PÓ DE GIZ NO AR
para Gary Simmons
Nosso herói explica que os versos se comportam como ondas
que também se comportam como partículas dependendo da presença
de observadores, um mercado de admiradores etc. Pense nas areias
peneiradas que monges tibetanos gastam meses para varrer em minutos
em seus ataques de nostalgia. Pense na Via Láctea de água
que danifica o teto do quarto de dormir. O módulo Apolo
na penteadeira e o Anel de Nebula é a mancha onde
mamãe tenta limpar imprecações rabiscadas na parede.
Espirais fora do alcance, imagine uma lata de Krylon em forma de navio
com um elástico propulsor atado
às hemorragias nasais nas trevas da coberta do céu. O pulverizador
pode espalhar os tetos orvalhosos com estrelas sinestéticas,
cicatrizes espumantes que espancam o azul e se derretem como merengue
no crepúsculo, uma sobra de luz na circunferência. Sementes aladas
do bordo prateado aos pés de delegado barbudos
que oferecem punhos à respiração de crianças. Eles sorriem com toco de charuto
tampando as fendas. Versos renegados soltam os cães de caça,
sacodem o peso de olhos nus. Quando alguns versos tentam
ultrapassar a cor atrás da cor da qual vieram, nosso herói não
experimenta nenhuma interferência. Quando ele manda os versos espalhar-se
o ruído do alto-falante de um delegado solta uma chuva de plumas
Tradução de Dalcin Lima aos 01 de novembro de 2016.
CHALK DUST ON THE AIR
for Gary Simmons
Our hero explains what lines behave as waves
also behave as particles depending upon the presence
of observers, a market of admirers, etc. Think of sifted
sands Tibetan monks spend months to whisk in minutes:
their attack on nostalgia. Think of Milky Ways of water
damage on the bedroom ceiling. The Apollo module
on the dresser and the Ring Nebula is the blur where
Mom tried to clean expletives crayoned on the wall.
Whorls beyond, imagine a can of Krylon ship-shaped
with braided-rubber-band-propeller roped out to
the nosebleeds in the murk of heaven’s hood. The spray
can tags earth’s dewy rooftop with synesthetic stars,
foamy scars that welt the blue and melt like meringue
in the dusk, a residue of light in the periphery. Winged seeds
from silver maples at the feet of unshaven sheriffs
offering fists of baby’s breath. They smile with cigar stubs
plugging the breach. Renegade lines unleash the hounds,
shake the weight of undressed eyes. When some lines try
to pass for the color behind the color they came in, our hero
attempts no intervention. When he orders the lines disperse,
one sheriff’s bullhorn blast unsacks a rain of feathers
CHALK DUST ON THE AIR. In: The by word (a Magazine of Literature, Arts & Culture). Disponível em: < http://thebyword.com/literature/poetry/chalk-dust-on-the-air.html>. Acesso em: 01. Nov. 2016.
DEVE SER A MÚSICA
Eu planejo um arranjo de uma batida porque
um arranjo tem que ser planejado.
– DJ Craze
Farmacêutico de batidas
por minutos, ele sabe
que excitantes são curativos
e combinam sem perigo. Ele dosa
a pista de dança e os aficcionados
empurrando as rodas
de aço cujas espiraladas irises pulveriza
surpresa como crânios pendurados
feito esferas de discos. Um clérigo de leite encaixota,
faz lista de duplicatas e executa passagens
como um pianista de concerto – tantos até
que ele está em contato com as esferas
presas aos aspectos planos dos discos
manuseando-os como negras
bolas de basquete mão abaixo
da perna, atrás das costas, afastando um simples
toque em cada um, parecendo dribles
duplos no assoalho
de um ginásio vazio cheio de eco
em sua mente. Ele amarra junto frases doces
de melodias e traz
a batida de volta. Como se fosse uma perseguição
em Dantean, seu maquinário gira
enquanto sequestra frações
de segundos do interruptor de fader
como um timer ao lado da mesa
para uma partida rápida de xadrez. Ele disca de volta
a bateria e o baixo ao contraponto
circadiano, fone de ouvido carregado
à maneira de um arrombador de cofre usaria
dá duas voltas para a direita,
uma vez para a esquerda até o alto chapéu molhar-se
uma fôrma de bola e as ranhura do single
cortado numa disco de doze polegadas, amplamente
sulcado para fidelidade e baixo, órbita
o eixo como um o cinturão do asteroide que
que a agulha, uma prancheta de Ouija,
transporta em canais uma mensagem granulada de algum lugar. A mensagem
é um magneto, pendular sobre a multidão
que dança numa maré de ferro cinzenta no lento tatear
de um holofote, enaltecendo-os tautologicamente
para jogar suas mãos no ar,
ondeando-as.
