PRIMEIRA NOITE
Eu dormia debaixo de ti,
quieta e escura, tão deserta
como uma paisagem de campos, o meu sangue lentamente
secando entre nós, a brecha na minha carne
começando a sarar, aberta, uma fronteira
irreversivelmente abolida.
Os habitantes do meu corpo começaram a
erguer-se no escuro, a fazer as malas, a mudar-se.
Toda a noite, hordas de gente
em roupas pesadas mudaram-se para sul dentro de mim,
com as casas às costas, sacas de
grão, crianças pela mão, debaixo
de um céu como fumo. Os pastos
deslocaram-se centenas de milhas. Alguns animais,
de repente, quase se extinguiram,
uma ou duas formas singulares,
nodosas, nas partes opostas da terra.
Outras formas se multiplicaram,
Massas de asas de um vermelho escuro
Jorrando de parte nenhuma. Os rios mudaram de curso,
a linguagem deu uma volta
completa sobre si
e encaminhou-se na direcção oposta.
Ao amanhecer, as migrações tinham terminado. Secou
a derradeira orla do laço de sangue,
e como um animal recém-nascido prestes a ser ferrado
abri os olhos e vi o teu rosto.
Tradução de Margarida Vale de Gato. In: Canal de poesia. Disponível em:< http://canaldepoesia.blogspot.com.br/2011/07/sharon-olds-primeira-noite.html>. Acesso em: 28.Jul.2016.
FIRST NIGHT
I lay asleep under you,
still and dark as uninhabited
countryside, my blood slowly
drying between us, the break in my flesh
beginning to heal, open, a border
permanently dissolved.
The inhabitants of my body began to
get up in the dark, pack, and move.
All night, hordes of people
in heavy clothes moved south in me
carrying houses on their backs, sacks of
seed, children by the hand, under
a sky like smoke. Grazing grounds
shifted by hundreds of miles. Certain animals,
suddenly, were nearly extinct,
one or two odd knobby
shapes in opposite parts of the land.
Other forms multiplied,
masses of deep red wings
pouring out of nowhere. Rivers changed course,
the language turned
neatly about
and started to go the other way.
By dawn the migrations were completed. The last
edge of the blood bond dried,
and like a newborn animal about to be imprinted,
I opened my eyes and saw your face.
FIRST NIGHT. In: Soul Rebels. Disponível em:< http://www.soulrebels.com/beth/poems/first.html>. Acesso em: 28.Jul.2016.
SEXO SEM AMOR
Como fazem, os que praticam sexo
sem amor? Graciosos como dançarinos,
deslizando um sobre o outro como patinadores
sobre o gelo, os dedos enlaçados,
dentro do corpo do outro, rostos
vermelhos como bife, vinho, úmidos como os
recém-nascidos cujas mães pensam
em abandoná-los. Como eles chegam ao
orgasmo, chegam ao orgasmo, meu Deus, como chegam
às águas tranquilas, sem amar
aquele que veio até ali com eles, a luz
subindo lentamente como o suor de sua pele
junta? Estes são os verdadeiros religiosos,
os puristas, os profissionais, aqueles que não
aceitarão um falso Messias, amar o
padre em vez de Deus. Não
confundiriam o amante com seu próprio prazer,
são como como grandes velocistas: sabem que estão sozinhos
com a superfície da estrada, o frio, o vento,
o ajuste de seus calçados, seu completo
estado cardio-vascular – apenas elementos, como o parceiro
na cama, e não na fé, que é corpo
individual sozinho no universo
tentando bater seu próprio recorde.
Tradução de Dalcin Lima baseado na versão espanhola de Ezequiel Zaindenwerg e Alejandro Crotto. In: Emma Gunst. Disponível em:
SEX WITHOUT LOVE
How do they do it, the ones who make love
without love? Beautiful as dancers,
gliding over each other like ice-skaters
over the ice, fingers hooked
inside each other's bodies, faces
red as steak, wine, wet as the
children at birth whose mothers are going to
give them away. How do they come to the
come to the come to the God come to the
still waters, and not love
the one who came there with them, light
rising slowly as steam off their joined
skin? These are the true religious,
the purists, the pros, the ones who will not
accept a false Messiah, love the
priest instead of the God. They do not
mistake the lover for their own pleasure,
they are like great runners: they know they are alone
with the road surface, the cold, the wind,
the fit of their shoes, their over-all cardio-
vascular health--just factors, like the partner
in the bed, and not the truth, which is the
single body alone in the universe
against its own best time.
