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STANLEY KUNITZ: UM JUDEU FASCINADO PELA NATUREZA


Com a idade de 95 anos, Stanley Kunitz (nascido 1905) tornou-se a pessoa mais velha a servir como Poeta Laureado dos Estados Unidos. Um dos melhores poetas norte-americanos do século XX, Kunitz produziu apenas doze livros em mais de 70 anos, mas a qualidade de seu trabalho continuou coerente. Kunitz ganhou muitos prêmios, incluindo o Prêmio Pulitzer, National Book Award (Prêmio Nacional do Livro) e o Prêmio Bollingen de Poesia.

Stanley Jasspon Kunitz nasceu em Worcester, Massachusetts, em 29 de julho de 1905. Foi criado no seio de uma família judia lituana numa comunidade de de trabalhadores. Filho de um costureiro, Solomon Kunitz, e de Yetta Helen (Jasspon) Kunitz. Seu pai matou-se “ao tomar ácido carbólico no parque” imediatamente após o nascimento de Stanley, segundo o jornal popular de William Plummer. Kunitz viveu uma infância solitária. Aniversários não eram comemorados em sua casa e a morte de seu pai um assunto tabu. Não obstante, o trágico evento visitava Kunitz em seus sonhos e mais tarde, já adulto, ele lutou corpo-a-corpo com a perda em seus poemas. O poema End of Summer (Fim do Verão) evoca o acontecimento:

Bolt upright in my bed that night
I saw my father flying;
the wind was walking on my neck,
the windowpanes were crying. 


Surgindo vertical na minha cama naquela noite
Vi meu pai voando;
o vento estava passeando pelo meu pescoço,
as vidraças estavam chorando.


Num volume posterior, The Testing Tree: Poems (A Árvore de Teste: Poemas), publicado em 1971, Kunitz cuelmente cutuca feridas, segundo Stanley Moss, do Nation. Sua principal maldição é o suicídio de seu pai antes de seu nascimento. Os poemas nos levam às florestas sagradas e casas de seus 66 anos, iluminando imagens que o tem assombrado.

Apesar da sua deprimente vida caseira, Kunitz distinguia-se na escola. Foi orador da turma no Worcester Classical High School e ganhou uma bolsa para a Harvard University, onde estudou sob a direção do famoso filósofo Alfred North Whitehead e dividiu assento com o futuro diretor chefe do Projeto Manhattan, J. Robert Oppenheimer. Em 1926, Kunitz graduou-se summa cum laude com formação em Inglês e matriculou-se num programa de estágio para o doutorado. Ele queria ensinar em Harvard, mas as atitudes anti-semíticas da Ivy League revelaram-se um obstáculo, e ele abandonou a instituição após completar os requisitos do grau de mestrado.

Kunitz arranjou um emprego de jornal no The Worcester Telegram. O auge de sua carreira de jornalista foi a cobertura do julgamento, em 1921 de Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, anarquistas italianos condenados pelo roubo e morte de um pagador de uma fábrica de calçados e de seu segurança. Após o final do julgamento, Kunitz foi para Nova York procurar por um editor para as cartas de Vanzetti. Embora tenha fracassado em encontrar um editor qu se interessasse no projeto, ele acabou ficando na cidade.

Finalmente ele mudou-se para a sede de uma fazenda em Connecticut, onde escrevia poesia e editava dicionários para a casa publicadora H.W. Wilson. Ele foi editor do Wilson Library Bulletin e co-editor de Twentieth Century Authors. Em torno dessa época, seus poemas começaram a aparecer em algumas das mais prestigiadas revistas literárias dos Estados Unidos, incluindo The Dial, New Republic, Poetry e Commonwealth.

Em 1930, com a idade de 25 anos, Kunitz publicou seu primeiro livro de poemas, Intellectual Things (Coisas Intelectuais). Os primeiros poemas de Kunitz refletem um estilo opaco influenciado pelos poetas metafísicos ingleses John Donne e George Herbert. Tempos depois ele adotou um estilo mais simples, mais acessível aos leitores. Seu próximo volume de verso, Passport to the War: A Selection of Poems (Passaporte para a Guerra: Uma Seleção de Poemas), publicado quatorze anos depois, igualmente acumulou elogios da crítica. Os poemas deste volume refletem a tentativa de Kunitz de por para fora, numa página, seu ressentimento. Eu tenho de direcionar o trauma de minha infância e solucioná-lo, ele mais tarde confessou.