Tradução de Dalcin Lima aos 02 de novembro de 2016.
MUST BE THE MUSIC
I plan out a beat juggle because
a beat juggle has to be planned out.
-- DJ Craze
Apothecary of beats
per minute, he knows
what grooves are curative
and combine safely. He doses
the dance floor and the aficionados
crowding the wheels
of steel whose spiraled irises dust
wonderment like skull-hung
disco balls. A cleric of milk crates,
he tables duplicates and executes crossovers
like a concert pianist -- so many, until
he's in touch with the spheres
trapped in the flat aspects of the records,
handles them like black
basketballs hand under
leg, behind back, isolating a single
beat on each, sounding double
dribbles on the hardwood
of an empty gym echo-located
in his mind. He fastens the hooks
of melodies together and brings
the beat back. As if in Dantean
persecution, his machinery revolves
while he snatches fractions
of seconds from the fader switch
like a board-side timer
for a speed-chess match. He dials back
the drum and bass to circadian
counterpoint, headset shouldered
the way a safecracker might,
gives two turns right,
once left 'til a high hat wets
a griddle and the grooves of the single
cut on the twelve-inch record, wide-
furrowed for fidelity and bass, orbit
the spindle like an asteroid belt that
the needle, a Ouija's planchette,
channels a grainy message from. The message
is a magnet, pendulous above the crowd
dancing tidal and iron-gray in the slow grope
of the spotlight, exalting them tautologically
to throw their hands in the air,
wave them.
VINHA
Eu arrastei meu primo de doze anos
para ver a produção da Broadway de Uma Vinha
ao Sol porque o mongol hip-hop
e solteiro espancador, Diddy, atuou
como protagonista. Um aspirante canto de rap deu
ao meu primo seu sobrenome e a criança casual
prova assim que eu pensei que o rapaz se entusiasmaria em ver o herói
pop em carne e osso como Walter Lee. Meu esposa recentemente
grávida e eu estava repetindo, como Diddy
trocando ficções, entregando-se a
personalidade assassina de mãos bem tratadas, para uma performance mais caseira.
Meu primo bocejou inteiramente por toda a peça.
Exceto na hora em que o filho adolescente de Walter Lee firmou-se
no palco como se arrebatado pelo som de uma bola de roleta.
Cena: ninguém respira a medida que Walter Lee cambaleia,
incerto da subserviência ou indignação depois de Lindner se propor
a resgatar a família da casa que eles compraram
no subúrbio todo branco. Walter devia ajoelhar-se para aceitar,
mas ele percebe a tensão no olhar fixo de seu filho. Eu estava pensando,
que apesar de verídico, o que Diddy faria? "Fique rico
ou morra tentando", 50 Cent nos diria. Mas meu pai cantaria
como Ricky Scaggs, "não fique sobre tua vinha",
quando criança eu jurei ser um homem maior que ele.
Aquele fruto despótico caiu pesado como uma bola
pesada no meu colo significando controlar meu ego, e eu imaginei
gerações ondulando num sucessão como uma conga
pisando em uvas que cantavam a canção de sucesso de Marvin. Estúpido,
eu sei. Fora do teatro, meu primo disse-me
quando Diddy era dois, acharam seu incansável pai
cobrindo um volante no Central Park,
uma bala na sua cabeça. Eu compartilhei o que eu conhecia de sonhos
adiados e Marvin Gaye. (Quando perguntado se ele gostava
de seu filho, Marvin Sr. Respondeu, "Deixe-nos apenas dizer eu não
desgosto dele."). Sob a jóia de muitos milhões de
díodos eu caminhava ao lado do garoto pela Times Square
como se esperando uma cortina mágica que seria levantada,
mas somente um de nós conseguiria fazer uma reverência.