SEX WITHOUT LOVE. In: Famous Poets and Poems. Disponível em:< http://famouspoetsandpoems.com/poets/sharon_olds/poems/19521>. Acesso em: 28.Jul.2016.
POEMA PARA MEU PRIMEIRO AMANTE
Agora que eu compreendo, eu gosto
De pensar em teu terror – deram-te uma garota
Louca de amor, corpo longo, fresco,
Cru, fino como um sabonete
Gasto, seios redondos, empinados e
Opalinos como bolhas de sabão,
Colocado entre tuas pernas, dezoito anos,
Intacta. Gosto de entender teu
Terror, agora, o modo como a tomaste
Desvirginando-a como se destripasse um peixe,
indo embora pela manhã falando de uma esposa.
Agora que eu
Conheço algo sobre o medo do amor
Gosto de pensar em seu corpo quente e branco
Esverdeado como um peixe lançado a terra, estremecendo e
Arremessado contra uma pedra – caída em
Regaço, homem, estremecendo-se como teu pau,
Uma mulher enlouquecida de amor, recém-saída
Da prensa, afiada como uma ferramenta nunca usada,
Luzindo sobre tuas coxas e tudo que podias
Fazer no teu medo era arrancar sua virgindade como um
Caracol de sua negra concha e então
Jogá-la fora. Surpreendo-me com terror que
Destrói tanto, estou apaixonada pela garota que foi
Ofertada, veio a ti e
A dispuseste com banquete numa travessa, a
Sensível carne – sim, sim,
Eu aceito o presente.
Tradução de Dalcin Lima apoiado na versão espanhola de J. J. Almagro Iglesias e Carlos Jiménez Arribas. In: EMMA GUNST. Disponível em:< http://emmagunst.blogspot.com.br/2011/09/sharon-olds-poema-para-mi-primer-amante.html>. Acesso em: 28.Jul.2016.
POEM FOR MY FIRST LOVER
Now that I understand, I like to
Think of your terror–handed a girl
Mad with love, her long, fresh
Raw body thin as pared
Soap, breasts round and high and
Opalescent as bubbles of soap,
Laid across your legs, 18,
Untouched. I like to understand your
Terror, now, the way you took her
Deflowering her as you’d gut a fish,
Leaving in the morning with talk of a wife.
Now that I
Know about the fear of love
I like to think of her white-hot body
Greenish as a fish just landed, quivering and
Slapping on a rock–fallen into your
Lap, man, shuddering like your cock,
A woman crazed with love, hot off the
De pensar em teu terror – deram-te uma garota
Louca de amor, corpo longo, fresco,
Cru, fino como um sabonete
Gasto, seios redondos, empinados e
Opalinos como bolhas de sabão,
Colocado entre tuas pernas, dezoito anos,
Intacta. Gosto de entender teu
Terror, agora, o modo como a tomaste
Desvirginando-a como se destripasse um peixe,
indo embora pela manhã falando de uma esposa.
Agora que eu
Conheço algo sobre o medo do amor
Gosto de pensar em seu corpo quente e branco
Esverdeado como um peixe lançado a terra, estremecendo e
Arremessado contra uma pedra – caída em
Regaço, homem, estremecendo-se como teu pau,
Uma mulher enlouquecida de amor, recém-saída
Da prensa, afiada como uma ferramenta nunca usada,
Luzindo sobre tuas coxas e tudo que podias
Fazer no teu medo era arrancar sua virgindade como um
Caracol de sua negra concha e então
Jogá-la fora. Surpreendo-me com terror que
Destrói tanto, estou apaixonada pela garota que foi
Ofertada, veio a ti e
A dispuseste com banquete numa travessa, a
Sensível carne – sim, sim,
Eu aceito o presente.
Tradução de Dalcin Lima apoiado na versão espanhola de J. J. Almagro Iglesias e Carlos Jiménez Arribas. In: EMMA GUNST. Disponível em:< http://emmagunst.blogspot.com.br/2011/09/sharon-olds-poema-para-mi-primer-amante.html>. Acesso em: 28.Jul.2016.
