphl, em 1980. In: Quincumbo (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
MY DICE ARE CRYSTAL
My disse are crystal inlaid with gold
and possess
spatial symmetry
about their centers and
mechanical symmetry and
are of uniform density
and all surfaces have equal
coefficients of frictions for
my dice are not loaded
thy will be done
whether dog of Aphrodite
Cleaning off a place on the ground
I patted it
flat and
sat back on my legs
rattling the bones
Apparitionally god sat poker-faced
silent on the other side
when the ballooning
silence burst i cast
and coming to rest
the dice spoke their hard directive
and melting
left gold bits on the soil.
MY DICE ARE CRYSTAL. In: QUINCUMBO (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
ENTÃO EU DISSE EU SOU EZRA
Então eu disse eu sou Ezra
e o vento açoitou minha garganta
procurando pelos nos de minha voz
Escutei o vento
passar sobre minha cabeça e alçar-se na noite
Voltando-me para o mar eu disse
Eu sou Ezra
Porém das ondas não vieram ecos
As palavras foram tragadas
pela voz da arrebentação
ou, saltando sobre as vagas
perderam-se oceano afora
No lívido e fragmentado solo
movi os pés e dei as costas ao vento
que suspendia lençóis de areia
da praia e atirava-os
sobre as dunas como bruma
oscilei como se o vento estivesse me levando
e disse
Eu sou Ezra
Tal como palavras por demais repetida
perde todo seu sentido
assim eu, Ezra, sai pela noite
qual nuvem de areia
e me desfiz entre o saraizal ventoso
que firma as dunas
de olvidados mares.
Traduzido por Luiz Alberto Monjardim, em 1980. In: Quincumbo (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
SO I SAID I AM EZRA
So I said I am Ezra
and the wind whipped my throat
gaming for the sounds of my voice
I listened to the wind
go over my head and up into the night
Turning to the sea I said
I am Ezra
but there were no echoes from the waves
The words were swallowed up
in the voice of the surf
or leaping over the swells
lost themselves oceanward
Over the bleached and broken fields
I moved my feet and turning from the wind
that ripped sheets of sand
from the beach and threw them
like seamists across the dunes
swayed as if the wind were taking me away
and said
I am Ezra
As a word too much repeated
falls out of being
so I Ezra went out into the night
like a drift of sand
and splashed among the windy oats
that clutch the dunes
of unremembered seas
SO I SAID I AM EZRA. In: All Poetry. Disponível em:<http://allpoetry.com/So-I-Said-I-Am-Ezra>. Acesso em: 29. Dez. 2015.
Entender-se por que motivo
Este zangão
Se move tanto em
Tão estreito labirinto:
Mas Deus, eu sei:
Procura descobrir se não a fuga
Pelo menos o fim da escuridão.
Traduzido por Celso Japiassu, em 1980. In: Quincumbo (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
DROUGHT
Bees turn in fire
of dry-rich honey,
visit the faucet
for the left, crescent
drop: below de faucet
by the cool cement a
webbed bumblebee spins:
the spider, whilom serene,
Attacks to feed
Another filament in: I
Can’t understand
For a minute why
the bumblebee
works so hard into the
straitening maze:
but lord I know why:
it’s to find if not flight
the far end of the dark.
DROUGHT. In: QUINCUMBO (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
CATALISADOR
Honrai o verme,
catalisador supremo
que acelera o toque da Transformação:
(os comedores de carniça, todos são louváveise e eu os amo
a todos,
por eles escrevinharei o tanto que me for possível)
na sequência imutável
ele acelera a mudança;
onde o acabado corpo cai, começa o seu trabalho:
onde a alma atinge
a indiferença
constroi sua morada:
no ovo, na asa, de tumba
a tumba ele viaja,
alimenta-se, reencontra suas próprias asas,
após a doce umidade da decomposição,
depois de a terra sugada de formigas ter bebido
os fluido do mel,
depois
de as veias
dentro do iluminado crânio descarnado
se ressecarem até ficar como fios de tendão,
ele sobe, corta o ar, copula num êxtase sus-
penso
cavalgando, segurando a doce, clara
ligação
entre vôos acoplados, macho e fêmea,
vitoriosa terra-podridão:
(célula morta, refugo que se transfigura
em claridade,
iridescência de olhos facetados
púrpura de penas em abdômen cabeludo
Ó suprema larva,
que transformas a carne inchada, dilacerada,
em asas opacas com retículas,
em desejos de sexo e canção, deixando
cinza no chão inodoro, uma fragrância
de pinho
crescendo dominante, partindo do sol poente!
