TOCANDO OS SINOS
E é esta maneira que elas tocam
os sinos no manicômio
e esta é a senhora sino
que a cada terça-feira pela manhã
vem nos dar uma aula de música
e porque as auxiliares fazem você ir
e porque obedecemos por instinto,
como abelhas presas na colmeia errada,
somos o círculo das senhoras loucas
que sentam no salão do hospício
e sorriem para a mulher sorridente
que nos passa a cada uma um sino,
que aponta a minha mão
que segura meu sino, mi bemol,
e este é o vestido cinza próximo a mim
que resmunga como se fosse especial
ser velha, ser velha,
e esta é a pequena e encurvada garota esquilo
do meu outro lado,
a qual puxa os cabelos sobre os lábios,
puxa os cabelos sobre os lábios o dia todo,
e eis como os sinos realmente soam
tão limpos e tão incômodos
quanto uma prática cozinha,
e eis meu sino sempre respondendo
a minha mão que responde à senhora
que aponta para mim, mi bemol;
e ainda que não sejamos melhores para isso,
elas dizem para você ir. E você vai.
Tradução de Dalcin Lima aos 10 de janeiro de 2015.
RINGING THE BELLS
And this is the way they ring
the bells in Bedlam
and this is the bell-lady
who comes each Tuesday morning
to give us a music lesson
and because the attendants make you go
and because we mind by instinct,
like bees caught in the wrong hive,
we are the circle of crazy ladies
who sit in the lounge of the mental house
and smile at the smiling woman
who passes us each a bell,
who points at my hand
that holds my bell, E flat,
and this is the gray dress next to me
who grumbles as if it were special
to be old, to be old,
and this is the small hunched squirrel girl
on the other side of me
who picks at the hairs over her lip,
who picks at the hairs over her lip all day,
and this is how the bells really sound,
as untroubled and clean
as a workable kitchen,
and this is always my bell responding
to my hand that responds to the lady
who points at me, E flat;
and although we are not better for it,
they tell you to go. And you do.
RINGING THE BELLS. In: All Poetry. Disponível em: < https://allpoetry.com/Ringing-the-Bells>. Acesso em: 10. Jan. 2015.
A VICIADA
Mercadora de sono,
mercadora de morte,
com cápsulas em minhas mãos a cada noite,
oito de cada vez dos doces frascos farmacêuticos,
faço planos para uma jornada fixa de um quartilho.
Sou a rainha desta condição.
Sou uma expert em fazer a viagem
e agora dizem que sou viciada.
Agora perguntam por que.
POR QUE!
Não sabem
Que prometi morrer!
Mantenho a prática.
Estou meramente ficando em forma.
As pílulas são uma mãe, mas melhor,
Toda cor e tão boas quanto as balas azedas.
Estou numa dieta de morte.
Sim, admito
que chega a ser um pouco de costume –
estoura oito a cada vez, esmurrada no olho,
arrastada pelos boas-noites cor-de-rosa,
laranjas, verdes e brancos.
Estou me tornando algo de uma mistura
química.
É isso!
Meu suplemento
de comprimidos
tem que durar anos e anos.
gosto deles mais que de mim.
Resistentes feito o inferno, não se deixam passar.
É uma espécie de casamento.
É um tipo de guerra
em que planto bombas dentro
de mim mesma.
Sim,
tento
matar-me em pequenas quantidades –
uma ocupação inócua.
Estou realmente suspensa nisto.
Mas lembre-se: não faço muito barulho.
E francamente ninguém tem de me arrastar para fora
assim como não ficarei lá, de mortalha.
sou uma pequena botão-de-ouro de pijama amarelo
comendo meus oito pãezinhos numa algazarra
e numa certa ordem como numa
imposição de mãos
ou um negro sacramento.
É uma cerimônia,
Mas como qualquer outro esporte
É cheio de regras.
É como uma partida de tênis com música
Em que minha boca continua a agarrar a bola.
Deito-me então no meu altar
Elevada por oito beijos químicos:
Eis de que maneira me sacrifico:
Com dois cor-de-rosa, dois laranjas,
Dois verdes, dois brancos boas-noites.
Fee-fi-fo-fum –
Agora estou apropriada.
Agora estou dormente.
Tradução de Dalcin Lima aos 11 de janeiro de 2015.
THE ADDICT
Sleepmonger,
deathmonger,
with capsules in my palms each night,
eight at a time from sweet pharmaceutical bottles
I make arrangements for a pint-sized journey.
