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ANNE SEXTON, UMA MULHER UNINDO-SE AOS ANJOS




Poeta norte-americana contemporânea, que ganhou o Prêmio Pulitzer em 1967, Anne Sexton ficou melhor conhecida pela natureza autobiográfica implacável de sua poesia e por sua voz pessoal "confessional", a qual levou alguns fãs a acreditar, erroneamente, que tudo que ela escreveu acontecera realmente com ela.


Anne Sexton nasceu Anne Gray Harvey em 9 de novembro de 1928, em Newton, Massachusetts. A mais jovem das três filhas de Ralph Harvey, um bem-sucedido fabricante de lã, e Mary Gray Staples. Anne foi criada em Weston, Massachusetts, numa confortável situação de classe média, e passava o verão num complexo de casas da família em Squirrel Island no Maine, mas ele nunca estava à vontade com a vida que lhe impingiam. Seu pai era uma alcoólatra e as aspirações literárias da mãe foram frustradas pela vida familiar. Anne refugiava-se de sua família deficiente num relacionamento íntimo com Nana (Anna Ladd Dingley), sua tia-avó solteirona que morava com sua família durante a adolescência de Anne. Diane Middlebrook, biógrafa de Sexton, relata possível abuso de Anne por familiares de Anne durante sua infância; no mínimo, Anne achava que seus pais eram hostis para com ela e temia que eles pudessem abandoná-la. O posterior colapso nervoso e hospitalização de sua tia-avó Nana ambém a traumatizaram.

Anne não era afeita a vida escolar. Sua inabilidade para concentrar-se e frequente desobediência provocava os professores e os levava a encorajar os familiares dela a busca terapia para ela – conselho que seus pais não seguiram. Em 1954, eles a enviaram para Rogers Hall, uma escola interna em Lowell, Massachusetts, onde começou a escrever poesia e a atuar como atriz. Após graduar-se, ela compareceu brevemente aquilo que ela chamou de escola final. A beleza de e o senso de ousadia atraia muitos homens e aos dezenove anos Anne fugiu com Alfred Muller "Kayo" Sexton II, com que casou aos 6 de agosto de 1948. Os anos seguintes, então, foram vividos como estudantes recém-casados e muitos com seus familiares. Tempos depois, durante o serviço militar de Kayo na Coréia, Anne trabalhou, por breve espaço, como modelo. Em 1953 Anne deu a luz a sua primeira filha Linda Gray e Kayo, após dar baixa, começou a trabalhar como representante de vendas na empresa do pai de Anne. 

Deprimida após a morte de sua amada Nana, em 1954, e após o nascimento de Joyce Ladd, sua segunda filha, Anne voltou à terapia, agora com o psiquiatra Martin Orne. Sua depressão piorava e, todavia, durante as várias viagens a trabalho de Kayo, Sexton ocasionalmente agredia as filhas. Várias tentativas de suicídio levaram-na a constantes internações hospitalares, os quais seus familiares desaprovavam. Durante estes anos, o terapeuta de Anne a encorajou a escrever.

Em 1957, juntou-se a vários grupos de escritores de Boston e conheceu uma série de poetas tais como Maxine Kumin, Robert Lowell, George Starbuck e Sylvia Plath. Sua poesia tornou-se primordial para sua vida e ela tornou-se especialista em técnicas formais que ganharam sua ampla atenção. Em 1960 To Bedlam and Part Way Back (Para Bedlam e meio caminho de volta) foi publicado com boas críticas. Poemas tais como "You, Doctor Martin" (Você, Doutor Martin), "The Bells" (Os Sinos) e "The Double Image" (A Imagem Dupla) foram frequentemente enfaixados em antologias. Assim como outros então chamados poetas confessionais, como W. D. Snodgrass e Robert Lowell, Anne era capaz de convencer seus leitores de que seus poemas eram reminiscências de sua vida; não somente sua poesia era tecnicamente excelente, mas era significativa para os leitores do meio século que viviam diariamente com semelhantes tipos de medo e aflição.

