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O HOMEM DO VIOLÃO AZUL: A MUSICALIDADE VERBAL DE WALLACE STEVENS


O HOMEM DO VIOLÃO AZUL

I
Homem curvado sobre violão,
Como se fosse foice. Dia verde.

Disseram: "É azul teu violão,
Não tocas as coisas tais como são".

E o homem disse: As coisas tais como são
Se modificam sobre o violão".

E eles disseram: "Toca uma canção
Que esteja além de nós, mas seja nós,

No violão azul, toca a canção
Das coisas justamente como são".

II
Não sei fechar um mundo bem redondo,
Ainda que o remende como sei.

Canto heróis de grandes olhos, barbas
De bronze, mas homem jamais cantei.

Ainda que o remende como sei
E chegue quase ao homem que não cantei.

Mas se cantar só quase ao homem
Não chega às coisas tais como são,

Então que seja só o cantar azul
De um homem que toca violão.


Traduzido por Paulo Henriques Britto (In Wallace Stevens, Poemas. Seleção, tradução e introdução de Paulo Henriques Britto. Companhia das Letras, São Paulo, 1987), In: Poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet055.htm>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


THE MAN WITH THE BLUE GUITAR

I
The man bent over his guitar,
A shearsman of sorts. The day was green. 

They said, "You have a blue guitar,
You do not play things as they are."

The man replied, "Things as they are
Are changed upon the blue guitar."

And they said to him, "But play, you must,
A tune beyond us, yet ourselves,

A tune upon the blue guitar,
Of things exactly as they are."

II
I cannot bring a world quite round,
Although I patch it as I can.

I sing a hero's head, large eye
And bearded bronze, but not a man,

Although I patch him as I can
And reach through him almost to man.

If a serenade almost to man
Is to miss, by that, things as they are,

Say that it is the serenade
Of a man that plays a blue guitar.


THE MAN WITH THE BLUE GUITAR (except). In: The Literature Network. Disponível em:< http://www.online-literature.com/forums/showthread.php?44742-The-Man-with-the-Blue-Guitar> Acesso em: 17. Mai. 2016


O IMPERADOR DO SORVETE


Chama o enrolador de charutos,
O musculoso, e pede que ele bata
Em xícaras caseiras cremes lúbricos.
Que as raparigas vistam as roupas
Que é seu costume usar, e os rapazes
Tragam flores no jornal do mês passado.
Que parecer termine em ser somente.
O único imperador é o imperador do sorvete.

Pega no armário de pinho,
Com os puxadores de vidro quebrados,
O lençol que ela bordou com pombas
E cobre todo o corpo dela, até o rosto.
Se um pé ossudo aparecer, verão
Que fria e dura que ela está.
Que fixe a lâmpada seu feixe quente.
O único imperador é o imperador do sorvete.


Traduzido por Paulo Henriques Britto (In Wallace Stevens, Poemas. Seleção, tradução e introdução de Paulo Henriques Britto. Companhia das Letras, São Paulo, 1987), In: Poesia.net. Disponível em:< http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet055.htm>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


THE EMPEROR OF ICE-CREAM


Call the roller of big cigars,
The muscular one, and bid him whip
In kitchen cups concupiscent curds.
Let the wenches dawdle in such dress
As they are used to wear, and let the boys
Bring flowers in last month's newspapers.
Let be be finale of seem.
The only emperor is the emperor of ice-cream.

Take from the dresser of deal,
Lacking the three glass knobs, that sheet
On which she embroidered fantails once
And spread it so as to cover her face.
If her horny feet protrude, they come
To show how cold she is, and dumb.
Let the lamp affix its beam.
The only emperor is the emperor of ice-cream.