I'm the queen of this condition.
I'm an expert on making the trip
and now they say I'm an addict.
Now they ask why.
WHY!
Don't they know that I promised to die!
I'm keping in practice.
I'm merely staying in shape.
The pills are a mother, but better,
every color and as good as sour balls.
I'm on a diet from death.
Yes, I admit
it has gotten to be a bit of a habit-
blows eight at a time, socked in the eye,
hauled away by the pink, the orange,
the green and the white goodnights.
I'm becoming something of a chemical
mixture.
that's it!
My supply
of tablets
has got to last for years and years.
I like them more than I like me.
It's a kind of marriage.
It's a kind of war where I plant bombs inside
of myself.
Yes
I try
to kill myself in small amounts,
an innocuous occupatin.
Actually I'm hung up on it.
But remember I don't make too much noise.
And frankly no one has to lug me out
and I don't stand there in my winding sheet.
I'm a little buttercup in my yellow nightie
eating my eight loaves in a row
and in a certain order as in
the laying on of hands
or the black sacrament.
It's a ceremony
but like any other sport
it's full of rules.
It's like a musical tennis match where
my mouth keeps catching the ball.
Then I lie on; my altar
elevated by the eight chemical kisses.
What a lay me down this is
with two pink, two orange,
two green, two white goodnights.
Fee-fi-fo-fum-
Now I'm borrowed.
Now I'm numb.
THE ADDICT. In: All Poetry. Disponível em: < https://allpoetry.com/The-Addict>. Acesso em: 11. Jan. 2015.
RAPUNZEL
Uma mulher
que ama outra mulher
será sempre jovem.
A mestra
e a aluna
se alimentam uma da outra.
Muitas garotas
tiveram uma tia velha
que as trancavam no quarto
para mantê-las longe dos garotos.
Elas jogavam cartas
recostadas no sofá
e acariciavam-se:
velhos seios contra jovens seios...
Deixa que tua veste caia de teus ombros
e venha tocar esta cópia de ti,
pois estou à mercê da chuva
por ter abandonado os três Cristos de Ypsilanti,
por ter deixado as longas tolhas de Ann Arbor
e o obelisco da igreja se despedaçou.
O mar me golpeia o claustro
porque os astutos morrem,
morrem, por isso abraça-me, minha jovem bem-amada,
abraça-me...
a rosa amarela tornar-se-á cinza
e Nova York ficará em ruínas
antes que tenhamos terminado, por isso abraça-me,
minha jovem bem-amada, abraça-me.
Põe teus braços alvos a volta do meu pescoço.
Deixa-me estreitar teu coração como se fosse uma flor
para que floresça e não se perca.
Dá-me tua pele
tão fina como uma teia de aranha,
deixa-me abri-la
e escutá-la e tirar-lhe da solidão.
Dá-me teus lábios inferiores
inchados com sua arte
e eu te darei, em troca, um anjo febril.
Somos duas nuvens
cintilando numa garrafa de cristal.
Somos dois passarinhos
banhando-se no mesmo espelho.
Somos presa fácil
mas devemos ficar longe do fosso.
Somos fortes.
Somos as melhores.
Que ninguém nos descubra
pois nos recostamos juntas sobre o verde
qual pequeninhas ervas daninhas.
Abraça-me, minha jovem querida, abraça-me.
Elas se tocam os delicados mecanismos,
uma de cada vez
elas dançam ao som do alaúde,
duas de uma vez.
São delicadas como o musgo do pântano.
Elas brincam de "faz-me mamãe"
todo o dia.
Uma mulher
que ama outra mulher
será sempre jovem.
Era uma vez uma bruxa que tinha um jardim
mais formoso do que o de Eva
com cenouras que cresciam como pescados,
com muitos tomates gordos como rãs,
cebolas tão grandes quantos corações;
uma abóbora cantando como um delfim
e um terreninho entregue por inteiro à magia ―
rapúncio, uma espécie de tubérculo para salada,
um tipo de campânula mais potente que penicilina,
crescendo folha a folha, pele a pele,
tão fluídas, tão extasiadas como Isadora Duncan.
Não obstante, o jardim da bruxa permanecia trancado
e a cada dia, uma mulher grávida
olhava avidamente para o rapúncio
imaginando que morreria
se não o comesse.
Seu esposo, preocupado com seu bem estar,
subiu até o jardim
para conseguir aqueles tubérculos vitais.
Aha, aha, exclamou a bruxa,
cujo verdadeiro nome era mãe Gothel,
tu és um ladrão e agora vais morrer.