POEM FOR MY FIRST LOVER
Now that I understand, I like to
Think of your terror–handed a girl
Mad with love, her long, fresh
Raw body thin as pared
Soap, breasts round and high and
Opalescent as bubbles of soap,
Laid across your legs, 18,
Untouched. I like to understand your
Terror, now, the way you took her
Deflowering her as you’d gut a fish,
Leaving in the morning with talk of a wife.
Now that I
Know about the fear of love
I like to think of her white-hot body
Greenish as a fish just landed, quivering and
Slapping on a rock–fallen into your
Lap, man, shuddering like your cock,
A woman crazed with love, hot off the
Press, sharp as a tool never used,
Blazing across your thighs and all you could
Do in your fear was firk out her cherry like an
Escargot from its dark shell and then
Toss her away. I am in awe of the terror that will
Waste so much, I am in love with the girl who went
Offering, came to you and
Laid it out like a feast on a platter, the
Delicate flesh–yes, yes,
I accept the gift.
POEM FOR MY FIRST LOVER. In: EMMA GUNST. Disponível em:< http://emmagunst.blogspot.com.br/2011/09/sharon-olds-poema-para-mi-primer-amante.html>. Acesso em: 28.Jul.2016.
EU VOLTEI PARA MAIO DE 1937
Vejo meus pais parados no baile de formatura da faculdade.
Vejo meu pai vagando sob o arco de granito ocre …
As telhas vermelhas luzindo feito placas de sangue atrás de sua cabeça.
Vejo minha mãe abraçando alguns livros leves, parada ao pé do pilar de tijolinhos …
Com os portões de ferro batido ainda abertos atrás dela, com suas lanças negras no ar de maio.
Eles vão se formar.
Eles vão se casar. São crianças, são tolos.
Só sabem que são inocentes, que nunca machucariam ninguém.
Quero ir até eles e dizer:
- “Parem, não façam isso.
Ela é a mulher errada, ele é o homem errado.
Vocês farão coisas que nunca imaginariam fazer.
Farão coisas ruins com seus filhos.
Vão sofrer de modos que nunca ouviram falar.
Vão querer morrer.”
Quero ir até eles sob o sol de fim de maio e dizer isto.
Mas eu não vou. Quero viver.
Pego os dois como bonecos de papel de homem e mulher e os esfrego
Blazing across your thighs and all you could
Do in your fear was firk out her cherry like an
Escargot from its dark shell and then
Toss her away. I am in awe of the terror that will
Waste so much, I am in love with the girl who went
Offering, came to you and
Laid it out like a feast on a platter, the
Delicate flesh–yes, yes,
I accept the gift.
POEM FOR MY FIRST LOVER. In: EMMA GUNST. Disponível em:< http://emmagunst.blogspot.com.br/2011/09/sharon-olds-poema-para-mi-primer-amante.html>. Acesso em: 28.Jul.2016.
EU VOLTEI PARA MAIO DE 1937
Vejo meus pais parados no baile de formatura da faculdade.
Vejo meu pai vagando sob o arco de granito ocre …
As telhas vermelhas luzindo feito placas de sangue atrás de sua cabeça.
Vejo minha mãe abraçando alguns livros leves, parada ao pé do pilar de tijolinhos …
Com os portões de ferro batido ainda abertos atrás dela, com suas lanças negras no ar de maio.
Eles vão se formar.
Eles vão se casar. São crianças, são tolos.
Só sabem que são inocentes, que nunca machucariam ninguém.
Quero ir até eles e dizer:
- “Parem, não façam isso.
Ela é a mulher errada, ele é o homem errado.
Vocês farão coisas que nunca imaginariam fazer.
Farão coisas ruins com seus filhos.
Vão sofrer de modos que nunca ouviram falar.
Vão querer morrer.”
Quero ir até eles sob o sol de fim de maio e dizer isto.
Mas eu não vou. Quero viver.
Pego os dois como bonecos de papel de homem e mulher e os esfrego
pelo quadril feito lascas de pederneira para tirar faíscas deles.
