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JAZZONIA: 14 POEMAS DE LANGSTON HUGHES


JAZZONIA

Oh, árvore de prata!
Oh, rios brilhantes da alma!

Num cabaré do Harlem
Tocam seis “jazzers” de cabeças alongadas.
Uma dançarina de olhos sem vergonha
Ergue demais o vestido de seda dourada.

Oh, árvore cantante!
Oh, rios brilhantes da alma!

Seriam os olhos de Eva
No primeiro jardim
Um pouco mais sem-vergonha?
Cleópatra seria esplêndida
Num vestido de ouro, assim?

Oh, árvore brilhante!
Oh, rios de prata da alma!

Num cabaré giratório
Tocam seis “jazzers” de cabeças alongadas.

Tradução de Guilherme de Almeida. In: AS TRADUÇÕES DO POEMA “JAZZONIA”, DE LANGSTON HUGHES. Disponível em:< http://periodicos.unb.br/index.php/belasinfieis/article/viewFile/8478/6448>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


JAZZONIA


Oh, silver tree!
Oh, shining rivers of the soul!

In a Harlem cabaret
Six long-headed jazzers play.
A dancing girl whose eyes are bold
Lifts high a dress of silken gold.

Oh, singing tree!
Oh, shining rivers of the soul!

Were Eve's eyes
In the first garden
Just a bit too bold?
Was Cleopatra gorgeous
In a gown of gold?

Oh, shining tree!
Oh, silver rivers of the soul!

In a whirling cabaret
Six long-headed jazzers play.

JAZZONIA. In: PoemHunter.com. Disponível em:< http://www.poemhunter.com/poem/jazzonia/>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


O NEGRO FALA SOBRE RIOS

Conheço rios:
Conheço rios tão antigos quanto o mundo e mais velhos que
o fluxo de sangue humano nas veias humanas.

Minha alma se tornou profunda como os rios.

Banhei-me no Eufrates quando eram jovens as auroras.
Construí minha cabana junto ao Congo e ele me embalou o sono.
Olhei para o Nilo e acima dele levantei as pirâmides.
Ouvi o canto do Mississippi quando Abraham Lincoln
desceu até New Orleans e vi seu seio
lamacento tornar-se dourado ao pôr-do-sol.

Conheço rios:
Antigos, cinzentos rios.

Minha alma se tornou profunda como os rios.

Tradução mista de Carlos Machado e Dalcin Lima. In: Poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet011.htm>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


THE NEGRO SPEAKS OF RIVERS


I've known rivers:
I've known rivers ancient as the world and older than the
flow of human blood in human veins.

My soul has grown deep like the rivers.

I bathed in the Euphrates when dawns were young.
I built my hut near the Congo and it lulled me to sleep.
I looked upon the Nile and raised the pyramids above it.
I heard the singing of the Mississippi when Abe Lincoln
went down to New Orleans, and I've seen its muddy
bosom turn all golden in the sunset.

I've known rivers:
Ancient, dusky rivers.

My soul has grown deep like the rivers.

THE NEGRO SPEAKS OF RIVERS. In: Poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet011.htm>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

NEGRO


Sou Negro:
Negro como a noite é negra,
Negro como as profundezas da minha África.

Fui escravo:
Cesar me disse para manter os degraus da sua porta limpos.
Eu engraxei as botas de Washington.

Fui operário:
Sob minhas mãos ergueram-se as pirâmides.
Eu fiz a argamassa do Woolworth Building.

Fui cantor:
Durante todo o caminho da África até a Georgia
Carreguei minhas canções de dor.
Criei o ragtime.

Fui vítima:
Os belgas cortaram minhas mãos no Congo
Estão me linchando agora no Mississipi.

Sou Negro
Negro como a noite é negra
Negro como as profundezas da minha África.

Tradução de Leo Gonçalves. In: Salamalandro. Disponível em:< http://www.salamalandro.redezero.org/2-poemas-de-langston-hughes/>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

NEGRO


I am a Negro:
Black as the night is black,
Black like the depths of my Africa.

I’ve been a slave:
Caesar told me to keep his door-steps clean.
I brushed the boots of Washington.

I’ve been a worker:
Under my hand the pyramids arose.
I made mortar for the Woolworth Building.

I’ve been a singer:
All the way from Africa to Georgia
I carried my sorrow songs.
I made ragtime.

I’ve been a victim:
The Belgians cut off my hands in the Congo.
They lynch me still in Mississippi.

I am a Negro:
Black as the night is black,
Black like the depths of my Africa.

NEGRO. In: Salamalandro. Disponível em:< http://www.salamalandro.redezero.org/2-poemas-de-langston-hughes/>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


EU, TAMBÉM


Eu, também, canto a América

Eu sou o irmão mais preto.
Quando chegam as visitas,
Me mandam comer na cozinha.
Mas eu rio
E como bem,
E vou ficando mais forte.