Eles, todavia, fizeram um trato,
típica solução para aqueles tempos.
Ele prometeu seu filho à mãe Gothel,
assim, de fato, quando a criança nasceu,
ele a levou para mãe Gothel.
Ela deu à criança o nome de Rapunzel,
um outro nome para o tubérculo vital rapúncio.
Como Rapunzel era uma linda garota,
mãe Gothel a adorava acima de todas as coisas.
Quando cresceu, a velha mãe Gothel pensou:
ninguém, somente eu, poderá vê-la ou tocá-la.
Ela a trancou numa torre sem portas
ou escadas. A torre tinha apenas uma janela no alto.
Quando a bruxa queria entrar, ela gritava:
"Rapunzel, Rapunzel, joga teu cabelo".
O cabelo de Rapunzel caia ao solo feito um arco-íris.
Era tão forte como um dente de leão
e tão mais resistente como uma coleira para cachorro.
Mão a mão, subia ela
pelo cabelo como se fosse um marinheiro.
E lá, no recinto de pedra fria,
tão frio como um museu,
mãe Gothel gritava:
Abraça-me, minha jovem querida, abraça-me,
e assim elas brincavam de "faz-me mamãe".
Anos mais tarde, apareceu um príncipe
e ouviu Rapunzel cantando sua solidão.
Aquela canção penetrou seu coração como um Cupido,
mas não encontrou um meio de chegar até ela.
Como um camaleão, escondeu-se entre as árvores
e observou a bruxa subir pela ondulada cabeleira.
No dia seguinte, ele mesmo chamou:
"Rapunzel, Rapunzel, joga teu cabelo",
e assim se conheceram e ele lhe declarou seu amor.
Que besta é essa, Rapunzel pensou,
com músculos nos braços
feito um saco de cobras?
Que musgo é esse em suas pernas?
Que erva espinhenta é essa que cresce em suas faces?
Que grunhido é esse tão profundo quanto ao de um cachorro?
Ele, todavia, a fascinou com suas respostas,
ele, todavia, a fascinou com sua verga dançante.
Deitaram-se juntos por sobre aqueles fios amarelos,
nadando por eles
como peixes entre as algas marinhas
e cantaram louvores ao Papa.
Cada dia o príncipe lhe levava um retalho de seda
para modelar uma escada que lhes permitisse escapar
juntos.
Mas mãe Gothel descobriu o enredo
e cortou o cabelo de Rapunzel rente as orelhas
e a levou até a floresta para que se arrependesse.
Quando o príncipe chegou, a bruxa prendeu o cabelo a um gancho
e o deixou cair.
Quando ele percebeu que Rapunzel fora exilada,
ele se arremessou da torre, como um pedaço de carne,
foi cegado por espinhos que penetraram seus olhos como cravos.
Cego como Édipo, vagou por anos
até que ele ouviu a canção que penetrou seu coração
como aquele velho Cupido.
Ao beijar Rapunzel, as lágrimas dela caíram sobre seus olhos
e, à maneira daquelas poções mágicas,
sua vista foi repentinamente restaurada.
Eles viveram felizes como se podia esperar
provando que "faz-me mamãe "
poderia ser superado,
como o peixe na sexta-feira,
como um triciclo.
O mundo, dizem alguns,
é feito de casais.
Uma rosa precisa ter um talo.
Quanto a mãe Gothel,
seu coração reduziu-se ao tamanho da cabeça de um alfinete,
jamais voltou a dizer: abraça-me, minha jovem querida, abraça-me,
e somente quando sonhou com aquela cabeleira amarela
um raio da lua esquadrinhou sua boca.
Traduzido do original inglês por Dalcin Lima, aos 18 de fevereiro de 2015, apoiado na versão espanhola de Patricia Rivas. In: Difusion Cultural. Disponível em:< http://www.difusioncultural.uam.mx/revista/feb2000/rivas.html >, por Dalcin Lima, em Fortaleza-Ce, aos 18 de fevereiro de 2015.
RAPUNZEL
Que besta é essa, Rapunzel pensou,
com músculos nos braços
feito um saco de cobras?
Que musgo é esse em suas pernas?
Que erva espinhenta é essa que cresce em suas faces?
Que grunhido é esse tão profundo quanto ao de um cachorro?
Ele, todavia, a fascinou com suas respostas,
ele, todavia, a fascinou com sua verga dançante.