Tradução de Dalcin Lima aos 10 de novembro de 2016.
RAISIN
I dragged my twelve year-old cousin
to see the Broadway production of A Raisin
in the Sun because the hip-hop mogul
and rapping bachelor, Diddy, played
the starring role. An aspiring rapper gave
my cousin his last name and the occasional child
support so I thought the boy would geek to see a pop
hero in the flesh as Walter Lee. My wife was newly
pregnant, and I was rehearsing, like Diddy
swapping fictions, surrendering his manicured
thug persona, for a more domestic performance.
My cousin mostly yawned throughout the play.
Except the moment Walter Lee’s tween son stiffened
on stage, as if rapt by the sound of a roulette ball.
Scene: no one breathes as Walter Lee vacillates,
uncertain of obsequity or indignation after Lindner offers
to buy the family out of the house they’ve purchased
in the all-white suburb. Walter might kneel to accept,
but he senses the tension in his son’s gaze. I was thinking,
for real though, what would Diddy do? “Get rich
or die trying,” 50 Cent would tell us. But my father would
sing like Ricky Scaggs, “Don’t get above your raisin’,”
when as a kid I vowed to be a bigger man than him.
That oppressive fruit dropped heavy as a medicine
ball in my lap meant to check my ego, and I imagined
generations wimpling in succession like the conga
marching raisins that sang Marvin’s hit song. Silly,
I know. Outside the theater, my cousin told me
when Diddy was two, they found his hustler dad
draping a steering wheel in Central Park,
a bullet in his head. I shared what I knew of dreams
deferred and Marvin Gaye. (When asked if he loved
his son, Marvin Sr. answered, “Let’s just say I didn’t
dislike him.”) Beneath the bling of many billion
diodes I walked beside the boy through Times Square
as if anticipating a magic curtain that would rise,
but only one of us would get to take a bow.
RAISIN. In: Brooklyn Poets. Disponível em: < http://brooklynpoets.org/poet/gregory-pardlo/>. Acesso em: 10. Nov. 2016.
HOMEM LENDO NA CAMA AO LADO DE UMA JANELA COM INSETOS
para Gary Simmons
Nosso herói explica que os versos se comportam como ondas
que também se comportam como partículas dependendo da presença
de observadores, um mercado de admiradores etc. Pense nas areias
peneiradas que monges tibetanos gastam meses para varrer em minutos
em seus ataques de nostalgia. Pense na Via Láctea de água
que danifica o teto do quarto de dormir. O módulo Apolo
na penteadeira e o Anel de Nebula é a mancha onde
mamãe tenta limpar imprecações rabiscadas na parede.
Espirais fora do alcance, imagine uma lata de Krylon em forma de navio
com um elástico propulsor atado
às hemorragias nasais nas trevas da coberta do céu. O pulverizador
pode espalhar os tetos orvalhosos com estrelas sinestéticas,
cicatrizes espumantes que espancam o azul e se derretem como merengue
no crepúsculo, uma sobra de luz na circunferência. Sementes aladas
do bordo prateado aos pés de delegado barbudos
que oferecem punhos à respiração de crianças. Eles sorriem com toco de charuto
tampando as fendas. Versos renegados soltam os cães de caça,
sacodem o peso de olhos nus. Quando alguns versos tentam
ultrapassar a cor atrás da cor da qual vieram, nosso herói não
experimenta nenhuma interferência. Quando ele manda os versos espalhar-se
o ruído do alto-falante de um delegado solta uma chuva de plumas
Tradução de Dalcin Lima aos 01 de novembro de 2016.
CHALK DUST ON THE AIR
for Gary Simmons
Our hero explains what lines behave as waves
also behave as particles depending upon the presence
of observers, a market of admirers, etc. Think of sifted
sands Tibetan monks spend months to whisk in minutes:
their attack on nostalgia. Think of Milky Ways of water
damage on the bedroom ceiling. The Apollo module
on the dresser and the Ring Nebula is the blur where
Mom tried to clean expletives crayoned on the wall.
