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MAXINE KUMIN: ESCRITORES SÃO JUDEUS SECRETOS


“Escritores são judeus secretos”, declarou a poeta e escritora Maxine Kumin numa entrevista a Massachusetts Review, em 1975, dois anos depois de ter recebido o Prêmio Pulitzer por Up Country: Poems of New England. Esta afirmação é particularmente significante pelo que ela implica acerca da experiência judia da poeta e o do papel que ela tem desempenhado em seu trabalho – um papel frequentemente negligenciado pelos leitores e pela crítica. Devido muito a sua discrição, uma elegante construção focada nos detalhes da vida no campo – jardinagem, cultivo de cogumelos, criação de cavalos, lidar com animais selvagens, a mudança de estações – sua poesia é frequentemente classificada como pastoral. Maxine tem sido comparada com Robert Frost, uma comparação que a agrada deveras. Também, tem sido considerada como “poeta confessional”, pela maneira de sua amiga e companheira de cursos Anne Sexton. Estas descrições, embora inexatas, são limitadas, uma vez que Maxine Kumin é também uma poeta judia americana, cuja escrita rigorosamente investiga o que significa discutir as reivindicações das duas culturas. Seu trabalho incessantemente questiona e amplia o conceito de “sionismo” numa América dividida contemporaneamente e culturalmente.

Filha mais nova de quatro filhos, sendo a única filha, Maxine Winokur nasceu em 6 de junho de 1925, em Germantown, um próspero subúrbio da Filadelfia, Pennsylvania. Seu pai, Peter Winokur, era um bem-sucedido penhorista cuja família tinha imigrado da Europa Oriental. Sua mãe, Doll (Simon), cuja família imigrara da Boêmia para a Virginia no século 19, quisera ser uma musicista profissional, uma ambição frustrada por seu pai. Do mesmo modo, Maxine, uma excelente nadadora, foi impedida, pelo pai, de ingressar na Bill Rose’s Aquacade. Peter Winokur, todavia, aprovou a carreira de escritora da filha. Como um “Patriarca Judeu”, ele respeitava o mundo das letras.

Enquanto criança, Maxine frequentou, por três anos, a escola do convento administrado pelas Irmãs de São José, a propósito a escola era vizinha de sua casa. Depois, frequentou escolas seculares da Filadelfia. Em 1946, bacharelou-se em história e literatura pela Radcliffe College. Logo após a formatura, casou-se com Victor Montwid Kumin, um engenheiro, com quem teve três filhos: Jane Simon, Judith Montwid e Daniel David. Em 1948, voltou à Radcliffe para receber o grau de mestrado. A participação numa oficina de trabalho dirigida pelo poeta John Holmes, no Boston Center for Adult Education, provou ser extremamente benéfica para o desenvolvimento de Maxine como poeta. Naquela época, todavia, ter um trabalho publicado significava um desafio. “Até o Movimento Feminista”, disse Kumin, era comum um editor dizer que ele publicara mais poemas meus quando, na verdade, ela publicara apenas um de uma mulher, por mês”. Tais obstáculos, não obstante, fizeram com que Halfway, o primeiro livro de Kumin, fosse publicado em 1961. Desde então, a poeta já publicou treze livros de poesia, além de ensinar composição poética em centros acadêmicos como Tufts, Washington, Columbia, Brandeis e Princeton.

Kumin recebeu, em 1973, um Prêmio Pulitzer e um American Academy e Institute of Arts and Letters Award, em 1980. Prestou serviço como consultora em poesia na Biblioteca do Congresso, de 1981 a 1982. Foi eleita, em 1996, como Chanceler da Academia de Poetas Americanos, mas renunciou, em 1998, em protesto pela falta de negros e outras minorias no conselho de chanceleres. Maxine também publicou quatro romances, três coleções de ensaios, dois livros de contos e inúmeros livros infantis (quatro com Anne Sexton).

Dentre os livros de poesia, Maxine Kumin escreveu as seguintes obras: Where I Live: New & Selected Poems 1990-2010 (W. W. Norton, 2010); Still to Mow (2009); Jack (2003); The Long Marriage (2003); Bringing Together (2003); Connecting the Dots (1996); Looking for Luck (1992), que recebeu o Poets' Prize; Nurture (1989); The Long Approach (1986); Our Ground Time Here Will Be Brief (1982); House, Bridge, Fountain, Gate (1975); and Up Country: Poems of New England (1972), o qual ganhou um Prêmio Pulitzer.

A vida de Maxine Kumin mudou drasticamente em 1998 quando seu cavalo Deuter se soltou da carruagem, a qual a poeta conduzia. Seriamente ferida, Maxine teve onze costelas e as vertebras do alto da coluna cervical quebradas, o pulmão perfurado, o rim e o fígado foram esmagados e ela perdeu a percepção de seus quatro membros. O diagnóstico não era encorajador, todavia, Maxine experimentou uma recuperação fora do comum, quase miraculosa, ajudada pela família, especialmente sua filha, seu amor pela linguagem (ela, no princípio, respondia a legendas na tela da televisão do hospital) e pelo “halo”— uma forma de tração a eixo atada a cadeira-colete, na qual sua cabeça era fixada por quadro pinos. Inside the Halo: the Anatomy of a Recovery (2001) é um agudo e comovente relato desta experiência.

Numa entrevista ao Christian Science Monitor, Maxine Kumin afirmou: “escrever é minha salvação. Se eu não escrevesse, o que eu faria?” 


O falecimento de Maxine Kumin se deu em 6 de fevereiro de 2014 en seu sítio de Warner, no estado de New Hampshire, onde vivia com seu marido desde meados da década de 1970. Dedicava-se a criação de cavalos.


Texto elaborado por Dalcin Lima, aos 07 de fevereiro de 2016, a partir da biografia escrita por Enid Dame, postada no Jewish Women’s Archive, da Jewish Women Encyclopedia.
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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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1 comentários:

  1. Com certeza, uma inspirada e necessária escolha, parabéns, é imprescindível, cada vez mais, esse elevado nível de energia entre nós.

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