Deitaram-se juntos por sobre aqueles fios amarelos,
nadando por eles
como peixes entre as algas marinhas
e cantaram louvores ao Papa.
Cada dia o príncipe lhe levava um retalho de seda
para modelar uma escada que lhes permitisse escapar
juntos.
Mas mãe Gothel descobriu o enredo
e cortou o cabelo de Rapunzel rente as orelhas
e a levou até a floresta para que se arrependesse.
Quando o príncipe chegou, a bruxa prendeu o cabelo a um gancho
e o deixou cair.
Quando ele percebeu que Rapunzel fora exilada,
ele se arremessou da torre, como um pedaço de carne,
foi cegado por espinhos que penetraram seus olhos como cravos.
Cego como Édipo, vagou por anos
até que ele ouviu a canção que penetrou seu coração
como aquele velho Cupido.
Ao beijar Rapunzel, as lágrimas dela caíram sobre seus olhos
e, à maneira daquelas poções mágicas,
sua vista foi repentinamente restaurada.
Eles viveram felizes como se podia esperar
provando que "faz-me mamãe "
poderia ser superado,
como o peixe na sexta-feira,
como um triciclo.
O mundo, dizem alguns,
é feito de casais.
Uma rosa precisa ter um talo.
Quanto a mãe Gothel,
seu coração reduziu-se ao tamanho da cabeça de um alfinete,
jamais voltou a dizer: abraça-me, minha jovem querida, abraça-me,
e somente quando sonhou com aquela cabeleira amarela
um raio da lua esquadrinhou sua boca.
Traduzido do original inglês por Dalcin Lima, aos 18 de fevereiro de 2015, apoiado na versão espanhola de Patricia Rivas. In: Difusion Cultural. Disponível em:< http://www.difusioncultural.uam.mx/revista/feb2000/rivas.html >, por Dalcin Lima, em Fortaleza-Ce, aos 18 de fevereiro de 2015.
RAPUNZEL
A woman
who loves a woman
is forever young.
The mentor
and the student
feed off each other.
Many a girl
had an old aunt
who locked her in the study
to keep the boys away.
They would play rummy
or lie on the couch
and touch and touch.
Old breast against young breast...
Let your dress fall down your shoulder,
come touch a copy of you
for I am at the mercy of rain,
for I have left the three Christs of Ypsilanti
for I have left the long naps of Ann Arbor
and the church spires have turned to stumps.
The sea bangs into my cloister
for the politicians are dying,
and dying so hold me, my young dear,
hold me...
The yellow rose will turn to cinder
and New York City will fall in
before we are done so hold me,
my young dear, hold me.
Put your pale arms around my neck.
Let me hold your heart like a flower
lest it bloom and collapse.
Give me your skin
as sheer as a cobweb,
let me open it up
and listen in and scoop out the dark.
Give me your nether lips
all puffy with their art
and I will give you angel fire in return.
We are two clouds
glistening in the bottle galss.
We are two birds
washing in the same mirror.
We were fair game
but we have kept out of the cesspool.
We are strong.
We are the good ones.
Do not discover us
for we lie together all in green
like pond weeds.
Hold me, my young dear, hold me.
They touch their delicate watches
one at a time.
They dance to the lute
two at a time.
They are as tender as bog moss.
They play mother-me-do
all day.
A woman
who loves a woman
is forever young.
Once there was a witch's garden
more beautiful than Eve's
with carrots growing like little fish,
with many tomatoes rich as frogs,
onions as ingrown as hearts,
the squash singing like a dolphin
and one patch given over wholly to magic --
rampion, a kind of salad root
a kind of harebell more potent than penicillin,
growing leaf by leaf, skin by skin.
as rapt and as fluid as Isadoran Duncan.
However the witch's garden was kept locked
and each day a woman who was with child
looked upon the rampion wildly,
fancying that she would die
if she could not have it.
Her husband feared for her welfare
and thus climbed into the garden
to fetch the life-giving tubers.
Ah ha, cried the witch,
whose proper name was Mother Gothel,
you are a thief and now you will die.
However they made a trade,
typical enough in those times.
He promised his child to Mother Gothel
so of course when it was born
she took the child away with her.
She gave the child the name Rapunzel,
another name for the life-giving rampion.
Because Rapunzel was a beautiful girl
Mother Gothel treasured her beyond all things.
As she grew older Mother Gothel thought:
None but I will ever see her or touch her.
She locked her in a tow without a door
or a staircase. It had only a high window.
When the witch wanted to enter she cried"
Rapunzel, Rapunzel, let down your hair.
