A CIDADE
Agora mesmo, um cachorro amarrado na rua está latindo
Com a aflição de ter sido abandonado,
Um cachorro desolado.
Agora mesmo, um carro está estacionando.
O cachorro lança
Pétalas de uma flor de latido e latido de flocos de neve
Que flutuam adiante da rua abaixo
Onde outra vitima repousa:
Quem escuta a cidade inteira
E o cachorro grasnando como um alarme de carro,
E o cachorro não tem más intenções,
E ninguém se compadece.
Tradução de Dalcin Lima aos 13 de agosto de 2016.
CITY
Right now, a dog tied up in the street is barking
With the grief of being left,
A dog bereft.
Right now, a car is parking.
The dog emits
Petals of a barking flower and barking flakes of snow
That float upward from the street below
To where another victim sits:
Who listens to the whole city
And the dog honking like a car alarm,
And doesn’t mean the dog any harm,
And doesn’t feel any pity.
CITY. In: Poetry Foundation. Disponivel em:< https://www.poetryfoundation.org/poems-and-poets/poems/detail/89530>. Acesso em: 13. Ago. 2016.
UMA BARRA FRESCA DE GOMA DE MASCAR
Uma barra rosada de goma de mascar desembrulhada da embalagem,
Que seguras entre teus dedos no caminho de volta para casa da aula de dança,
E olhas para seu rosado. Mas sabes porque.
Gosto de teu cérebro. Teu rosado. É doce.
Meu cérebro é as dobras do oceano em uma bola de breu
Em vez de ser doce rosado como o teu.
Podia ser nicotina. Podia ser Johnnie Walker Black.
Meu pensamento de muitos cigarros durante muitos anos.
Meu cérebro é do tamanho da maior coisa viva, mais oui, uma baleia azul,
Azul, em vez de rosado como o teu.
É o que eu fiz
Para fazê-lo mais enorme do que foi feito enorme.
A violenta doçura no ar é a chuva rosada
Que continua doloramente quase caindo.
Isto é o mais próximo que se chegou.
Isto não pode continuar.
Vinte e seis anos não é infância.
Não estás tentando parar de fumar.
Fumas e bebes
E ainda é rosado.
A resposta é que podes beber e fumar
Muito aos vinte e seis,
E feder a cigarros,
E ficar do lado de fora na calçada fora do bar para fumar um cigarro,
Como a lei agora recomenda, e é o paraíso,
E ser a mais bela garota do mundo,
E ser moral,
E estar vibrando no vazio.
Tradução de Dalcin Lima aos 14 de agosto de 2016 baseado na versão espanhola de J. Aulicino. In: Poetas Siglo XXI - Antologia de Poesia Mundial. Disponível em:< https://poetassigloveintiuno.blogspot.com.br/2010/09/1035-frederick-seidel.html>. Acesso em: 14. Ago. 2016.
A FRESH STICK OF CHEWING GUM
A pink stick of gum unwrapped from the foil,
That you hold between your fingers on the way home from dance class,
And you look at its pink. But you know what.
I like your brain. Your pink. It’s sweet.
My brain is the wrinkles of the ocean on a ball of tar
Instead of being sweet pink like yours.
It could be the nicotine. It could be the Johnnie Walker Black.
Mine thought too many cigarettes for too many years.
My brain is the size of the largest living thing, mais ous, a blue wale,
Blue instead of pink like yours.
It’s what I’ve done
To make it huge that made it huge.
The violent sweetness in the air is the pink rain
Which continues achingly almost to fall.
This is the closest it has come.
This can’t go on.
Twenty-six years old is not childhood.
You are not trying to stop smoking.
You smoke and drink
And still it is pink.
The answer is you can drink and smoke
Too much at twenty-six,
And stink of cigarettes,
And stand outside on the sidewalk outside the bar to have a cigarette,
As the law now requires, and it is paradise,
And be the most beautiful girl in the world,
And be moral,
And vibrate into blank.