Whorls beyond, imagine a can of Krylon ship-shaped
with braided-rubber-band-propeller roped out to
the nosebleeds in the murk of heaven’s hood. The spray
can tags earth’s dewy rooftop with synesthetic stars,
foamy scars that welt the blue and melt like meringue
in the dusk, a residue of light in the periphery. Winged seeds
from silver maples at the feet of unshaven sheriffs
offering fists of baby’s breath. They smile with cigar stubs
plugging the breach. Renegade lines unleash the hounds,
shake the weight of undressed eyes. When some lines try
to pass for the color behind the color they came in, our hero
attempts no intervention. When he orders the lines disperse,
one sheriff’s bullhorn blast unsacks a rain of feathers
CHALK DUST ON THE AIR. In: The by word (a Magazine of Literature, Arts & Culture). Disponível em: < http://thebyword.com/literature/poetry/chalk-dust-on-the-air.html>. Acesso em: 01. Nov. 2016.
DEVE SER A MÚSICA
Eu planejo um arranjo de uma batida porque
um arranjo tem que ser planejado.
– DJ Craze
Farmacêutico de batidas
por minutos, ele sabe
que excitantes são curativos
e combinam sem perigo. Ele dosa
a pista de dança e os aficcionados
empurrando as rodas
de aço cujas espiraladas irises pulveriza
surpresa como crânios pendurados
feito esferas de discos. Um clérigo de leite encaixota,
faz lista de duplicatas e executa passagens
como um pianista de concerto – tantos até
que ele está em contato com as esferas
presas aos aspectos planos dos discos
manuseando-os como negras
bolas de basquete mão abaixo
da perna, atrás das costas, afastando um simples
toque em cada um, parecendo dribles
duplos no assoalho
de um ginásio vazio cheio de eco
em sua mente. Ele amarra junto frases doces
de melodias e traz
a batida de volta. Como se fosse uma perseguição
em Dantean, seu maquinário gira
enquanto sequestra frações
de segundos do interruptor de fader
como um timer ao lado da mesa
para uma partida rápida de xadrez. Ele disca de volta
a bateria e o baixo ao contraponto
circadiano, fone de ouvido carregado
à maneira de um arrombador de cofre usaria
dá duas voltas para a direita,
uma vez para a esquerda até o alto chapéu molhar-se
uma fôrma de bola e as ranhura do single
cortado numa disco de doze polegadas, amplamente
sulcado para fidelidade e baixo, órbita
o eixo como um o cinturão do asteroide que
que a agulha, uma prancheta de Ouija,
transporta em canais uma mensagem granulada de algum lugar. A mensagem
é um magneto, pendular sobre a multidão
que dança numa maré de ferro cinzenta no lento tatear
de um holofote, enaltecendo-os tautologicamente
para jogar suas mãos no ar,
ondeando-as.
Tradução de Dalcin Lima aos 02 de novembro de 2016.
MUST BE THE MUSIC
I plan out a beat juggle because
a beat juggle has to be planned out.
-- DJ Craze
Apothecary of beats
per minute, he knows
what grooves are curative
and combine safely. He doses
the dance floor and the aficionados
crowding the wheels
of steel whose spiraled irises dust
wonderment like skull-hung
disco balls. A cleric of milk crates,
he tables duplicates and executes crossovers
like a concert pianist -- so many, until
he's in touch with the spheres
trapped in the flat aspects of the records,
handles them like black
basketballs hand under
leg, behind back, isolating a single
beat on each, sounding double
dribbles on the hardwood
of an empty gym echo-located
in his mind. He fastens the hooks
of melodies together and brings
the beat back. As if in Dantean
persecution, his machinery revolves
while he snatches fractions
of seconds from the fader switch
like a board-side timer
for a speed-chess match. He dials back
the drum and bass to circadian
counterpoint, headset shouldered
the way a safecracker might,
gives two turns right,
once left 'til a high hat wets
a griddle and the grooves of the single
cut on the twelve-inch record, wide-
furrowed for fidelity and bass, orbit
the spindle like an asteroid belt that
the needle, a Ouija's planchette,
channels a grainy message from. The message
is a magnet, pendulous above the crowd
dancing tidal and iron-gray in the slow grope
of the spotlight, exalting them tautologically
to throw their hands in the air,
wave them.