Rapunzel's hair fell to the ground like a rainbow.
It was as strong as a dandelion
and as strong as a dog leash.
Hand over hand she shinnied up
the hair like a sailor
and there in the stone-cold room,
as cold as a museum,
Mother Gothel cried:
Hold me, my young dear, hold me,
and thus they played mother-me-do.
Years later a prince came by
and heard Rapunzel singing her loneliness.
That song pierced his heart like a valentine
but he could find no way to get to her.
Like a chameleon he hid himself among the trees
and watched the witch ascend the swinging hair.
The next day he himself called out:
Rapunzel, Rapunzel, let down your hair,
and thus they met and he declared his love.
What is this beast, she thought,
with muscles on his arms
like a bag of snakes?
What is this moss on his legs?
What prickly plant grows on his cheeks?
What is this voice as deep as a dog?
Yet he dazzled her with his answers.
Yet he dazzled her with his dancing stick.
They lay together upon the yellowy threads,
swimming through them
like minnows through kelp
and they sang out benedictions like the Pope.
Each day he brought her a skein of silk
to fashion a ladder so they could both escape.
But Mother Gothel discovered the plot
and cut off Rapunzel's hair to her ears
and took her into the forest to repent.
When the prince came the witch fastened
the hair to a hook and let it down.
When he saw Rapunzel had been banished
he flung himself out of the tower, a side of beef.
He was blinded by thorns that prickled him like tacks.
As blind as Oedipus he wandered for years
until he heard a song that pierced his heart
like that long-ago valentine.
As he kissed Rapunzel her tears fell on his eyes
and in the manner of such cure-alls
his sight was suddenly restored.
They lived happily as you might expect
proving that mother-me-do
can be outgrown,
just as the fish on Friday,
just as a tricycle.
The world, some say,
is made up of couples.
A rose must have a stem.
As for Mother Gothel,
her heart shrank to the size of a pin,
never again to say: Hold me, my young dear,
hold me,
and only as she dreamed of the yellow hair
did moonlight sift into her mouth.
RAPUNZEL. In: Poem Hunter. Disponível em: < http://www.poemhunter.com/poem/rapunzel-3/>. Acesso em: 18. Fev. 2015.
A VERDADE QUE OS MORTOS CONHECEM
who loves a woman
is forever young.
The mentor
and the student
feed off each other.
Many a girl
had an old aunt
who locked her in the study
to keep the boys away.
They would play rummy
or lie on the couch
and touch and touch.
Old breast against young breast...
Let your dress fall down your shoulder,
come touch a copy of you
for I am at the mercy of rain,
for I have left the three Christs of Ypsilanti
for I have left the long naps of Ann Arbor
and the church spires have turned to stumps.
The sea bangs into my cloister
for the politicians are dying,
and dying so hold me, my young dear,
hold me...
The yellow rose will turn to cinder
and New York City will fall in
before we are done so hold me,
my young dear, hold me.
Put your pale arms around my neck.
Let me hold your heart like a flower
lest it bloom and collapse.
Give me your skin
as sheer as a cobweb,
let me open it up
and listen in and scoop out the dark.
Give me your nether lips
all puffy with their art
and I will give you angel fire in return.
We are two clouds
glistening in the bottle galss.
We are two birds
washing in the same mirror.
We were fair game
but we have kept out of the cesspool.
We are strong.
We are the good ones.
Do not discover us
for we lie together all in green
like pond weeds.
Hold me, my young dear, hold me.
They touch their delicate watches
one at a time.
They dance to the lute
two at a time.
They are as tender as bog moss.
They play mother-me-do
all day.
A woman
who loves a woman
is forever young.
Once there was a witch's garden
more beautiful than Eve's
with carrots growing like little fish,
with many tomatoes rich as frogs,
onions as ingrown as hearts,
the squash singing like a dolphin
and one patch given over wholly to magic --
rampion, a kind of salad root
a kind of harebell more potent than penicillin,
growing leaf by leaf, skin by skin.
as rapt and as fluid as Isadoran Duncan.
However the witch's garden was kept locked
and each day a woman who was with child
looked upon the rampion wildly,
fancying that she would die
if she could not have it.
Her husband feared for her welfare
and thus climbed into the garden
to fetch the life-giving tubers.
Ah ha, cried the witch,
whose proper name was Mother Gothel,
you are a thief and now you will die.
However they made a trade,
typical enough in those times.
He promised his child to Mother Gothel
so of course when it was born
she took the child away with her.