Em 1959, Anne Sexton inesperadamente perdeu pai e mãe e a lembrança do difícil relacionamento com ambos – tão abruptamente terminada – levou-a a futuros colapsos. A poesia parecia o único caminho para a estabilidade, ainda que, às vezes, as amizades que ela fizera através de sua arte, as quais levavam-na a casos românticos, eram inquietantes. Seu casamento estava despedaçado pela discórdia e abuso físico à medida que seu marido via sua outrora esposa dependente tornar-se uma celebridade.

Em 1962 Anne Sexton publicou All My Pretty Ones (Todos os Meus Queridos). Sua poesia estava tão popular na Inglaterra que uma edição de Poemas Selecionados foi publicada lá como uma Seleta de Poesia em 1964. Em 1967, Anne recebeu o Prêmio Pulitzer de poesia por for Live or Die (Viva ou Morra) (1966), juntando-se ao acúmulo de honrarias como a Bolsa Frost para Conferência de Escritores de Bread Loaf (1959), a Bolsa do Instituto Radcliffe (1961), o Prêmio Levinson (1962), a bolsa de estudos da Academia Americana de Artes e Letras (1963), o Prêmio Shelley Memorial (1967), e um convite para dar o recital Morris Gray, em Harvard. Seguiu-se ainda uma Guggenheim Fellowship (Bolsa Guggenheim), bolsas da Fundação Ford, graus honorários, professorado na Universidade Colgate e Universidade de Boston, e outras honrarias.

A reputação de Anne Sexton como poeta chegou ao ápice com a publicação de Love Poems (Poemas de Amor) (1969), uma produção fora da Broadway de sua peça Mercy Street (Rua da Misericórdia) (1969) e a publicação dos poemas em prosa Transformations (Transformações) (1972). Obviamente seu trabalho feminista, as peças em Transformations falavam para um diferente tipo de leitor. A voz dela estava agora menos confessional e mais crítica de práticas culturais, mais inclinada a olhar para fora da persona da poeta por material. Em 1963, Anne Sexton viajou para a Europa e, em 1966, ela e Kayo foram para um safári na África. Em 1970 ela ajudou Kayo a iniciar seu próprio negócio após deixar os negócios na ex companhia do pai de Anne. Contrário à maneira aparentemente confiante de seu público, todavia, Anne era demasiadamente dependente de terapeutas, medicações, amigos íntimos – particularmente Maxine Kumin e, mais tarde, Lois Ames – e de amantes. Contínuos acessos depressivos, inesperados estados de transe e frequentes tentativas de suicídio mantinham seus familiares e amigos vigilantes e nervosos. Finalmente, em 1973, Anne Sexton disse a Kayo que queria divorciar-se dele e desde essa época um perceptível declínio de sua saúde e a estabilidade recomeçou à medida que a solidão, o alcoolismo e a depressão fizeram seus estragos.

Afastada de muitos de seus ex amigos, Anne Sexton tornou-se difícil para que suas filhas, em fase adulta, lidassem com ela. Ciente de que muitos de seus leitores não gostavam da poesia religiosa, que ela recentemente começara a escrever com seus temas mais pessoais, Anne Sexton tornou-se apreensiva no que tangia à sua poesia. Recitais sempre a aterrorizaram, mas agora ela empregava um grupo de rock para apoiar suas performances. Ela forçava a si mesma a ser uma animadora, enquanto seus poemas tornavam-se mais e mais particularmente sacros. Em 1972 Anne publicou The Book of Folly (O Livro da Loucura) e, em 1974, o abominavelmente intitulado The Death Notebooks (Os Cadernos da Morte). Mais tarde, naquele ano, ela completou The Awful Rowing toward God (A Terrível Remadura para Deus), publicado postumamente em 1975. Divorciada e morando sozinha, Anne Sexton estava solitária e parecia estar procurando por compaixão através de seus casos amorosos. Ela continuava sua psicoterapia, da qual ela evidentemente conseguia um pequeno conforto. No dia 4 de outubro de 1974, após ter almoçado com sua amiga Maxine Kumin, Anne Sexton praticou suicídio ao deixar-se asfixiar por monóxido de carbono na garagem de sua casa em Boston.