VINHA
Eu arrastei meu primo de doze anos
para ver a produção da Broadway de Uma Vinha
ao Sol porque o mongol hip-hop
e solteiro espancador, Diddy, atuou
como protagonista. Um aspirante canto de rap deu
ao meu primo seu sobrenome e a criança casual
prova assim que eu pensei que o rapaz se entusiasmaria em ver o herói
pop em carne e osso como Walter Lee. Meu esposa recentemente
grávida e eu estava repetindo, como Diddy
trocando ficções, entregando-se a
personalidade assassina de mãos bem tratadas, para uma performance mais caseira.
Meu primo bocejou inteiramente por toda a peça.
Exceto na hora em que o filho adolescente de Walter Lee firmou-se
no palco como se arrebatado pelo som de uma bola de roleta.
Cena: ninguém respira a medida que Walter Lee cambaleia,
incerto da subserviência ou indignação depois de Lindner se propor
a resgatar a família da casa que eles compraram
no subúrbio todo branco. Walter devia ajoelhar-se para aceitar,
mas ele percebe a tensão no olhar fixo de seu filho. Eu estava pensando,
que apesar de verídico, o que Diddy faria? "Fique rico
ou morra tentando", 50 Cent nos diria. Mas meu pai cantaria
como Ricky Scaggs, "não fique sobre tua vinha",
quando criança eu jurei ser um homem maior que ele.
Aquele fruto despótico caiu pesado como uma bola
pesada no meu colo significando controlar meu ego, e eu imaginei
gerações ondulando num sucessão como uma conga
pisando em uvas que cantavam a canção de sucesso de Marvin. Estúpido,
eu sei. Fora do teatro, meu primo disse-me
quando Diddy era dois, acharam seu incansável pai
cobrindo um volante no Central Park,
uma bala na sua cabeça. Eu compartilhei o que eu conhecia de sonhos
adiados e Marvin Gaye. (Quando perguntado se ele gostava
de seu filho, Marvin Sr. Respondeu, "Deixe-nos apenas dizer eu não
desgosto dele."). Sob a jóia de muitos milhões de
díodos eu caminhava ao lado do garoto pela Times Square
como se esperando uma cortina mágica que seria levantada,
mas somente um de nós conseguiria fazer uma reverência.
Tradução de Dalcin Lima aos 10 de novembro de 2016.
RAISIN
I dragged my twelve year-old cousin
to see the Broadway production of A Raisin
in the Sun because the hip-hop mogul
and rapping bachelor, Diddy, played
the starring role. An aspiring rapper gave
my cousin his last name and the occasional child
support so I thought the boy would geek to see a pop
hero in the flesh as Walter Lee. My wife was newly
pregnant, and I was rehearsing, like Diddy
swapping fictions, surrendering his manicured
thug persona, for a more domestic performance.
My cousin mostly yawned throughout the play.
Except the moment Walter Lee’s tween son stiffened
on stage, as if rapt by the sound of a roulette ball.
Scene: no one breathes as Walter Lee vacillates,
uncertain of obsequity or indignation after Lindner offers
to buy the family out of the house they’ve purchased
in the all-white suburb. Walter might kneel to accept,
but he senses the tension in his son’s gaze. I was thinking,
for real though, what would Diddy do? “Get rich
or die trying,” 50 Cent would tell us. But my father would
sing like Ricky Scaggs, “Don’t get above your raisin’,”
when as a kid I vowed to be a bigger man than him.