Em 1959, Kunitz ganhou o Prêmio Pulitzer por seu terceiro livro de Poemas Selecionados, 1928-1958. Seu livro seguinte, The Testing Tree: Poems (A Árvore de Teste: Poemas), publicado em 1971, marcou uma significante partida de seu mais novo trabalho. O poeta Robert Lowell comparou os dois livros na New York Times Book Review dizendo que os dois volumes são pontos de referência de um velho e novo estilo. A neblina de espalhou para fora. A velha voz Délfica aprendeu a falar as 'palavras que gatos e cães pode entender’.

Outros volumes de Kunitz incluem The Terrible Threshold: Selected Poems (O Terrível Limiar: Poemas Selecionados), 1940-70 e The Wellfleet Whale and Companion Poems (A Baleia de Wellfleet e Poemas de Companhia), que vieram a lume em 1983. O comprido título do poema do último volume relembrava o encalhe e a morte de uma baleia próximo a sua cidade natal de Provincetown, Massachusetts. Marie Henault, no Dicionário Biográfico Literário, chamou-o um austero e ambicioso poema filosófico. (...) Seu narrador na primeira pessoa do plural dá ao poema um tom elevado que permite a baleia tornar-se ‘como um deus no exílio / (...) entregue à misericórdia do tempo’...
Kunitz manteve um status de objetor consciente durante a Segunda Guerra Mundial, mas foi recrutado mesmo assim e serviu no Exército Americano de 1943 a 1945. Ele não foi forçado a luta na linha de frente, mas foi designado para a tarefa de limpar banheiros. Por fim, ele foi promovido ao posto de sargento, mas Kunitz nunca esqueceu sua antiga humilhação. Levou 20 anos, mas Kunitz finalmente teve sua vingança da vida militar. Em 1965, ele e seu colega poeta Robert Lowell organizaram um protesto contra a Guerra do Vietnam que transformou o White House Arts Festival (Festival de Artes da Casa Branca) naquilo que Kunitz orgulhosamente denominou de um apaixonado fiasco.

As atitudes anti governistas de Kunitz invadiriam sua poesia. De 1974 a 1976, Kunitz atuou como poeta consultor no Escritório de Poesia da Biblioteca do Congresso. Seu poema The Lincoln Relics (As Relíquias de Lincoln), o qual ele escreveu durante aqueles anos, reflete seus desprezo pelo governo dos Estados Unidos:

Mr. President
In this Imperial City,
awash in gossip and power,
where marble eats marble
and your office has been defiled,
I saw piranhas darting
between the rose-veined columns, avid to strip the flesh
from the Republic's bones.
Has no one told you
how the slow blood leaks
from your secret wound?


Senhor Presidente
Nesta Cidade Imperial,
Lavado na fofoca e no poder,
Onde o mármore devora o mármore
E seu gabinete foi maculado,
Eu vi piranhas dardejando
Entre as colunas rosa-vinho, ávidas para despir a carne
Dos ossos da República.
Ninguém lhe falou
Como o sangue lerdo vaza
De sua feria secreta? 

Kunitz acreditava que o papel do poeta era demonstrar o poder da consciência solitário, como ele disse à escritora Elizabeth Kastor da equipe do Washington Post. É um poder terrível confiar nas pessoas que não tem grandeza espiritual, é tudo que que se tem que fazer, disse Kunitz dos funcionários públicos governo. Você vê isso na frieza, no auto-engrandecimento, na insensibilidade das promessas para com o pobre. Em geral o nível de conduta ética, a situação tornou-se uma abominação.

Em 1945, Kunitz ganhou a prestigiada bolsa Guggenheim e, um ano mais tarde, conseguiu seu primeiro posto como professor na Bennington College em Vermont. Durante os anos de 1950 e 1960, ensinou em várias outras instituições, incluindo a New School for Social Research (Nova Escola para Pesquisa Social) em New York, Universidade Brandeis, Universidade de Washington e Universidade Columbia. Desde os primeiros ranços de anti-semitismo em Harvard, em começou a ensinar em escolas da Ivy League (Liga Ivy) como Columbia, Yale e Princeton. Mas ao invés de fazer um acordo longos compromissos no campus, Kunitz preferiu fazer pequenas restrições. Ele achava que ao aceitar longos compromissos acadêmicos iria sufocar sua criatividade. Eu nunca aceitei estabilidade, ele explicou numa entrevist para o Boston Globe, porque eu reconhecia que aquilo podia ser fatal para eu ser um professor que escrevia poesia que um poeta que tinha um emprego na academia.

Através de sua escrita e magistério, Kunitz reuniu um grupo de protegidos e amigos que ele encarava como Quem é Quem na poesia do século XX. Entre seus amigos mais próximos incluíam-se Robert Lowell e Theodore Roethke. Allen Ginsberg, antes de publicar o poema Howl (Uivo), o poema Beat que definiu uma geração, pediu que Kunitz o comentasse. Kunitz ensinou e aconselhou poetas renomados como Carolyn Kizer, James Wright, Louise Gluck e Robert Hass.