THE EMPEROR OF ICE-CREAM. In: Academy of American Poets. Disponível em:< https://www.poets.org/poetsorg/poem/emperor-ice-cream>. Acesso em: 17. Mai. 2016.
O HOMEM DA NEVE


É preciso uma mente de inverno
Para olhar a geada e os ramos
Dos pinheiros cobertos pela nevada

E há muito tempo fazer frio
Para observar os zimbros arrepiados de gelo,
Os abetos ásperos no brilho distante

Do sol de janeiro; e não pensar
Em qualquer miséria no som do vento,
No som de umas poucas folhas

Que é o som da terra
Cheia do mesmo vento
Que sopra no mesmo lugar vazio

Para alguém que escuta, escuta na neve,
E, ausente, observa
Nada que não está lá e o nada que é.


Tradução de Paulo Venâncio Filho. In: O Poema. Disponível em: < http://www.culturapara.art.br/opoema/wallacestevens/wallacestevens.htm>. Acesso em: 17. Mai. 2016.

THE SNOW MAN


One must have a mind of winter
To regard the frost and the boughs
Of the pine-trees crusted with snow;

And have been cold a long time
To behold the junipers shagged with ice,
The spruces rough in the distant glitter

Of the January sun; and not to think
Of any misery in the sound of the wind,
In the sound of a few leaves,

Which is the sound of the land
Full of the same wind
That is blowing in the same bare place

For the listener, who listens in the snow,
And, nothing himself, beholds
Nothing that is not there and the nothing that is.


THE SNOW MAN. In: Academy of American Poets. Disponível em:< https://www.poets.org/poetsorg/poem/snow-man>. Acesso em: 17. Mai. 2016.

MONTANHA DE JULHO


Nós vivemos numa constelação
De retalho e retinir de sons,
E não num mundo uno, nas coisas ditas
Acuradamente em música ou fala,
Como em piano ou página de poesia –
pensadores sem pensamentos últimos
Num cosmos sempre e sempre incipiente,
Como, ao se subir uma montanha,
Vermont reúne seus vários pedaços.


Tradução de João Moura Jr. In: O Poema. Disponível em: < http://www.culturapara.art.br/opoema/wallacestevens/wallacestevens.htm>. Acesso em: 17. Mai. 2016.

JULY MOUNTAIN


We live in a constellation
Of patches and of pitches,
Not in a single world,
In things said well in music,
On the piano, and in speech,
As in a page of poetry --
Thinkers without final thoughts
In an always incipient cosmos,
The way, when we climb a mountain,
Vermont throws itself together.



JULY MOUNTAIN. In: First Known When Lost. Disponível em: < http://firstknownwhenlost.blogspot.com.br/2011/07/july-mountain.html>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


A POESIA É UMA FORÇA DESTRUTIVA

Isto é que é a miséria,
Nada Ter no coração.
É Ter ou nada.

É uma coisa Ter,
Um leão, um boi no seu peito,
Senti-la respirando ali.

Corazón, cachorro bravo,
Bezerro, urso de pernas tortas,
Ele prova seu sangue, não cospe.

É como um homem
No corpo de uma fera violenta.
São seus os músculos dela...

O leão dorme ao sol.
O nariz entre as patas.
Ela pode matar um homem.


Tradução de Ronaldo Brito. In: O Poema. Disponível em: < http://www.culturapara.art.br/opoema/wallacestevens/wallacestevens.htm>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


POETRY IS A DESTRUCTIVE FORCE


That's what misery is,
Nothing to have at heart.
It is to have or nothing.

It is a thing to have,
A lion, an ox in his breast,
To feel it breathing there.

Corazón, stout dog,
Young ox, bow-legged bear,
He tastes its blood, not spit.

He is like a man
In the body of a violent beast.
Its muscles are his own . . .

The lion sleeps in the sun.
Its nose is on its paws.
It can kill a man.


POETRY IS A DESTRUCTIVE FORCE. In: Poetry Foundation. Disponível em: http://www.poetryfoundation.org/poems-and-poets/poems/detail/57606>. Acesso em: 17. Mai. 2016.