That oppressive fruit dropped heavy as a medicine
ball in my lap meant to check my ego, and I imagined
generations wimpling in succession like the conga
marching raisins that sang Marvin’s hit song. Silly,
I know. Outside the theater, my cousin told me
when Diddy was two, they found his hustler dad
draping a steering wheel in Central Park,
a bullet in his head. I shared what I knew of dreams
deferred and Marvin Gaye. (When asked if he loved
his son, Marvin Sr. answered, “Let’s just say I didn’t
dislike him.”) Beneath the bling of many billion
diodes I walked beside the boy through Times Square
as if anticipating a magic curtain that would rise,
but only one of us would get to take a bow.
RAISIN. In: Brooklyn Poets. Disponível em: < http://brooklynpoets.org/poet/gregory-pardlo/>. Acesso em: 10. Nov. 2016.
HOMEM LENDO NA CAMA AO LADO DE UMA JANELA COM INSETOS
– uma janela do segundo andar, escurecida
exceto por uma simples lâmpada,
insetos alados rastejam através das fendas
numa grade como se buscassem asilo
na umidade da luz da lanterna do esquife.
a mensagem de notícias das cigarras
parece pressagiar tempestade e um cordame desfiado
na harmonia dos ramos do galho do salgueiro
e riacho acena, aplaude. O livro
é um gato em suas lambidas enquanto
cochila e escorrega através da tela
puída abaixo onde, por simpatia,
arqueia a grama alta que o vento
alisa como folha de couro do carvalho
na luz amarela do alpendre e brilha
pesadamente. Ele parte, cada degrau rumo os sons
abertos como o passar de uma página.
Quando a brisa o desperta ele fecha a janela,
ainda imaginando-se sem blusa no campo.
Cada poro é uma teta, cada teta um soquete que
a noite que liga na tomada sua calamina
a lâmpada do mineiro. Antes de levantar
as cobertas, ele fecha o livro e desliga
a luz, a pele cantando as asas invisíveis.
Tradução de Dalcin Lima aos 11 de novembro de 2016.
MAN READING IN BED BY A WINDOW WITH BUGS
-- a second floor window, darkened
but for a single lamp,
winged insects creep through a rift
in the screen as if seeking asylum
on the lamp's damp skiff of light.
the cicada's reporting ticker-tape
seems to augur a storm and a frayed cordage
of willow branch blanches in accord
and the brook nods, applauds. the book
is a cat in his lap as he nods
off and leaks through the frayed
screen down to where, in affection,
arches the tall grass the wind
strokes as oak leaves leather
in the yellow porch light and shine
dully. he sets off, each step toward the open
sounds like the turning of a page.
when the breeze wakes him he shuts the window,
still imagining himself shirtless in the field.
each pore is a teat, he thinks, each teat a socket
the night plugs in to power its calamine
miner's lamp. before turning up
the covers, he shuts the book and shuts
the light, skin singing of invisible wings.
ESCRITO POR ELE MESMO
Nasci a minutos numa cozinha à margem de estrada uma frigideira
- sussurrando meu nome. Nasci para a água de chuva e repousei.
Nasci no outro lado do rio onde nasci
emprestado com prendedores de roupa, um irrigador,
panfletos costurados nos meus sapatos. Eu voltei, até
isso te agradar, devido na haver culpa em mim mesmo,
bolsos cheios de café moído e cascas de ovo.
Nasci tranquilo e supersticioso; pari um inesperado peso morto.
Dei à luz, abençoei, dei origem a desconfiança.
Nasci abandonado lá fora no ar calorento,
ar flutuando como espíritos e um velha janela.
Nasci uma fração e uma cifra e uma lápide na entrada;
Fui um índice de primeiros versos quando nasci.
Nasci um teimoso até a cintura no pranto de lágrimas
não fui uma mulher e um irmão nasci
para este salão de espelhos, esta história de terror eu nasci
com um prólogo de referências, perseguido
por mosquitos e ladrões, nasci passando
pelos problemas do século XX: nasci.
Li mentes antes que que eu lesse peixes e pães;
Andei um pedaço do caminho sozinho antes de eu ter nascido.
Tradução de Dalcin Lima aos 11 de novembro de 2016.
WRITTEN BY HIMSELF
I was born in minutes in a roadside kitchen a skillet
whispering my name. I was born to rainwater and lye;
I was born across the river where I
was borrowed with clothespins, a harrow tooth,
broadsides sewn in my shoes. I returned, though
it please you, through no fault of my own,
pockets filled with coffee grounds and eggshells.