Eu digo:
- Façam o que têm de fazer, e eu lhes direi tudo.
Tradução de Rubens Mendonça. In: Revista Banzeiro. Disponível em:< http://banzeirotextual.blogspot.com.br/2013/04/sharon-olds-poema-ganhadora-do-premio.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
I GO BACK TO MAY 1937
I see them standing at the formal gates of their colleges,
I see my father strolling out
under the ochre sandstone arch, the
red tiles glinting like bent
plates of blood behind his head, I
see my mother with a few light books at her hip
standing at the pillar make of tiny bricks with the
wrought-iron gate still open behind her, its
sword-tips back in the May air,
they are about to graduate, they are about to get married,
they are kids, they are dumb, all they know is they are
innocent, they would never hurt anybody.
I want to go up to them and say Stop,
don't do it - she's the wrong woman,
he's the wrong man, you are going to do things
you cannot imagine you would ever do,
you are going to do bad things to children,
you are going to suffer in ways you never heard of,
you are going to die. I want to go
up to them there in the at May sunlight and say it,
her hungry pretty blank face turning to me,
her pitiful beautiful untouched body,
his arrogant handsome blind face turning to me,
his pitiful beautiful untouched body,
but I don't do it. I want to live. I
take them up like male and female
paper dolls and bang then together
at the hips like chips of flint as if to
strike sparks from them, I say
Do what you are going to do, and I will tell about it.
I GO BACK TO MAY 1937. In: Revista Banzeiro. Disponível em:< http://banzeirotextual.blogspot.com.br/2013/04/sharon-olds-poema-ganhadora-do-premio.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
A MORTE DE MARILYN MONROE
Os homens da ambulância tocaram seu corpo
frio, ergueram-no, pesado como ferro,
para a maca, tentaram fechar a
boca, fechar os olhos, amarrar
os braços aos flancos, arrumar um fio de cabelo
rebelde, como se importasse,
viram o contorno dos seios, aplainados pela
gravidade, sob o lençol
conduziram-na, como se fosse ela,
degraus abaixo.
Esses homens nunca mais foram os mesmos. Eles saíam
depois, como sempre faziam,
para um drinque ou dois, mas não eram capazes
de se olhar nos olhos.
Suas vidas deram uma
guinada — um tinha pesadelos, estranhas
dores, impotência, depressão. Outro não
gostava do trabalho, a mulher parecia diferente,
os filhos. Mesmo a morte
parecia diferente para ele — um lugar onde ela o
estaria aguardando,
e um achou-se de pé à noite
à porta do quarto de dormir, ouvindo
uma mulher respirando,
só uma mulher
comum
respirando.
Tradução de Ricardo Carvalho. In: Afetivagem. Disponível em:< http://afetivagem.blogspot.com.br/2007/03/um-mito-em-platinum-bonde-olds.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
THE DEATH OF MARILYN MONROE
The ambulance men touched her cold
body, lifted it, heavy as iron,
onto the stretcher, tried to close the
mouth, closed the eyes, tied the
arms to the sides, moved a caught
strand of hair, as if it mattered,
saw the shape of her breasts, flattened by
gravity, under the sheet
carried her, as if it were she,
down the steps.
These men were never the same. They went out
afterwards, as they always did,
for a drink or two, but they could not meet
each other's eyes.
Their lives took
a turn--one had nightmares, strange
pains, impotence, depression.
One did notlike his work, his wife looked
different, his kids. Even death
seemed different to him--a place where she
would be waiting,
and one found himself standing at night
in the doorway to a room of sleep,
listening to awoman breathing,
just an ordinary
woman
breathing.
THE DEATH OF MARILYN MONROE. In: Afetivagem. Disponível em:< http://afetivagem.blogspot.com.br/2007/03/um-mito-em-platinum-bonde-olds.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
TEORIA DOS TREMORES
Eu digo:
- Façam o que têm de fazer, e eu lhes direi tudo.