She gave the child the name Rapunzel,
another name for the life-giving rampion.
Because Rapunzel was a beautiful girl
Mother Gothel treasured her beyond all things.
As she grew older Mother Gothel thought:
None but I will ever see her or touch her.
She locked her in a tow without a door
or a staircase. It had only a high window.
When the witch wanted to enter she cried"
Rapunzel, Rapunzel, let down your hair.
Rapunzel's hair fell to the ground like a rainbow.
It was as strong as a dandelion
and as strong as a dog leash.
Hand over hand she shinnied up
the hair like a sailor
and there in the stone-cold room,
as cold as a museum,
Mother Gothel cried:
Hold me, my young dear, hold me,
and thus they played mother-me-do.
Years later a prince came by
and heard Rapunzel singing her loneliness.
That song pierced his heart like a valentine
but he could find no way to get to her.
Like a chameleon he hid himself among the trees
and watched the witch ascend the swinging hair.
The next day he himself called out:
Rapunzel, Rapunzel, let down your hair,
and thus they met and he declared his love.
What is this beast, she thought,
with muscles on his arms
like a bag of snakes?
What is this moss on his legs?
What prickly plant grows on his cheeks?
What is this voice as deep as a dog?
Yet he dazzled her with his answers.
Yet he dazzled her with his dancing stick.
They lay together upon the yellowy threads,
swimming through them
like minnows through kelp
and they sang out benedictions like the Pope.
Each day he brought her a skein of silk
to fashion a ladder so they could both escape.
But Mother Gothel discovered the plot
and cut off Rapunzel's hair to her ears
and took her into the forest to repent.
When the prince came the witch fastened
the hair to a hook and let it down.
When he saw Rapunzel had been banished
he flung himself out of the tower, a side of beef.
He was blinded by thorns that prickled him like tacks.
As blind as Oedipus he wandered for years
until he heard a song that pierced his heart
like that long-ago valentine.
As he kissed Rapunzel her tears fell on his eyes
and in the manner of such cure-alls
his sight was suddenly restored.
They lived happily as you might expect
proving that mother-me-do
can be outgrown,
just as the fish on Friday,
just as a tricycle.
The world, some say,
is made up of couples.
A rose must have a stem.
As for Mother Gothel,
her heart shrank to the size of a pin,
never again to say: Hold me, my young dear,
hold me,
and only as she dreamed of the yellow hair
did moonlight sift into her mouth.
RAPUNZEL. In: Poem Hunter. Disponível em: < http://www.poemhunter.com/poem/rapunzel-3/>. Acesso em: 18. Fev. 2015.
A VERDADE QUE OS MORTOS CONHECEM
Para minha Mãe, nascida em março de 1902, morta em março de 1959
e meu Pai, nascido em fevereiro de 1900, morto em junho de 1959
Acabou-se, digo e me distancio da igreja,
Recusando a rígida procissão até a sepultura,
Deixando os mortos viajarem sós no carro fúnebre.
É junho. Estou cansada de ser valente.
Dirigimos até o cabo. Eu me desenvolvo
Onde o sol goteja do céu,
Onde o mar se agita como um portão de ferro
E nos comovemos. Em outro pais, pessoas morrem.
Querido, o vento desaba como pedras
Das águas calmas e quando nos tocamos,
Penetramo-nos inteiramente. Ninguém está sozinho.
Os homens matam por isso ou por algo mais.
E o que acontece com os mortos? Jazem sem sapatos
Em suas barcas de pedra. Eles são mais parecidos com pedras
Do que o mar seria se fosse suspenso. Eles recusam
ser abençoados, garganta, olho e nó dos dedos.
Tradução de Dalcin Lima aos 09 de março de 2015.
THE TRUTH THE DEAD KNOW
For my Mother, born March 1902, died March 1959
and my Father, born February 1900, died June 1959
Gone, I say and walk from church,
refusing the stiff procession to the grave,
letting the dead ride alone in the hearse.
It is June. I am tired of being brave.
We drive to the Cape. I cultivate
myself where the sun gutters from the sky,
where the sea swings in like an iron gate
and we touch. In another country people die.
My darling, the wind falls in like stones
from the whitehearted water and when we touch
we enter touch entirely. No one’s alone.
Men kill for this, or for as much.
And what of the dead? They lie without shoes
in their stone boats. They are more like stone
than the sea would be if it stopped. They refuse
to be blessed, throat, eye and knucklebone.