Os conselhos intelectuais de Kunitz estenderam-se as artes plásticas. Ele interagiu com os pintores Robert Motherwell e Mark Rothko e ele mesmo casou com a artista Elise Asher em 1 de junho de 1958. Cada um já tinha uma filha de casamentos anteriores. O casal dividia seu tempo entre Nova York e Provincetown, onde Kunitz dirigia um Centro de Trabalho de Artes Plásticas, uma colônia para jovens poetas e artistas que ele fundou em 1968.

Em 2000, Kunitz foi indicado para ser o décimo Poeta Laureado dos Estados Unidos, a mais ala honraria literária da América. Ao explicar tal seleção, o Bibliotecário do Congresso James Billington disse que Kunitz continua a ser o mentor e o modelo para várias gerações de poetas e traz exclusivamente para o posto de poeta laureado uma existência inteira de compromisso para com a poesia. Críticos literários aplaudiram a escolha. O que distingue Kunitz da maioria das pessoas, observou Henry Taylor no Washington Post, é seu nível de intensidade emocional que historicamente tem sido difícil de manter coeso nesta época. O trabalho de poeta laureado exige receptores para recitar no início de sua gestão, entregar um ensaio ao final e auxiliar nos programas literários da biblioteca. É uma maravilhosa seleção disse Peter Davison editor de poesia do Atlantic para o Boston Globe. Stanley vai gerenciar o cargo como um símbolo de dedicação de uma vida de poesia.

Apesar de altas realizações, Kunitz sempre manteve um sólido alicerce. A jardinagem tornou-se para Kunitz a paixão de toda uma vida e forneceu inspiração para sua poesia. Ele tentou administrar uma fazenda duas vezes na vida, a primeira em Connecticut, depois na Pennsylvania. O sucesso de seu jardim de 2.000 pés quadrados no terreiro fronteiriço de sua casa em Provincetown foi uma de suas realizações de maior orgulho para ele.

Kunitz explicava seu fascínio pela natureza aos autores contemporâneos: Um dos meus sentimentos sobre trabalhar a terra é que eu estou celebrando um ritual de morte e ressurreição. Cada primavera eu sinto isso. Nunca nunca estive tão perto de um milagre do que quando estou revolvendo o solo. De fato, ele confessou ao Boston Globe que jardinar refrescava seu espírito e o preparava para escrever: "para conquistar um pedaço de terra," disse Kunitz, uma porção de terra e torna-lo belo como se pode sonhá-lo: eis a arte também. Um homem não pode estar separado da terra. Saio para o jardim todo dia sentindo-me, oh, inspirado de modo que alguém precisa a fim de transformar sua vida diária em algo maior do que aquela vidinha em si mesma."

Aos 100 anos, vitimado por uma pneumonia, Stanley Jasspon Kunitz faleceu, enquanto dormia, na manhã de domingo de 14 de maio de 2006, sob os cuidados da filha Gretchen Kunitz e da enteada Babette Becker, em sua residência em Nova York. Sua esposa Elsie falecera aos 92 anos em 2004.

A produção poética de Kunitz compreende: Intellectual Things, Doubleday, Doran (New York City), 1930; Passport to the War: A Selection of Poems, Holt (New York City), 1944; Selected Poems, 1928-1958, Little, Brown (Boston), 1958; The Testing-Tree: Poems, Little, Brown, 1971; The Terrible Threshold: Selected Poems, 1940-70, Secker & Warburg (London), 1974; The Coat without a Seam: Sixty Poems, 1930-1972, Gehenna Press (Northampton, MA), 1974; The Lincoln Relics, Graywolf Press (Townsend, WA), 1978; The Poems of Stanley Kunitz: 1928-1978, Little, Brown, 1979; The Wellfleet Whale and Companion Poems, Sheep Meadow Press (Riverdale-on-Hudson, NY), 1983; Next-to-Last Things: New Poems and Essays, Little, Brown, 1985; Passing Through: Later Poems, New and Selected, Norton (New York City), 1995; The Collected Poems, Norton, 2000; The Wild Braid: A Poet Reflects on a Century in the Garden , Norton (New York, NY) (Com Genine Lentine), 2005.


Perfil bibliográfico elaborado por Dalcin Lima a partir do texto publicado no site Your Dictionary. Disponível em:< http://biography.yourdictionary.com/stanley-kunitz>. Acesso em: 25. Dez. 2014.
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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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