Traduzido por Celso Japiassu, em 1980. In: Quincumbo (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
CATALYST
Honor te maggot,
supreme catalyst:
he spurs the rate of Change:
(all scavengers are honorable: I love them
all,
will scribble hard as i can for them)
he accelerates change
in the changeless continuum;
where the body falls completed, he sets to work:
where the spirit attains
indifference
he makes his residence:
in the egg on wing from mound
to mound he travels,
feeds, finds his wings,
after the wet-sweet of decay,
after the ant-sucked earth has drunk
the honey-fluids,
after
the veins
lie dried to streaks of tendon
inside the meat-free, illuminated skull,
lofts, saws the air, copulates in a hung
rapture
of riding, holds the sweet-clear
connection
through dual flights, male and female,
soil’s victory:
(dead cell dross transfigured
into gloss,
irisdescence of compound eyes,
duck-neck purple of hairy abdômen)
O worm supreme,
transformer of bloated, breaking flesh
into colorless netted wings
into the wills of sex and song, leaving
ash on odorless ground, the scent
of pinestraw
rising dominant from the striking sun!
CATALYST. In: QUINCUMBO (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
MEUS DADOS SÃO DE CRISTAL
Meus dados são de cristal incrustado de ouro
e possuem
simetria espacial
em torno de seus centros e
simetria mecânica e
são de densidade uniforme
e todas as superfícies
têm coeficientes iguais de atritos porque
meus dados não estão marcados
seja feita Vossa vontade
seja cachorro ou Afrodite
Arrumando um lugar no chão
Alisei-o com
A mão e
Sentei-me sobre as pernas
Balançando os dados
Como aparição. Deus sentou-se impassível
Silente eclodiu eu joguei
E deixando de rolar
Os dados proclamaram seu duro decreto
E derretendo
Deixaram pedacinhos de ouro no solo.
Traduzido por Kern Kraphl, em 1980. In: Quincumbo (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
MY DICE ARE CRYSTAL
My disse are crystal inlaid with gold
and possess
spatial symmetry
about their centers and
mechanical symmetry and
are of uniform density
and all surfaces have equal
coefficients of frictions for
my dice are not loaded
thy will be done
whether dog of Aphrodite
Cleaning off a place on the ground
I patted it
flat and
sat back on my legs
rattling the bones
Apparitionally god sat poker-faced
silent on the other side
when the ballooning
silence burst i cast
and coming to rest
the dice spoke their hard directive
and melting
left gold bits on the soil.
MY DICE ARE CRYSTAL. In: QUINCUMBO (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
ENTÃO EU DISSE EU SOU EZRA
Então eu disse eu sou Ezra
e o vento açoitou minha garganta
procurando pelos nos de minha voz
Escutei o vento
passar sobre minha cabeça e alçar-se na noite
Voltando-me para o mar eu disse
Eu sou Ezra
Porém das ondas não vieram ecos
As palavras foram tragadas
pela voz da arrebentação
ou, saltando sobre as vagas
perderam-se oceano afora
No lívido e fragmentado solo
movi os pés e dei as costas ao vento
que suspendia lençóis de areia
da praia e atirava-os
sobre as dunas como bruma
oscilei como se o vento estivesse me levando
e disse
Eu sou Ezra
Tal como palavras por demais repetida
perde todo seu sentido
assim eu, Ezra, sai pela noite
qual nuvem de areia
e me desfiz entre o saraizal ventoso
que firma as dunas
de olvidados mares.
Traduzido por Luiz Alberto Monjardim, em 1980. In: Quincumbo (Nova Poesia Norte-Americana), antologia organizada por Kerry Shawn Keys.
SO I SAID I AM EZRA
So I said I am Ezra
and the wind whipped my throat
gaming for the sounds of my voice
I listened to the wind
go over my head and up into the night
Turning to the sea I said
I am Ezra
but there were no echoes from the waves
The words were swallowed up
in the voice of the surf
or leaping over the swells
lost themselves oceanward
Over the bleached and broken fields
I moved my feet and turning from the wind
that ripped sheets of sand
from the beach and threw them
like seamists across the dunes
swayed as if the wind were taking me away
and said
I am Ezra
As a word too much repeated
falls out of being
so I Ezra went out into the night
like a drift of sand
and splashed among the windy oats
that clutch the dunes
of unremembered seas
SO I SAID I AM EZRA. In: All Poetry. Disponível em:<http://allpoetry.com/So-I-Said-I-Am-Ezra>. Acesso em: 29. Dez. 2015.
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