THE TRUTH THE DEAD KNOW. In: Academy of American Poets. Disponível em:< https://www.poets.org/poetsorg/poem/truth-dead-know>. Acesso em: 09. Mar. 2015.
QUERENDO MORRER
Já que pergunta, muitas vezes não consigo me lembrar.
Desfilo com minhas roupas, sem marca daquela viagem.
Então o quase indescritível desejo retorna.
Mesmo assim, não tenho nada contra a vida.
Conheço bem as lâminas de grama que você menciona,
a mobília que você colocou sob o sol.
Mas suicidas tem uma linguagem especial.
Como carpinteiros eles querem saber com quais ferramentas.
Nunca perguntam por que construir.
Por duas vezes tão simplesmente eu me declarei,
possuí o inimigo, devorei o inimigo,
possuí seu ofício, sua magia.
Desta maneira, pesada e pensativa,
mais quente que o óleo ou a água,
descansei, babando pelo orifício da boca.
Não imaginei meu corpo em ponto de cruz.
Ainda que a córnea e o resto da urina tenham desaparecido.
Suicidas já traíram o corpo.
Natimortos, eles nem sempre morrem,
mas confusos, eles não conseguem esquecer uma droga tão doce
que até crianças ao vê-la sorririam.
Acreditar que toda aquela vida está sob tua língua! —
Que, por si mesma, torna-se uma paixão.
A morte é um osso triste; machucado, você diria,
e, todavia, ela espera por mim, ano após ano,
para desfazer delicadamente uma antiga ferida,
esvaziar minha respiração de sua perversa prisão.
Equilibrados alí, suicidas algumas vezes se encontram,
Enfurecendo com o fruto, de uma lua alterada,
deixando o pão que confundiram com um beijo,
deixando a página do livro descuidadamente aberta,
algo não dito, o fone fora do gancho
e o amor, o que quer que tenha sido, uma infecção.
Tradução de Dalcin Lima aos 13 de março de 2015, apoiado na tradução de Estermann Meyer. In: a passagem dos dias. Disponível me:< http://fundodocopoprofundo.blogspot.com.br/2012/02/waiting-to-die-poema-traduzido-de-anne.html >. Acesso em: 13. Mai. 2015.
WANTING TO DIE
Since you ask, most days I cannot remember.
I walk in my clothing, unmarked by that voyage.
Then the almost unnameable lust returns.
Even then I have nothing against life.
I know well the grass blades you mention,
the furniture you have placed under the sun.
But suicides have a special language.
Like carpenters they want to know which tools.
They never ask why build.
Twice I have so simply declared myself,
have possessed the enemy, eaten the enemy,
have taken on his craft, his magic.
In this way, heavy and thoughtful,
warmer than oil or water,
I have rested, drooling at the mouth-hole.
I did not think of my body at needle point.
Even the cornea and the leftover urine were gone.
Suicides have already betrayed the body.
Still-born, they don’t always die,
but dazzled, they can’t forget a drug so sweet
that even children would look on and smile.
To thrust all that life under your tongue! —
that, all by itself, becomes a passion.
Death’s a sad bone; bruised, you’d say,
and yet she waits for me, year after year,
to so delicately undo an old wound,
to empty my breath from its bad prison.
Balanced there, suicides sometimes meet,
raging at the fruit a pumped-up moon,
leaving the bread they mistook for a kiss,
leaving the page of the book carelessly open,
something unsaid, the phone off the hook
and the love whatever it was, an infection.
WANTING TO DIE. In: Anne Sexton's Poetry. Disponível em:< http://annesextonpoetry.blogspot.com.br/2012/12/poem-1-wanting-to-die.html >. Acesso em: 13. Mar. 2015.
Acabou-se, digo e me distancio da igreja,
Recusando a rígida procissão até a sepultura,
Deixando os mortos viajarem sós no carro fúnebre.
É junho. Estou cansada de ser valente.
Dirigimos até o cabo. Eu me desenvolvo
Onde o sol goteja do céu,
Onde o mar se agita como um portão de ferro
E nos comovemos. Em outro pais, pessoas morrem.
Querido, o vento desaba como pedras
Das águas calmas e quando nos tocamos,
Penetramo-nos inteiramente. Ninguém está sozinho.
Os homens matam por isso ou por algo mais.
E o que acontece com os mortos? Jazem sem sapatos
Em suas barcas de pedra. Eles são mais parecidos com pedras
Do que o mar seria se fosse suspenso. Eles recusam
ser abençoados, garganta, olho e nó dos dedos.