A FRESH STICK OF CHEWING GUM. In: 42 Miles Press Disponível em:< https://42milespress.com/2014/03/06/poems-of-the-week-frederick-seidel/>. Acesso em: 13. Ago. 2016
A CORUJA QUE OUVISTE
A coruja que ouviste piando
No meio da noite não era eu.
Era uma coruja.
Ou talvez estivesses
Tão adormecida que nem mesmo a escutaste.
Os regadores em seu temporizador, programados para iniciar
Numa hora tão singular e tardia na vida
A aguar um jardim,
Refrescou teu sono a mil milhas de distância
Sibilando suavemente,
Realçando o cheiro do verde no Éden.
Ouviste o chiado dos insetos no verão.
Ouviste um céu de estrelas.
Não entendeste isso, profundamente adormecida na madrugada em Paris.
Não ouviste nada.
Ouviste me chamando.
Eu não sou o mais distante ser humano.
Tradução de Dalcin Lima aos 13 de agosto de 2016.
THE OWL YOU HEARD
The owl you heard hooting
In the middle of the night wasn’t me.
It was an owl.
Or maybe you were
So asleep you didn’t even hear it.
The sprinklers on their timer, programmed to come on
At such a strangely late hour in life
For watering a garden,
Refreshed your sleep four thousand miles away by
Hissing sweetly,
Deepening the smell of green in Eden.
You heard the summer chirr of insects.
You heard a sky of stars.
You didn’t know it, fast asleep at dawn in Paris.
You didn’t hear a thing.
You heard me calling.
I am no longer human.
THE OWL YOU HEARD. In: 42 Miles Press Disponível em:< https://42milespress.com/2014/03/06/poems-of-the-week-frederick-seidel/>. Acesso em: 13. Ago. 2016
NEBLINA
Passo a maior parte do meu tempo não morrendo.
Para isso é a vida.
Subo numa motocicleta.
Subo numa nuvem e na chuva.
Subo na mulher que amo.
Repito meus temas.
Estou aqui em Bologna novamente.
Aqui vou eu de novo.
Aqui vou eu de novo, mais e mais feliz.
Monto num cepo
Como um torpedo rumo as cataratas.
Basicamante, está colado a mim.
Na fábrica,
A moto de corrida feita para mim
Não está pronta, mas está ficando cada vez mais letal.
Estou aqui para vê-la nascer.
Está nevando em Milão, diz a TV.
Fecharam um aeroporto; depois, ambos então.
O Senhor é meu pastor e o Diretor das Supermotos de Corrida.
Ele me sussurra através de três níveis de segurança
Até o mais íntimo do santo secreto do departamento de corrida
Onde entregarei meu último suspiro.
Trens se atrasam.
O céu de Florença se desfaz em neve.
Hoje à noite, Bologna é neblina.
Esta tarde, estava alí,
Com todos os mecânicos que o estão fazendo ao seu redor.
Estava numa espécie de altar.
Fiquei numa espécie de neblina,
Tirando fotografias digitais de minha morte.
Tradução de Dalcin Lima aos 14 de agosto de 2016 baseado na versão espanhola de J. Aulicino. In: Poetas Siglo XXI - Antologia de Poesia Mundial. Disponível em:< https://poetassigloveintiuno.blogspot.com.br/2010/09/1035-frederick-seidel.html>. Acesso em: 14. Ago. 2016.
FOG
I spend most of my time not dying.
That’s what living is for.
I climb on a motorcycle.
I climb on a cloud and rain.
I climb on a woman I love.
I repeat my themes.
Here I am in Bologna again.
Here I go again.
Here I go again, getting happier and happier.
I climb on a log
Torpedoing toward the falls.
Basically, it sticks out of me.
At the factory,
The racer being made for me
Is not ready, but is getting deadly.
I am here to see it being born.
It is snowing in Milan, the TV says.
They close one airport, then both.
The Lord is my shepherd and the Director of Superbike Racing.