I was born still and superstitious; I bore an unexpected burden.
I gave birth, I gave blessing, I gave rise to suspicion.
I was born abandoned outdoors in the heat-shaped air,
air drifting like spirits and old windows.
I was born a fraction and a cipher and a ledger entry;
I was an index of first lines when I was born.
I was born waist-deep stubborn in the water crying
ain’t I a woman and a brother I was born
to this hall of mirrors, this horror story I was
born with a prologue of references, pursued
by mosquitoes and thieves, I was born passing
off the problem of the twentieth century: I was born.
I read minds before I could read fishes and loaves;
I walked a piece of the way alone before I was born.
WRITTEN BY HIMSELF. In: Poetry Foundation. Disponível em: < https://www.poetryfoundation.org/poems-and-poets/poems/detail/54800>. Acesso em: 11. Nov. 2016.
INVERNO DEPOIS DA GREVE
Acreditas,
se lançares o suficiente
tua rede de desejo e vontade, algo significativo
te responderá. Talvez nós mesmos sejamos a resposta —
cada um um eco encrespado hesitante, vibrando com o momento
antes de murmurar de volta.
Mas és imperturbável como Ulisses amarrado ao mastro, como foste
em 81 quando Reagan te ordenavas que voltasses ao trabalho. Eras presidente
do sindicato local que dirigias com tua voz de trabalhador,
a voz que conseguiu castigar o balé Ptoloméico de tráfego aéreo
com uma parada temporária.
A usaste para negar cruzar o piquete em que caminhei
contigo para fora do Newark International.
Sinto falta de me sentar ao teu lado no console enquanto trabalhavas
o turno do cemitério na torre. Mamãe e eu visitávamos com nosso
saco de dormir.
Eu podia ver o pedágio escuro por milhas, os sombrios
edifícios de escritórios piscando células com insônia, o asfalto
se estende a nossa frente como uma toalha de picnic e tu, como um Buda de jade
espalhado na incandescência daquele eletrocardiograma.
Colocarias o microfone a minha frente, acenarias com a cabeça e me permitirias
a palavra.
Chamavas de volta para casa minhas estrelas, trajetórias aéreas
de minha voz.
Dizes que precisas guiar aqueles leviatãs, cada um agarrado
na observação
de tua liturgia. Eu, também, vacilo na dura, agora oxidada música
de suas gaitas.
Sigo tua música até o dia de teu acidente na história que contavas:
tinhas dezesseis anos, saltando as grades que dividiam os alpendres das casas vizinhas
de um lado de Widener Place até o outro, tratavas de impressionar a mamãe.
Imagino a maneira com que saltavas cada uma como uma folha agitada
na água, alcançada
o penúltimo, a biqueira de borracha de teu tu sapato Chuck Taylor foi beijado
pelo corrimão, distorcendo teu ritmo e tu rodavas no ar
impetuoso,
braços estendidos, cambaleando até o último como um inescrupuloso
ou com vontade de vomitar. A maneira que aterrissaste, com tua garganta,
a coluna
pude ter-te arrancado a cabeça. Desde então, tua voz escapa
como um telegrama dos tempos de guerra: uma andrajosa comunicação escrita a máquina
que engoles com tua tosse de fumante negra como um aro de pneu
rodando na neve. Aquele inverno depois da greve,
éramos tão pobres que tu vendias tudo exceto nosso lar. Diga-me, papai,
se quando paravas na porta gritando me pra que entrasse à noite,
podias escutar-me falar dos flocos de neve caindo atrás
dos postes de luz?
Podias ouvir-me lá fora imitando tua imitação de orações?
Tradução de Dalcin Lima baseada na versão espanhola de Sergio Eduardo Cruz Flores no Círculo de Poesía. Disponível me:< http://circulodepoesia.com/2015/04/tres-poemas-de-gregory-pardlo/>. Acesso em: 14. Nov. 2016.