Anne Sexton foi sepultada no Forest Hills Cemetery and Crematory em Jamaica Plain, Boston, Massachusetts.

Outras coleções póstumas de seus poemas incluem 45 Mercy Street (Rua da Misericórdia, n° 45) (1976) e Words for Dr. Y: Uncollected Poems with Three Stories (Palavras para Dr. Y: Poemas Incolecionados com Três Histórias) (1978), ambos editados por sua filha mais velha Linda Gray Sexton. A publicação do trabalho de Anne Sexton culminou em The Complete Poems (Os Poemas Completos, que contém uma útil introdução da poeta por sua amiga e companheira, a também poeta Maxine Kumin) em 1981. Anne também escreveu importantes ensaios sobre poesia e fez perspicazes comentários em suas muitas entrevistas. Ela entendia o impulso imaginário, a maneira como o escritor usa tanto o fato quanto a imaginação no processo criativo; e, como Wallace Stevens, ela via sua arte como a “suprema ficção”, a realização mais refinada do escritor. Muito do que Anne Sexton escreveu estava fora do caminho autobiográfico, apesar do senso de realidade que aquilo apresentava e, assim, as críticas de sua escrita como "confessional" não são inteiramente verdadeiras. Ela usava seu conhecimento da condição humana – geralmente doloroso, mas às vezes alegre – para criar poemas que os leitores podiam ler e neles se identificarem.

A bibliografia de Anne inclui: To Bedlam and Part Way Back (Para o Manicômio e  Meio Caminho de  olta)(1960), All My Pretty Ones (Todos os Meus Queridos) (1962), Live or Die (Viva ou Morra)(1966), Love Poems (Poemas de Amor)(1969), Transformations (Transformações)(1971), The Book of Folly (O Livro da Loucura)(1972), The Death Notebooks (Os Cadernos da Morte)(1974), The Awful Rowing Toward God (A Terrível Remadura para Deus)(1975), 45 Mercy Street (Rua da Misericórdia, 45)(1976), and Words for Dr. Y.: Uncollected Poems (Palavras para Dr. Y: Poemas Incolecionados com Três Histórias) (1978). Seus poemas também foram colecionados em The Complete Poems (Os Poemas Completos) 1981). Também merece destaque Sexton's No Evil Star: Selected Essays, Interviews, and Prose (Nenhuma Estrela do Mal de Sexton: Ensaios, Entrevistas e Prosa) (1992), editado por Steven E. Colburn. Livros Infantis (Co-autoria com Maxine Kumin): Eggs of Things (Ovos das Coisas) (1963); More Eggs of Things (Mais Ovos das Coisas)(1964); Joey and the Birthday Present (Joey e o Presente de Aniversário)(1971); The Wizard's Tears (As Lágrimas do Mago)(1975). 

Maiores informações sobre sua vida e trabalho podem ser encontrados em Anne Sexton: A Biography (A Morte não é a Vida, em português) (1991), de Diane Wood Middlebrook. Resenhas de seu trabalho e ensaios críticos podem ser encontrados em Sexton: Selected Criticism (Sexton: Crítica Seleta), de Diane Hume George (1988); Critical Essays on Anne Sexton (Ensaios Críticos sobre Anne Sexton) (1989), de Linda Wagner-Martin; Anne Sexton: Telling the Tale (Anne Sexton: Contando a História) (1988), de Steven E. Colburn.


Perfil biobliográfico traduzido por Dalcin Lima a partir de Anne Sexton's Life (A Vida de Anne Sexton), de Linda Wagner-Martin. Disponível em: < http://www.english.illinois.edu/maps/poets/s_z/sexton/sexton_life.htm>. Acesso em: 23. Dez. 2014.
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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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