Tradução de Dalcin Lima aos 09 de março de 2015.
THE TRUTH THE DEAD KNOW
For my Mother, born March 1902, died March 1959
and my Father, born February 1900, died June 1959
Gone, I say and walk from church,
refusing the stiff procession to the grave,
letting the dead ride alone in the hearse.
It is June. I am tired of being brave.
We drive to the Cape. I cultivate
myself where the sun gutters from the sky,
where the sea swings in like an iron gate
and we touch. In another country people die.
My darling, the wind falls in like stones
from the whitehearted water and when we touch
we enter touch entirely. No one’s alone.
Men kill for this, or for as much.
And what of the dead? They lie without shoes
in their stone boats. They are more like stone
than the sea would be if it stopped. They refuse
to be blessed, throat, eye and knucklebone.
THE TRUTH THE DEAD KNOW. In: Academy of American Poets. Disponível em:< https://www.poets.org/poetsorg/poem/truth-dead-know>. Acesso em: 09. Mar. 2015.
QUERENDO MORRER
Já que pergunta, muitas vezes não consigo me lembrar.
Desfilo com minhas roupas, sem marca daquela viagem.
Então o quase indescritível desejo retorna.
Mesmo assim, não tenho nada contra a vida.
Conheço bem as lâminas de grama que você menciona,
a mobília que você colocou sob o sol.
Mas suicidas tem uma linguagem especial.
Como carpinteiros eles querem saber com quais ferramentas.
Nunca perguntam por que construir.
Por duas vezes tão simplesmente eu me declarei,
possuí o inimigo, devorei o inimigo,
possuí seu ofício, sua magia.
Desta maneira, pesada e pensativa,
mais quente que o óleo ou a água,
descansei, babando pelo orifício da boca.
Não imaginei meu corpo em ponto de cruz.
Ainda que a córnea e o resto da urina tenham desaparecido.
Suicidas já traíram o corpo.
Natimortos, eles nem sempre morrem,
mas confusos, eles não conseguem esquecer uma droga tão doce
que até crianças ao vê-la sorririam.
Acreditar que toda aquela vida está sob tua língua! —
Que, por si mesma, torna-se uma paixão.
A morte é um osso triste; machucado, você diria,
e, todavia, ela espera por mim, ano após ano,
para desfazer delicadamente uma antiga ferida,
esvaziar minha respiração de sua perversa prisão.
Equilibrados alí, suicidas algumas vezes se encontram,
Enfurecendo com o fruto, de uma lua alterada,
deixando o pão que confundiram com um beijo,
deixando a página do livro descuidadamente aberta,
algo não dito, o fone fora do gancho
e o amor, o que quer que tenha sido, uma infecção.
Tradução de Dalcin Lima aos 13 de março de 2015, apoiado na tradução de Estermann Meyer. In: a passagem dos dias. Disponível me:< http://fundodocopoprofundo.blogspot.com.br/2012/02/waiting-to-die-poema-traduzido-de-anne.html >. Acesso em: 13. Mai. 2015.
WANTING TO DIE
Since you ask, most days I cannot remember.
I walk in my clothing, unmarked by that voyage.
Then the almost unnameable lust returns.
Even then I have nothing against life.
I know well the grass blades you mention,
the furniture you have placed under the sun.
But suicides have a special language.
Like carpenters they want to know which tools.
They never ask why build.
Twice I have so simply declared myself,
have possessed the enemy, eaten the enemy,
have taken on his craft, his magic.
In this way, heavy and thoughtful,
warmer than oil or water,
I have rested, drooling at the mouth-hole.
I did not think of my body at needle point.
Even the cornea and the leftover urine were gone.
Suicides have already betrayed the body.
Still-born, they don’t always die,
but dazzled, they can’t forget a drug so sweet
that even children would look on and smile.
To thrust all that life under your tongue! —
that, all by itself, becomes a passion.
Death’s a sad bone; bruised, you’d say,
and yet she waits for me, year after year,
to so delicately undo an old wound,
to empty my breath from its bad prison.
Balanced there, suicides sometimes meet,
raging at the fruit a pumped-up moon,
leaving the bread they mistook for a kiss,
leaving the page of the book carelessly open,
something unsaid, the phone off the hook
and the love whatever it was, an infection.
WANTING TO DIE. In: Anne Sexton's Poetry. Disponível em:< http://annesextonpoetry.blogspot.com.br/2012/12/poem-1-wanting-to-die.html >. Acesso em: 13. Mar. 2015.
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