WINTER AFTER THE STRIKE
You believe,
if you cast wide enough
your net of want and will, something meaningful
will respond. Perhaps we are the response—
each a cresting echo hesitating, vibrant with the moment
before rippling back.
But you’re steadfast as Odysseus strapped to the mast, as you were
in ’81 when Reagan ordered you back to work. You were President
of the union local you steered with your working-man’s voice,
the voice that ground the Ptolemaic ballet of air traffic to
a temporary stop.
You used it to refuse to cross the picket line I walked
with you outside Newark International.
I miss sitting beside you at the console when you worked
graveyard shift in the tower. Mom and I visited with our
sleeping bags.
I could see the dark Turnpike for miles, the somber
office buildings winking insomniac cells, the tarmac
spread before us like a picnic blanket and you, like a jade Buddha
suffused in the glow of that radial EKG.
You’d push the microphone in front of me, nod, and let me
give the word.
I called all my stars home, trajectories bent on the weight
of my voice.
You say you miss tracking those leviathans, each one snagged
on the barb
of your liturgy. I, too, get reeled in by the hard, now rusty music
of your pipes.
I follow it back to the day of your accident in the story you tell:
you were sixteen, hurdling the railings dividing row-house porches
from one end of Widener Place to the other to impress Mom.
I imagine the way you cleared each one like a leaf bobbing
on water, catching
the penultimate, the rubber toe of your Chuck Taylors kissed
by the rail, upsetting your rhythm and you roiled in the air
headlong,
arms outstretched, stumbling toward the last like one hell-bent
or sick to the stomach. The way you landed, on your throat,
the rail
could have taken your head clean off. Since then, your voice issues
like some wartime communiqué: a ragged, typewritten dispatch
which you swallow with your smoker’s cough black as a tire
spinning in the snow. That winter after the strike,
we were so poor you sold everything but the house. Tell me, Dad,
when you’d stand at the door calling me in for the night,
could you hear me speaking to snowflakes falling beneath
the lamppost?
Could you hear me out there, imitating you imitating prayer?
WINTER AFTER THE STRIKE. In: Círculo de Poesía. Disponível em: < http://circulodepoesia.com/2015/04/tres-poemas-de-gregory-pardlo/>. Acesso em: 14. Nov. 2016.
CHAPEL AVENUE DEPOIS DE FECHAR
Cordas de violão atravessam o chão do estúdio
Entre cutículas de palhetas. O baixo
Em pé contra a pared defuma sua bolsa fechada.
Pago a banda e dividimos algumas bebeidas
Antes de por de pé os banquinhos do bar
Com a televisão emitindo luz
Carbonada contrapõem-se com a cobertura de mármore
Das correntes de ar. Na água de sabão, os copinhos
Escorregam, brindam e fazem uma trovoada na pia.
Tomo mais uma dose ao piano
E relembro como se encontravam os camaradas naquela noite.
Mas agora as chaves parecem ter sido perdidas
Por si mesmas. Detrás da porrta, a manhã faz crescer
Progressivamente a umidade, balançando com o piado das latas de lixo.
Tradução de Dalcin Lima baseada na versão espanhola de Sergio Eduardo Cruz Flores no Círculo de Poesía. Disponível me:< http://circulodepoesia.com/2015/04/tres-poemas-de-gregory-pardlo/>. Acesso em: 14. Nov. 2016.
CHAPEL AVENUE AFTER CLOSING
Guitar strings gossamer the bandstand floor
Amid cuticles of reeds. The upright
Bass against the wall bloats its zippered bag.
I pay the band and share a few more drinks
Before upending the stools on the bar
With the TV pouring carbonated
Light to counterpoint marbled canopies
Of air. In soapy water, shot-glasses
Slip, toast and make a thunder in the sink.
I have one more drink at the piano
And recall how the cats got down tonight.
But now the keys seem to have forgotten
Themselves. Outside the door, morning mounts its
Damp advance, swinging rust-bucket birdsongs
CHAPEL AVENUE AFTER CLOSING. In: Poetry Quarterly. Disponível me:< http://washingtonart.com/beltway/pardlo2.html>. Acesso em: 14. Nov. 2016.
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