Amanhã,
Quando chegarem as visitas
Me sentarei à mesa.
Ninguém ousará,
então,
me dizer,
“Vá comer na cozinha”.

Além do mais,
Eles verão quão bonito eu sou
E se envergonharão –

Eu, também, sou a América.

Tradução de Leo Gonçalves. In: Salamalandro. Disponível em:< http://www.salamalandro.redezero.org/2-poemas-de-langston-hughes/>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

I, TOO


I, too, sing America.

I am the darker brother.
They send me to eat in the kitchen
When company comes,
But I laugh,
And eat well,
And grow strong.

Tomorrow,
I’ll be at the table
When company comes.
Nobody’ll dare
Say to me,
“Eat in the kitchen,”
Then.

Besides,
They’ll see how beautiful I am
And be ashamed—

I, too, am America.

I, TOO. In: Poetry Foundation. Disponível em:< https://www.poetryfoundation.org/poems-and-poets/poems/detail/47558>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

CANÇÃO DE AMOR NA VITROLA


Pegaria o Harlem à noite
pra torcê-lo a teu redor,
Pra fazer uma coroa pegaria luz de neon,
Pegaria carro e Avenidas,
E os táxis, e o metrô,
E por tua canção de amor à surdina iria o tom
E do Harlem o rubor
Pulsaria como tambor,
Que gravado em rodopio,
A girar e a ser ouvido,
Faz dançar o dia nascido
Com você, mulata doce, que no Harlem acaricio.

Tradução de Fábio Malavoglia. In: Cultura FM 103.3. Disponível em:< http://culturafm.cmais.com.br/radiometropolis/lavra/langston-hughes-cancao-de-amor-na-vitrola>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


JUKE BOX LOVE SONG


I could take the Harlem night
and wrap around you,
Take the neon lights and make a crown,
Take the Lenox Avenue busses,
Taxis, subways,
And for your love song tone their rumble down.
Take Harlem's heartbeat,
Make a drumbeat,
Put it on a record, let it whirl,
And while we listen to it play,
Dance with you till day
Dance with you, my sweet brown Harlem girl.

JUKE BOX LOVE SONG. In: Cultura FM 103.3. Disponível em:< http://culturafm.cmais.com.br/radiometropolis/lavra/langston-hughes-cancao-de-amor-na-vitrola>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

O BLUES 


Se o sapato aperta
E nos pés é um quisto
Logo quando há pressa –
Saiba, o blues é isto.

E se você ia comprar um açúcar
E o tostão que tinha sumiu afinal –
o bolso furado em algum lugar –
Blues enfim é isto, e também é mal!

Tradução de Fábio Malavoglia. In: Cultura FM 103.3. Disponível em:< http://culturafm.cmais.com.br/radiometropolis/lavra/langston-hughes-cancao-de-amor-na-vitrola>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

THE BLUES


When the shoe strings break
On both your shoes
And you're in a hurry –
That's the blues.

When you go to buy a candy bar
And you've lost the dime you had –
Slipped through a hole in your pocket somewhere –
That's the blues, too, and bad!

THE BLUES. In: Cultura FM 103.3. Disponível em:< http://culturafm.cmais.com.br/radiometropolis/lavra/langston-hughes-cancao-de-amor-na-vitrola>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

CANÇÃO DA CHUVA DE ABRIL


Deixe a chuva beijar você
Deixe a chuva pingar na tua testa as gotas de água e prata
Deixe a chuva entoar um acalanto
A chuva faz ainda poças na calçada
A chuva faz correr regatos na sarjeta
A chuva chora miúda doce ao sono sobre nosso canto
E eu amo a chuva.

Tradução de Fábio Malavoglia. In: Cultura FM 103.3. Disponível em:< http://culturafm.cmais.com.br/radiometropolis/lavra/langston-hughes-cancao-de-amor-na-vitrola>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


APRIL RAIN SONG


Let the rain kiss you
Let the rain beat upon your head with silver liquid drops
Let the rain sing you a lullaby
The rain makes still pools on the sidewalk
The rain makes running pools in the gutter
The rain plays a little sleep song on our roof at night
And I love the rain.

APRIL RAIN SONG. In: Cultura FM 103.3. Disponível em:< http://culturafm.cmais.com.br/radiometropolis/lavra/langston-hughes-cancao-de-amor-na-vitrola>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

DESEJO


O desejo para nós
Foi como uma morte dupla
Veloz perecer
Da nossa respiração confusa,
A evaporação rápida
De um perfume estranho e desconhecido
Entre nós
Num quarto
Despido

Tradução de Luisa Marinho. In: Tempus Fugit. Disponível em:< http://otempofoge-arquivo.blogspot.com.br/2006/12/langston-hughes-tradues_26.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

DESIRE


Desire to us
Was like a double death,
Swift dying
Of our mingled breath,
Evaporation
Of an unknown strange perfume
Between us quickly
In a naked
Room

DESIRE. In: Tempus Fugit. Disponível em:< http://otempofoge-arquivo.blogspot.com.br/2006/12/langston-hughes-tradues_26.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

ASPIRAÇÃO


Estirar os braços
Ao sol nalgum lugar
E até que morra o dia
Dançar, pular, cantar!
Depois sob uma árvore,
Quando já entardeceu,
Enquanto a noite vem
– Negra como eu –
Descansar... É o que quero!

