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SANTO ONOFRE E OUTROS POEMAS DE CAROLYN FORCHÉ

SANTO ONOFRE, CALIFÓRNIA

Avançamos muito para o sul.
Mais adiante, as mulheres mais velhas
descascando limas de xales negros.
Portillo risca seu nome
nas paredes, as finas listas
de urina, crianças acariciando a lama.
Se seguirmos, poderíamos parar
na rua, no mesmo lugar
onde alguém desapareceu
e poderíamos ouvir as palavras
venha conosco! se isso acontecesse,
poderíamos levar nossas vidas com mãos
atadas. É por isso que sentimos
que é suficiente ouvir
o vento empurrando limões,
os cães se coçando nos alpendres
sabendo que enquanto os pássaros e o tempo quente
se movem sempre para o norte
e os gritos daqueles que desaparecem
levariam anos para chegar aqui.

Tradução de Dalcin Lima aos 11 de março de 2016.


SAN ONOFRE, CALIFORNIA

We have come far south.
Beyond here, the oldest women
shelling limas into black shawls.
Portillo scratching his name
on the walls, the slender ribbons
of piss, children patting the mud.
If we go on, we might stop
in the street in the very place
where someone disappeared
and the words Come with us! we might
hear them. If that happened, we would
lead our lives with our hands
tied together. That is why we feel
it is enough to listen
to the wind jostling lemons,
to dogs ticking across the terraces,
knowing that while birds and warmer weather
are forever moving north,
the cries of those who vanish
might take years to get here.


SAN ONOFRE, CALIFORNIA. In: A Spoon to the Heart. Disponível em: http://spoontotheheart.blogspot.com.br/2013/04/april-5-san-onofre-california.html. Acesso em: 11. Mar. 2016.


O VISITANTE

Em espanhol, ele sussurra que não se houve tempo.
É o som da foice arqueando no trigo,
a dor de alguma canção campesina em Salvador.
O vento ao logo da prisão, precavido
como as mãos de Francisco no interior, tocando
as paredes enquanto caminha, é o respirar de sua esposa
deslizando por sua cela a cada noite enquanto ele sonha
com suas mãos nas mãos dela. É um país pequeno.

Não há nada que um homem não faça por seu semelhante


Tradução de Dalcin Lima aos 12 de março de 2016.


THE VISITOR


In Spanish he whispers there is no time left.
It is the sound of scythes arcing in wheat,
the ache of some field song in Salvador.
The wind along the prison, cautious
as Francisco’s hands on the inside, touching
the walls as he walks, it is his wife’s breath
slipping into his cell each night while he
imagines his hand to be hers. It is a small country.

There is nothing one man will not do to another.


THE VISITOR. In: Poetry Foundation. Disponível em: <http://www.poetryfoundation.org/poem/238340>. Acesso em: 12. Mar. 2016.


TIRANDO MINHA ROUPA

Eu tiro minha blusa, me exibo para ti.
Cortei meu cabelo abaixo dos meus ombros.
Enrolei as pernas da calça, raspei o pelo
Das minhas pernas com uma faca, deixando-as branca.

Meu cabelo é da cor de figueira recém cortada
Meus olhos escuros como feijões cozidos no sul.
(Minas de carvão lunares em colinhas desfeitas)

Pele polida como um vaso Ming
mostrando suas frestas de sangue, sua idade, eu tenho centenas
de nomes para a neve, para todos estes mudos.

À noite eu venho até você e parece vergonha
Desperdiçar meus calafrios contra a parede de um homem.

Reconheces os estrangeiros,
pensas que sobreviveste à destruição.
Não podes explicar esta noite, meu rosto, minha lembrança

Queres saber o que eu sei?
Tuas próprias mãos estão mentindo.


Tradução de Dalcin Lima aos 12 de março de 2016.


TAKING OFF MY CLOTHES

I take off my shirt, I show you.
I shaved the hair out under my arms.
I roll up my pants, I scraped off the hair
on my legs with a knife, getting white.

My hair is the color of chopped maples.
My eyes dark as beans cooked in the south.
(Coal fields in the moon on torn-up hills)

Skin polished as a Ming bowl
showing its blood cracks, its age, I have hundreds
of names for the snow, for this, all of them quiet.

In the night I come to you and it seems a shame
to waste my deepest shudders on a wall of a man.

You recognize strangers,
think you lived through destruction.
You can’t explain this night, my face, your memory.

You want to know what I know?
Your own hands are lying.


TAKING OFF MY CLOTHES. In: Poetry Foundation. Disponível: http://www.poetryfoundation.org/poem/176620. Acesso em: 12. Mar. 2016.