RE-DECLARAÇÃO DE ROMANCE


A noite nada sabe dos cantos da noite
É o que é como sou o que sou:
E em percebendo isto percebo melhor a mim

E a você. Só nós dois podemos trocar
Um no outro o que cada um tem para dar.
Só nós dois somos um, não você e a noite,

Nem a noite e eu, mas você e eu, sozinhos,
Tão sozinhos, tão profundamente nós mesmos,
Tão mas além das casuais solitudes,

Que a noite é apenas um fundo para nós,
Supremamente fiel cada um a seu próprio eu,
Na pálida luz que um sobre o outro joga


Tradução de Ronaldo Brito. In: O Poema. Disponível em: < http://www.culturapara.art.br/opoema/wallacestevens/wallacestevens.htm>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


RE-STATEMENT OF ROMANCE


The night knows nothing of the chants of night.
It is what it is as I am what I am:
And in perceiving this I best perceive myself

And you. Only we two may interchange
Each in the other what each has to give.
Only we two are one, not you and night,

Nor night and I, but you and I, alone,
So much alone, so deeply by ourselves,
So far beyond the casual solitudes,

That night is only the background of our selves,
Supremely true each to its separate self,
In the pale light that each upon the other throws.


RE-STATEMENT OF ROMANCE. In: Tumblr. Disponível em:< http://wallacestevens.tumblr.com/post/41738998143/re-statement-of-romance>. Acesso em: 17. Mai. 2016.

TATUAGEM


A luz lembra uma aranha.
Caminha sobre a água.
Caminha pelas margens da neve.
Penetra sob as tuas pálpebras
E espalha ali suas teias –
Duas teias.

As teias de teus olhos
Estão atadas
À carne e aos ossos teus
Como a um caibro ou capim.

Há filamentos de teus olhos
Na superfície da água
E nas margens da neve.


Tradução de Augusto de Campos (em Poesia da Recusa, publicado em 2006 pela Perspectiva). In: Revista Piaui. Disponível em:< http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/seis-poemas-de-wallace-stevens/>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


TATTOO


The light is like a spider.
It crawls over the water.
It crawls over the edges of the snow.
It crawls under your eyelids
And spreads its webs there—
Its two webs.

The webs of your eyes
Are fastened
To the flesh and bones of you
As to rafters or grass.

There are filaments of your eyes
On the surface of the water
And in the edges of the snow.


TATTOO. In: All Poetry. Disponível em:< http://allpoetry.com/Tattoo>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


OS VERMES AOS PORTÕES DO PARAÍSO


Da tumba, trazemos Badrulbadur,
Em nossos ventres, sua carruagem.
Eis um olho. E eis aqui, um por um,
Os cílios desse olho e a alva pálpebra.
Eis a face em que a pálpebra descia,
E aqui, dedo após dedo, eis a mão,
O gênio dessa face. Eis os lábios,
Eis o fardo do corpo, mais os pés.

. . . . . . . . . . .

Da tumba trazemos Badrulbadur.


Tradução de Augusto de Campos (em Poesia da Recusa, publicado em 2006 pela Perspectiva). In: Revista Piaui. Disponível em:< http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/seis-poemas-de-wallace-stevens/>. Acesso em: 17. Mai. 2016. 


THE WORMS AT HEAVEN’S GATE


Out of the tomb, we bring Badroulbadour,
Within our bellies, we her chariot.
Here is an eye. And here are, one by one,
The lashes of that eye and its white lid.
Here is the cheek on which that lid declined,
And, finger after finger, here, the hand,
The genius of that cheek. Here are the lips,
The bundle of the body and the feet.

. . . . . . . . . . .

Out of the tomb we bring Badroulbadour.


THE WORMS AT HEAVEN’S GATE. In: Rose Cantine. Disponível em https://rosecantine.com/2006/06/30/poem-of-the-day-the-worms-at-heavens-gate/>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


O CÉU CONCEBIDO COMO UM TÚMULO 


Que me dizeis, intérpretes, dos que
No túmulo do céu andam à noite,
Fantasmas negros da comédia finda?
Creem, talvez, que vagarão pra sempre
No frio, no escuro, com lanternas altas,
Libertos da morte, a buscar sem trégua
O que quer que busquem? Ou a lembrança
Do enterro, portão da espiritual
Chegada ao nada, é antevisão diária 


Daquela noite única e abissal
Em que as hostes não mais caminharão,
Nem mais lanternas riscarão a treva?
Gritai essa pergunta aos céus, que a ouçam
Os sombrios comediantes, e a respondam
Do seu longínquo e gélido Élysée.


