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Alguns Poemas de Marianne Moore I


NÃO HÁ CISNE TÃO BELO

"Não há água tão quieta como as
fontes mortas de Versalhes”
. Nem cisne tão
belo, esguio olhar cego de esguelha
e pernas gondoleantes, como
esse de porcelana com olhos foscos
de fauno e um colar auridenteado
para testificar de quem foi esta ave.

Encastoado numa árvore-candelabro
Luis XV com botões em flor
cor de cristal-de-galo, dálias,
ouriços do mar e semprevivas,
pousa em galhos de espuma, horto
de esculturadas e polidas
flores — altivo e plácido. O rei está morto.


Traduzido por Augusto de Campos. In: ZUNÁI - Revista de poesia & debates. Disponível em:< http://www.revistazunai.com/traducoes/marianne_moore1.htm> . Acesso em: 28. Dez. 2014.


NO SWAN SO FINE


“No water so still as the
dead fountains of Versailles."
No swan,
with swart blind look askance
and gondoliering legs, so fine
as the chinz china one with fawn-
brown eyes and toothed gold
collar on to show whose bird it was.

Lodged in the Louis Fifteenth
candelabrum-tree of cockscomb-
tinted buttons, dahlias,
sea-urchins, and everlastings,
it perches on the branching foam
of polished sculptured
flowers — at ease and tall. The king is dead.


NO SWAN SO FINE. In: ZUNÁI - Revista de poesia & debates. Disponível em:< http://www.revistazunai.com/traducoes/marianne_moore1.htm>. Acesso em: 28. Dez. 2014.

UMA GARRAFA EGÍPCIA DE VIDRO SOPRADO EM FORMA DE PEIXE

Há uma sede, que cresce,
desde o início, da paciência
e da arte, como se uma onda se detivesse
na perpendicularidade de sua essência;

não frágil, todavia,
intensa — o espectro em seu feixe
de cores, e, espetacular e ágil, o peixe,
espelho-escamas onde a espada do sol se desvia. 


Traduzido por Augusto de Campos. In: ZUNÁI - Revista de poesia & debates. Disponível em:. Acesso em: 28. Dez. 2014.


AN EGYPTIAN PULLED GLASS BOTTLE IN THE SHAPE OF A FISH


Here we have thirst

and patience, from the first,

 and art, as in a wave held up for us to see

in its essential perpendicularity;
not brittle but
intense—the spectrum, that
spectacular and nimble animal the fish, 

whose scales turn aside the sun's sword by their polish.


AN EGYPTIAN PULLED GLASS BOTTLE IN THE SHAPE OF A FISH. In: ZUNÁI - Revista de poesia & debates. Disponível em: . Acesso em: 28. Dez. 2014.

ÁGUA-VIVA

Visível, invisível,
um encanto flutuante
uma ametista âmbar-viva
a habita, teu braço
se aproxima e ela abre
e fecha; o pensamento
de agarrá-la e ela estremece;
abandonas teu intento.


Traduzido por Augusto de Campos. In: ZUNÁI - Revista de poesia & debates. Disponível em: . Acesso em: 28. Dez. 2014.

A JELLY-FISH


Visible, invisible,
a fluctuating charm
an amber-tinctured amethyst
inhabits it, your arm
approaches and it opens
and it closes; you had meant
to catch it and it quivers;
you abandon your intent.


A JELLY-FISH. In: ZUNÁI - Revista de poesia & debates. Disponível em:< http://www.revistazunai.com/traducoes/marianne_moore1.htm>. Acesso em: 28. Dez. 2014.

ARTHUR MITCHELL*


Libélula sutil
rápida demais para o olho
enjaular —
gema contagiosa de virtuosidade —
visibiliza a mentalidade.
Tuas mobilidades de esmeralda

revelam
e velam
pavão e cauda. 


*Arthur Mitchell, 1934 – famoso dançarino negro americano de música moderna.


Traduzido por Augusto de Campos. In: ZUNÁI - Revista de poesia & debates. Disponível em:. Acesso em: 28. Dez. 2014.


ARTHUR MITCHELL


Slim dragonfly toorapid for the eye
to cage —
contagious gem of virtuosity —
make visible, mentality.
Your jewels of mobility

reveal
and veil
a peacock-tail.


ARTHUR MITCHELL. In: ZUNÁI - Revista de poesia & debates. Disponível em:< http://www.revistazunai.com/traducoes/marianne_moore1.htm>. Acesso em: 28. Dez. 2014.

OS PEIXES

vade-
ando negro jade.
Das conchas azul-corvo um marisco
só ajeita os montes de cisco;

é que
nem ferido leque.
Os crustáceos que incrustam o flanco
da onda ali não encontram canto,
porque as setas submersas do

sol,
vidro em fibras sol-
vidas, passam por dentro das gretas
com farolete ligeireza —
iluminando de vez em

vez
o oceano turquês
de corpos. A correnteza crava
na quina férrea da fraga
uma cunha de ferro; e estrelas,

grãos
de arroz róseos, mães-
d'água tintas, siris que nem lírios
verdes e fungos submarinos
vão deslizando uns sobre os outros.

As
marcas externas
de mau-trato estão todas presentes
neste edifício resistente —
todo resquício material

de a-
cidente — ausência
de cornija, machadadas, queima e
sulcos de dinamite — teima em
ressaltar; já não é o que era

cova.
Repetida prova
demonstrou que ele pode viver
do que não pode reviver
seu viço. O mar nele envelhece.


Traduzido por José Antonio Arantes. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet044.htm>. Acesso em: 28. Dez. 2014.

THE FISH


wade
through black jade.
Of the crow-blue mussel-shells, one keeps
adjusting the ash-heaps;
opening and shutting itself like

an
injured fan.
The barnacles which encrust the side
of the wave, cannot hide
there for the submerged shafts of the

sun,
split like spun
glass, move themselves with spotlight swiftness
into the crevices —
in and out, illuminating

the
turquoise sea
of bodies. The water drives a wedge
of iron through the iron edge
of the cliff; whereupon the stars,

pink
rice-grains, ink-
bespattered jelly fish, crabs like green
lilies, and submarine
toadstools, slide each on the other.

All
external
marks of abuse are present on this
defiant edifice —
all the physical features of

ac-
cident — lack
of cornice, dynamite grooves, burns, and
hatchet strokes, these things stand
out on it; the chasm-side is

dead.
Repeated
evidence has proved that it can live
on what can not revive
its youth. The sea grows old in it.


THE FISH. In: poesia.net. Disponível em:. Acesso em: 28. Dez. 2014.


POESIA


Também não gosto.
Lendo-a, no entanto, com total desprezo, a
[ gente acaba descobrindo
nela, afinal de contas, um lugar para o genuíno.


Traduzido por José Antonio Arantes. In: poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet044.htm>. Acesso em: 28. Dez. 2014.

POETRY 


I, too, dislike it.
Reading it, however, with a perfect contempt
[ for it, one discovers in
it, after all, a place for the genuine.


POETRY. In: poesia.net. Disponível em:. Acesso em: 28. Dez. 2014. 



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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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