Estirar os braços
Ao sol nalgum lugar,
Cantar, pular, dançar
Até que a tarde caia!
E dormir sob uma árvore
– Este o desejo meu –
Quando a noite baixar
Negra como eu.

Tradução de Manuel Bandeira. In: Poesia contra a guerra. Disponível em:< http://poesiacontraaguerra.blogspot.com.br/2008/02/aspirao.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


DREAM VARIATIONS


To fling my arms wide
In some place of the sun,
To whirl and to dance
Till the white day is done.
Then rest at cool evening
Beneath a tall tree
While night comes on gently,
Dark like me—
That is my dream!

To fling my arms wide
In the face of the sun,
Dance! Whirl! Whirl!
Till the quick day is done.
Rest at pale evening . . .
A tall, slim tree . . .
Night coming tenderly
Black like me.

DREAM VARIATIONS. In: Academy of American Poets. Disponível em:< https://www.poets.org/poetsorg/poem/dream-variations>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

LUA DE MARÇO


A lua está despida.
O vento despiu a lua.
O vento arrancou do corpo da lua
as suas vestes de nuvens.
E agora ela está nua,
inteiramente nua.

Mas já não coras,
ó lua impudica?
Pois tu não sabes
que não é bonito estar nua?

Tradução de Manuel Bandeira. In: Cultura Jornal Angolano de Artes e Letras. Disponível em:< http://jornalcultura.sapo.ao/dialogo-intercultural/seis-poemas-de-langston-hughes>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


MARCH MOON


The moon is naked.
The wind has undressed the moon.
The wind has blown all the cloud-garments
Off the body of the moon
And now she's naked,
Stark naked.

But why don't you blush,
O shameless moon?
Don't you know
It isn't nice to be naked?

MARCH MOON. In: Poetry Nook. Disponível em:< http://poetrynook.com/poem/march-moon>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


POEMA (PARA F.S.) 


Eu amava o meu amigo
Ele afastou-se de mim
Nada mais há a dizer
O poema acaba
Suave como começou -
Eu amava o meu amigo

Tradução de Luisa Marinho. In: Tempus Fugit. Disponível em:< http://otempofoge-arquivo.blogspot.com.br/2006/12/langston-hughes-tradues_26.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


POEM (TO F.S.)


I loved my friend
He went away from me
There's nothing more to say
The poem ends
Soft as it began -
I loved my friend.

POEM (TO F.S.). In: Tempus Fugit. Disponível em:< http://otempofoge-arquivo.blogspot.com.br/2006/12/langston-hughes-tradues_26.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.
ENNUI


É muito
Aborrecido
Ser sempre
Mendigo

Tradução de Luisa Marinho. In: Tempus Fugit. Disponível em:< http://otempofoge-arquivo.blogspot.com.br/2006/12/langston-hughes-tradues_26.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

ENNUI



It's such a
Bore
Being always
Poor

ENNUI. In: Tempus Fugit. Disponível em:< http://otempofoge-arquivo.blogspot.com.br/2006/12/langston-hughes-tradues_26.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.


JUSTIÇA


Que a Justiça é uma deusa cega
É uma coisa para a qual nós negros somos sábios:
Sua venda esconde dois buracos feridos
Que talvez quem sabe sejam os olhos.

Tradução de Spersivo. In: Viva a Poesia. Disponível em:< http://serpoeta.blogspot.com.br/2008/07/tres-poemas-de-langston-hughes.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

JUSTICE


That Justice is a blind goddess
Is a thing to which we black are wise:
Her bandage hides two festering sores
That once perhaps were eyes.

JUSTICE. In: Viva a Poesia. Disponível em:< http://serpoeta.blogspot.com.br/2008/07/tres-poemas-de-langston-hughes.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.
NOTAS DE UM SUICÍDIO


A calma,
A face fria do rio
Me pedindo um beijo.

Tradução de Spersivo. In: Viva a Poesia. Disponível em:< http://serpoeta.blogspot.com.br/2008/07/tres-poemas-de-langston-hughes.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.

SUICIDE'S NOTE


The calm,
Cool face of the river
Asked me for a kiss.

SUICIDE'S NOTE. In: Viva a Poesia. Disponível em:< http://serpoeta.blogspot.com.br/2008/07/tres-poemas-de-langston-hughes.html>. Acesso em: 24. Jul. 2016.
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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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1 comentários:

  1. Encontrei um canal com tradução simultânea do inglês para o português, espanhol e francês do poema Negro
    https://youtu.be/qVYGXSsG100

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