Tradução de Paulo Henriques Britto. In: Revista Piaui. Disponível em:< http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/seis-poemas-de-wallace-stevens/>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


OF HEAVEN CONSIDERED AS A TOMB


What word have you, interpreters, of men
Who in the tomb of heaven walk by night,
The darkened ghosts of our old comedy?
Do they believe they range the gusty cold,
With lanterns borne aloft to light the way,
Freemen of death, about and still about
To find whatever it is they seek? Or does
That burial, pillared up each day as porte
And spiritous passage into nothingness,

Foretell each night the one abysmal night,
When the host shall no more wander, nor the light
Of the steadfast lanterns creep across the dark?
Make hue among the dark comedians,
Halloo them in the topmost distances
For answer from their icy Élysée.


OF HEAVEN CONSIDERED AS A TOMB. In: Bartleby. Disponível em:< http://www.bartleby.com/300/2364.html>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


CANÇÃO


Há coisas esplêndidas acontecendo
No mundo,
Coelhinho.
Há uma donzela,
Mais doce que o som do salgueiro,
Mais suave que água rasa
Correndo sobre seixos.
No domingo,
Ela veste um casaco longo,
Com doze botões.
Conta isso à tua mãe.


Tradução de Paulo Henriques Britto. In: Revista Piaui. Disponível em:< http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/seis-poemas-de-wallace-stevens/>. Acesso em: 17. Mai. 2016.

SONG


There are great things doing
In the world,
Little rabbit.
There is a damsel,
Sweeter than the sound of the willow,
Dearer than shallow water
Flowing over pebbles.
Of a Sunday,
She wears a long coat,
With twelve buttons on it.
Tell that to your mother.


SONG. In: Revista Piaui. Disponível em:< http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/seis-poemas-de-wallace-stevens/>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


PARVOÁLIA


Essa flor estranha, o sol,
É o que você diz que é.
Se é assim que você quer.

O mundo é feio,
E ninguém é feliz.

Esse tufo de plumas de bugre,
Esse olho animal,
É o que você diz que é.

Esse selvagem de fogo,
Essa semente,
Se é assim que você quer.

O mundo é feio,
E ninguém é feliz.


Tradução de Paulo Henriques Britto. In: Revista Piaui. Disponível em:< http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/seis-poemas-de-wallace-stevens/>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


GUBBINAL


That strange flower, the sun,
Is just what you say.
Have it your way.

The world is ugly,
And the people are sad.

That tuft of jungle feathers,
That animal eye,
Is just what you say.

That savage of fire,
That seed,
Have it your way.

The world is ugly,
And the people are sad.


GUBBINAL
. In: As It Ought to Be. Disponível em https://asitoughttobe.com/2010/03/20/gubbinal-by-wallace-stevens/>. Acesso em: 17. Mai. 2016.

DEPRESSÃO ANTES DA PRIMAVERA


O galo canta,
Mas rainha alguma se levanta.

Minha loura tem cabelos
Deslumbrantes,
Como o cuspo das vacas
Costurando o vento.

Uô! Uô!

Mas cocoricó
Não traz curru nenhum,
Nenhum curru-curru.

Mas rainha alguma vem
Com verde chinelinha.


Tradução de Paulo Henriques Britto. In: Revista Piaui. Disponível em:< http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/seis-poemas-de-wallace-stevens/>. Acesso em: 17. Mai. 2016.


DEPRESSION BEFORE SPRING


The cock crows
But no queen rises.

The hair of my blonde
Is dazzling,
As the spittle of cows
threading the wind.

Ho! Ho!

But ki-ki-ri-ki
Brings no rou-cou,
No rou-cou-cou.

But no queen comes
In slipper green.


DEPRESSION BEFORE SPRING. In: All Poetry. Disponível em:< http://allpoetry.com/Depression-Before-Spring>. Acesso em: 17. Mai. 2016. 






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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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