ARS POETICA
Um poema deve ser palpável e mudo
Como redondo fruto,
Quieto
Como velhos vinténs no dedo,
Silencioso como a pedra desgastada
Do batente das janelas onde o musgo faz morada –
Um poema deve ser sem palavras
Como o voo da passarada.
Um poema deve ser imóvel no tempo
Como a lua ascende,
Deixando, conforme a lua liberta
Galho a galho árvores pela noite encobertas,
Deixando, como a lua as folhas de inverno ausenta,
Memória por memória a mente –
Um poema deve ser imóvel no tempo
Como a lua ascende.
Um poema deve ser igual a:
Não há.
Por toda a história da dor
Uma soleira vazia e uma folha de bordo.
Por amor
A relva leniente e duas luzes sobre o mar –
Um poema não deve significar
Mas ser.
Tradução de Levi Freitas. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/09/08/archibald-macleish-por-levi-freitas/ >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
ARS POETICA
A poem should be palpable and mute
As a globed fruit,
Dumb
As old medallions to the thumb,
Silent as the sleeve-worn stone
Of casement ledges where the moss has grown –
A poem should be wordless
As the flight of birds.
A poem should be motionless in time
As the moon climbs,
Leaving, as the moon releases
Twig by twig the night-entangled trees,
Leaving, as the moon behind the winter leaves,
Memory by memory the mind –
A poem should be motionless in time
As the moon climbs.
A poem should be equal to:
Not true.
For all the history of grief
An empty doorway and a maple leaf.
For love
The leaning grasses and two lights above the sea –
A poem should not mean
But be.
ARS POETICA. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/09/08/archibald-macleish-por-levi-freitas/ >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
VERNISSAGE
No dia da abertura do show de automóveis o bem-
Conhecido Presidente da República Francesa com seu
Alto escalão (com senadores) levantou do real trono
Na Grande Escadaria e se moveu sobre pés invibrantes
Desceu o Corredor Triunfal para a gradual aglomeração
Da fanfarra enquanto a quase inaudível batida
De suas válvulas de assento subia o ar e caía.
Os automóveis foram, contudo, indiferentes. Os mais
Caros modelos preservaram seu decoro, mas quatro
Citroens tossiram. Houve risos, assobios, gargalhadas
Mesmo a alta cilíndrica preta brilhante
Cartola do chefe de Estado dos Gaul-
eses não conseguiu impressionar. Não houve aplauso.
Tradução de Levi Freitas. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/09/08/archibald-macleish-por-levi-freitas/ >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
VERNISSAGE
On the opening day of the automobile show the well-
Known President of the French Republic complete
In high body (with senators) rose from the royal seat
In the Grand Stair and moved on vibrationless feet
Down the Triumphal Aisle to the gradual swell
Of the brass band while the all but inaudible beat
Of his sleeveless valves rose in the air and fell.
The automobiles were however indifferent. The more
Expensive models preserved their decorum but four
Citroens coughed. There were giggles, cat-calls, guffaws
Even the shiny black cylindrical tall
Top hat of the chief of state of the Gall-
ic People failed to impress. There was no applause.
VERNISSAGE. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/09/08/archibald-macleish-por-levi-freitas/ >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
NASCIMENTO EVENTUAL DE VÊNUS
Levantada pelo mar
Pela sétima onda
Além do alcance do mar
Nos escombros de erva e de
Galho úmido
A ainda não anfíbia
Animalcula
Suspira e serpeia na praia
Reúne seus longos cabelos d’ouro sobre ela
E contempla com puros olhos
O mundo desconhecido.
Tradução de Levi Freitas. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/09/08/archibald-macleish-por-levi-freitas/ >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
BIRTH OF EVENTUALLY VENUS
Cast up by the sea
By the seventh wave
Beyond the sea reach
In the rubble of weed and
Wet twig
The not yet amphibious
Animalcula
Gasps and wiggles on the beach
Gathering her long gold hair about her
And gazing with pure eyes
Upon the unknown world.
BIRTH OF EVENTUALLY VENUS. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/09/08/archibald-macleish-por-levi-freitas/ >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
POEMA
Quem de todos nós terá visto a
Nudeza?
Inclinando-se sobre as pedras lavadas do rio
A saia se enrola perto do joelho, os seios mostram
Aquilo, ou um braço arredado enquanto a porta fecha
Mas os colãs são animais deitados em folhas,
A barriga é secreta como tigres correndo sob raios do sol
Quem entre nós já viu essas meninas nuas mais do que vimos
A forma do vento sob a seda da soleira?
Tradução de Levi Freitas. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/09/08/archibald-macleish-por-levi-freitas/ >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
POEM
Who of us all have seen
Nakedness?
Leaning above the wash stones by the river
The skirt pulls close at the knee, the breasts show
That, or an arm withdrawn as the door closes
But the bare tights are animals lying in leaves,
The belly is secret as tigers running in sun ripple
Who among us have seen these nude girls more than we’ve seen
The wind’s shape under the silk in the doorway?
POEM. In: Escamandro. Disponível em:< https://escamandro.wordpress.com/2014/09/08/archibald-macleish-por-levi-freitas/ >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
UMA ETERNIDADE
Não há poente por vir,
Nem aurora que já era,
Há só o agora, e agora,
E o vento pela relva.
Dias de que me lembro
São no coração agora;
Dias que sonho abrirão
Em botão de pessegueiro.
Morrer nunca há de ser
Agora ao vento fugaz;
Agora ao sopro das folhas
Não houve morte jamais.
Tradução de Luiz Roberto Guedes. In: Musa Rara. Disponível em:< http://www.musarara.com.br/archibald-macleish-e-ogden-nash >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
AN ETERNITY
There is no dusk to be,
There is no dawn that was,
Only there’s now, and now,
And the wind in the grass.
Days I remember of
Now in my heart, are now;
Days that I dream will bloom
White the peach bough.
Dying shall never be
Now in the windy grass;
Now under shooken leaves
Death never was.
AN ETERNITY. In: Musa Rara. Disponível em:< http://www.musarara.com.br/archibald-macleish-e-ogden-nash >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
LIBERDADE
Quando é menina inconsequente
E anda sem rumo e a bel-prazer,
A liberdade ingentemente
A tocha em chamas faz chover.
Quando é senhora bem casada
E mantém tulhas e currais,
A liberdade, recatada,
Abafa a tocha e pede paz.
Tradução de Gil Pinheiro. In: Musa Rara. Disponível em:< http://www.musarara.com.br/archibald-macleish-e-ogden-nash >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
LIBERTY
When liberty is headlong girl
And runs her roads and wends her ways
Liberty will shriek and whirl
Her showery torch to see it blaze.
When liberty is wedded wife
And keeps the barn and counts the byre
Liberty amends her life.
She drowns her torch for fear of fire.
LIBERTY. In: Musa Rara. Disponível em:< http://www.musarara.com.br/archibald-macleish-e-ogden-nash >. Acesso em: 20. Nov. 2016.
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