He buzzes me through three layers of security
To the innermost secret sanctum of the racing department
Where I will breathe my last.
Trains are delayed.
The Florence sky is falling snow.
Tonight Bologna is fog.
This afternoon, there it was,
With all the mechanics who are making it around it.
It stood on a sort of altar.
I stood in a sort of fog,
Taking digital photographs of my death.
FOG. In: 42 Miles Press Disponível em:< https://42milespress.com/2014/03/06/poems-of-the-week-frederick-seidel/>. Acesso em: 13. Ago. 2016
O CASTELO NAS MONTANHAS
Trago comigo no trem uma gripe estomacal.
Passei a noite encurvado de dor.
Angustiosamente frio e bastante miserável.
Saí para dar um passeio cedinho hoje:
Começou a cair neve
Como grandes bolas de algodão esta manhã
E o parque parece belo
Tentarei comer esta noite: couve-flor à vapor.
Te encantaria este lugar.
Ele se mantém bastante lindo, de algum modo.
Tu gostarias do Imperador.
Alguns dias a alegria é irresistível.
A última vez que estive aqui,
Ele me contou uma história.
Era Natal.
A neve continuava caindo.
O Imperador levantou sua mão pedindo silêncio e começou.
Suas unhas têm luas perfeitas, que é bastante raro.
Tu raramente não a verás mais, não sei porquê.
O Imperador começou:
"Insetos pré-historicos
Revoavam sem cérebro
Para dar maior glória à Terra infantil.
Em vez de horríveis, eram enormes e belos.
E, sendo anjos, eram invencíveis.
Disse o nome, e o anjo estendendo em súplica sua mão
No instante em que se espalha para cima
A ser tão alto quanto um edifício..."
O implacável cheiro cru da imundície num espaço fechado,
E os tentáculos pegajosos com ventosas religiosas,
E as quatro cabeças num pescoço como as quatro cabeças esculpidas no Monte Rushmore,
Segura uma simples mão.
Segura tua mão.
Toma minha mão.
Tradução de Dalcin Lima aos 14 de agosto de 2016 baseado na versão espanhola de J. Aulicino. In: Poetas Siglo XXI - Antologia de Poesia Mundial. Disponível em:< https://poetassigloveintiuno.blogspot.com.br/2010/09/1035-frederick-seidel.html>. Acesso em: 14. Ago. 2016.
THE CASTLE IN THE MOUNTAINS
I brought a stomach flu withe me on the train.
I spent the night curled up in pain.
Agonizingly cold and rather miserable.
I went out for a walk earlier today:
Snow started falling
Like big cotton balls this morning
And the park looks beautiful
I will try to eat tonight: steamed cauliflower.
You would love it here.
It is still quite nice somehow.
You would like the Emperor.
Some days the joy is overpowering.
The last time I was here,
He told me a story.
It was Christmas.
Snow kept falling.
The Emperor held his hand up for silence and began.
His fingernails have perfect moons, which is quite rare.
You hardly see it anymore, I wonder why.
The Emperor began:
"Prehistoric insects were
Flying around brainless
To add more glory to the infant Earth.
Instead of horrible they were huge and beautiful.
And, being angels, were invencible.
Say the name, and the angel begging with its hand out would
Instantly expand upward
To be as tal as the building..."
The ruthless raw odor of filth in an enclosed space,
And the slime tentacles with religious suckers,
And the four heads on one neck like the four heads carved on Mt. Rushmore,
Hold out a single hand.
Hold out your hand.
Take my hand.
THE CASTLE IN THE MOUNTAINS. In: Poems 1959-2009. Disponível em:< https://books.google.com.br/books?isbn=1466817909>. Acesso em: 14. Ago. 2016.
UMA FLOR VERMELHA
O poeta está parado sobre suas pernas azuis venosas, esperando que seu aniversário acabe.
Ele está enamorado de uma musa que trabalha com arames
Que fazem que a marionete se mover de modo natural no palco.