SERVIÇO SELETIVO


Nos levantamos da neve onde estivemos
deitados de costas e voando feito crianças,
da estampa de asas perfeitas e vestidos de festa,
e cambaleamos juntos, pela cidade, com hálito de vinho
onde nossa gente constrói
seus exércitos novamente, poucos anos depois
das bolsas de cadáveres, dos incêndios. Há um homem que
comecei a amar depois dos trinta e temos
nossos rituais de café, de aeroportos, de pesar.
depois do amor, fumamos e dormimos
com revistas, dois copos usados
e o colapso preto e branco das horas.
Em que tempo vivemos que está tão tarde
para ter filhos? Em que lugar
que consideramos várias formas de abandoná-los?
Não há uma longa lista bastante
para um serviço seletivo de carros amassados
após uma competição, a prisão que vem depois,
uma bandeira desgarrada ao vento de seu mastro
e rapazes enviados de volta em sacos de lixo.
Diremos tudo a vocês. Vocês estão na época de aprender frações.
Lhes diremos tudo sobre as frações. Metade de nós está morto ou calado
ou perdido. Deixem que falem por si mesmos.
Nos deitamos nos campos e deixamos para trás
os cadáveres dos anjos.


Tradução de Dalcin Lima, com apoio na tradução espanhola de Jorge Aulicino, aos 13 de março de 2016.


SELECTIVE SERVICE


We rise from the snow where we’ve
lain on our backs and flown like children,
from the imprint of perfect wings and cold gowns,
and we stagger together wine-breathed into town
where our people are building
their armies again, short years after
body bags, after burnings. There is a man
I’ve come to love after thirty, and we have
our rituals of coffee, of airports, regret.
After love we smoke and sleep
with magazines, two shot glasses
and the black and white collapse of hours.
In what time do we live that it is too late
to have children? In what place
that we consider the various ways to leave?
There is no list long enough
for a selective service card shriveling
under a match, the prison that comes of it,
a flag in the wind eaten from its pole
and boys sent back in trash bags.
We’ll tell you. You were at that time
learning fractions. We’ll tell you
about fractions. Half of us are dead or quiet
or lost. Let them speak for themselves.
We lie down in the fields and leave behind
the corpses of angels.


SELECTIVE SERVICE. In: Poetry Foundation. Disponível em:< http://www.poetryfoundation.org/poem/176624>. Acesso em: 13. Mar. 2016.


A LEMBRANÇA DE ELENA


Passamos nossa manhã
nas barracas de flores
as escuras línguas de campânulas
que pendem dos cabos esperando
pelo silêncio de uma hora.
Achamos uma mesa, pedimos uma paella,
sopa gelada e vinho enquanto uma luz
tranquila tremula a anos atrás de nós.

Buenos Aires apenas três
anos atrás, foi a última vez que sua mão
escorregou até o vestido dela, com pérolas
esfriando sua garganta e campânulas como
estas despedaçando-se na noite —

Enquanto ela fala, o oco
trotear de um cavalo, o som
de ossos postos juntos.
A paella chega, um leito de arroz
e camarões, dedos e conchas,
os lábios daqueles cujos lábios
foram retirados, mexilhões
o azul suave de cavidade de uma perna.

Isto não é uma paella, isto é o que
se tornou daqueles que ficaram
em Buenos Aires. Este é o anel
de uma espingarda estrondando nas pedras,
sua mão calando a boca,
seu marido caindo diante dela.

Estas são as flores que trouxemos
nesta manhã, dálias jogas por cima
de seu túmulo e campânulas
esperando com suas línguas cortadas
para este silêncio particular. 


Tradução de Dalcin Lima aos 13 de março de 2016.

THE MEMORY OF ELENA

We spend our morning
in the flower stalls counting
the dark tongues of bells
that hang from ropes waiting
for the silence of an hour.
We find a table, ask for paella,
cold soup and wine, where a calm
light trembles years behind us.

In Buenos Aires only three
years ago, it was the last time his hand
slipped into her dress, with pearls
cooling her throat and bells like
these, chipping at the night—

As she talks, the hollow
clopping of a horse, the sound
of bones touched together.
The paella comes, a bed of rice
and camarones, fingers and shells,
the lips of those whose lips
have been removed, mussels
the soft blue of a leg socket.

This is not paella, this is what
has become of those who remained
in Buenos Aires. This is the ring
of a rifle report on the stones,
her hand over her mouth,
her husband falling against her.

These are the flowers we bought
this morning, the dahlias tossed
on his grave and bells
waiting with their tongues cut out
for this particular silence.


THE MEMORY OF ELENA. In: Poetry Foundation. Disponível em <http://www.poetryfoundation.org/poem/176621>. Acesso em: 13. Mar. 2016. 



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Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
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