Feliz aniversário a um semper paratus penis!
Seu minúsculo Cartier de pulso soa como um trombeta!
Ele se atreve a usar uma coisa diminuta que é francesa e feminina.
Nariz levantado, arrogância, olhos azuis.
Ele pode sentir o cheiro do oceano até mais distante.
Estamos na França. Estamos na Itália. Estamos na Inglaterra. Estamos no céu.
Relâmpago com un laço ao redor do pescoço, os pés numa nuvem,
Caem no espaço, pisoteando, pescoço partido.
O paraquedas se abre... uma flor vermelha:
Plus ne suis ce que j’ai été,
Et plus ne saurais jamais l’être.
Mon beau printemps et mon été
On fait le saut par la fenêtre. *
* Não sou o que fui,
E não mais o serei.
Minha bela primavera e eu verão
Saltaram pela janela.
Tradução de Dalcin Lima aos 15 de agosto de 2016 baseado na versão espanhola de J. Aulicino. In: Poetas Siglo XXI - Antologia de Poesia Mundial. Disponível em:< https://poetassigloveintiuno.blogspot.com.br/2010/09/1035-frederick-seidel.html>. Acesso em: 14. Ago. 2016.
A RED FLOWER
The poets stands on blue-veined legs, waiting for his birthday to be over
He dangles from a muse who works the wires
That make a puppet move in lifelike ways onstage.
Happy birthday to a semper paratus penis!
His tiny Cartier wristwatch trumpets it!
He dares to wear a tiny thing that French and feminine.
Nose tilted up, arrogance, blue eyes.
He can smell the ocean this far inland
We are in France. We are in Italy. We are in England. We are in heaven.
Lighthing with a noose around its neck, feet on a cloud,
Drops into space, feet kicking, neck broken.
The parachute pops open... a red flower:
Plus ne suis ce que j’ai été,
Et plus ne saurais jamais l’être.
Mon beau printemps et mon été
On fait le saut par la fenêtre.
A RED FLOWER. In: Poems 1959-2009. Disponível em:< https://books.google.com.br/books?isbn=1466817909>. Acesso em: 14. Ago. 2016.
AO COMANDANTE DO PORTO
Queria saner se estou certo ao te alcançar;
ainda que meu navio estivesse no caminho a ser atracado
em algum ancoradouro. Estou sempre tentando amarrá-lo
e então decido partir. Nas tempestades e
ao por-do-sol, com caracóis metálicos da maré
a volta de meus insondáveis braços, sou incapaz
de entender as formas da minha vaidade
ou eu estou num severo sotavento com meu leme polonês
em minhas mãos e sol vai se pondo. Para
ti eu ofereço minha cobertura e meu esfarrapado cordame
do meu desejo. Os terríveis canais de onde
o vento me empurra contra as orlas castanhas
de caniços que não estão totalmente atrás de mim. No entanto
eu confio na sanidade da minha embarcação; e
se ela afundar, bem pode ser em resposta
à argumentação de constantes vozes,
ondas que me impedem de alcançar você.
Tradução de Dalcin Lima aos 16 de agosto de 2016.
TO THE HARBORMASTER
I wanted to be sure to reach you;
though my ship was on the way it got caught
in some moorings. I am always tying up
and then deciding to depart. In storms and
at sunset, with the metallic coils of the tide
around my fathomless arms, I am unable
to understand the forms of my vanity
or I am hard alee with my Polish rudder
in my hand and the sun sinking. To
you I offer my hull and the tattered cordage
of my will. The terrible channels where
the wind drives me against the brown lips
of the reeds that are not all behind me. Yet
I trust the sanity of my vessel; and
if it sinks, it may well be in answer
to the reasoning of the eternal voices,
the waves which have kept me from reaching you.
TO THE HARBORMASTER. In: Michael Hazle. Disponível em:<http://michaelhazle.blogspot.com.br/2010/12/three-poems.html>. Acesso em: 14. Ago. 2016.
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