Tradução de Rubens Mendonça. In: Revista Banzeiro. Disponível em:< http://banzeirotextual.blogspot.com.br/2013/04/sharon-olds-poema-ganhadora-do-premio.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
I GO BACK TO MAY 1937
I see them standing at the formal gates of their colleges,
I see my father strolling out
under the ochre sandstone arch, the
red tiles glinting like bent
plates of blood behind his head, I
see my mother with a few light books at her hip
standing at the pillar make of tiny bricks with the
wrought-iron gate still open behind her, its
sword-tips back in the May air,
they are about to graduate, they are about to get married,
they are kids, they are dumb, all they know is they are
innocent, they would never hurt anybody.
I want to go up to them and say Stop,
don't do it - she's the wrong woman,
he's the wrong man, you are going to do things
you cannot imagine you would ever do,
you are going to do bad things to children,
you are going to suffer in ways you never heard of,
you are going to die. I want to go
up to them there in the at May sunlight and say it,
her hungry pretty blank face turning to me,
her pitiful beautiful untouched body,
his arrogant handsome blind face turning to me,
his pitiful beautiful untouched body,
but I don't do it. I want to live. I
take them up like male and female
paper dolls and bang then together
at the hips like chips of flint as if to
strike sparks from them, I say
Do what you are going to do, and I will tell about it.
I GO BACK TO MAY 1937. In: Revista Banzeiro. Disponível em:< http://banzeirotextual.blogspot.com.br/2013/04/sharon-olds-poema-ganhadora-do-premio.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
A MORTE DE MARILYN MONROE
Os homens da ambulância tocaram seu corpo
frio, ergueram-no, pesado como ferro,
para a maca, tentaram fechar a
boca, fechar os olhos, amarrar
os braços aos flancos, arrumar um fio de cabelo
rebelde, como se importasse,
viram o contorno dos seios, aplainados pela
gravidade, sob o lençol
conduziram-na, como se fosse ela,
degraus abaixo.
Esses homens nunca mais foram os mesmos. Eles saíam
depois, como sempre faziam,
para um drinque ou dois, mas não eram capazes
de se olhar nos olhos.
Suas vidas deram uma
guinada — um tinha pesadelos, estranhas
dores, impotência, depressão. Outro não
gostava do trabalho, a mulher parecia diferente,
os filhos. Mesmo a morte
parecia diferente para ele — um lugar onde ela o
estaria aguardando,
e um achou-se de pé à noite
à porta do quarto de dormir, ouvindo
uma mulher respirando,
só uma mulher
comum
respirando.
Tradução de Ricardo Carvalho. In: Afetivagem. Disponível em:< http://afetivagem.blogspot.com.br/2007/03/um-mito-em-platinum-bonde-olds.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
THE DEATH OF MARILYN MONROE
The ambulance men touched her cold
body, lifted it, heavy as iron,
onto the stretcher, tried to close the
mouth, closed the eyes, tied the
arms to the sides, moved a caught
strand of hair, as if it mattered,
saw the shape of her breasts, flattened by
gravity, under the sheet
carried her, as if it were she,
down the steps.
These men were never the same. They went out
afterwards, as they always did,
for a drink or two, but they could not meet
each other's eyes.
Their lives took
a turn--one had nightmares, strange
pains, impotence, depression.
One did notlike his work, his wife looked
different, his kids. Even death
seemed different to him--a place where she
would be waiting,
and one found himself standing at night
in the doorway to a room of sleep,
listening to awoman breathing,
just an ordinary
woman
breathing.
THE DEATH OF MARILYN MONROE. In: Afetivagem. Disponível em:< http://afetivagem.blogspot.com.br/2007/03/um-mito-em-platinum-bonde-olds.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
TEORIA DOS TREMORES
Quando dois estratos terrestres se esfregam um no outro
como uma mãe e uma filha
chama-se uma falha.
Há falhas que deslizam suaves uma pela outra
uma polegada por ano, tão-só de raspão
como um homem que passa a mão pelo queixo,
esse homem entre nós,
e há falhas que embicam numa curva durante vinte anos.
A crista dilata-se como a testa sarcástica de um pai
e tudo estaca no mesmo sítio, o homem entre nós.
Quando isso acontecer, haverá graves danos
nas zonas industriais e estâncias de veraneio
quando os fundos estratos
finalmente desencalharem
da terrível pressão do contacto.
A terra estala
e os inocentes submergem gentilmente nela como nadadores.
Tradução de Margarida Vale de Gato. In: Canla de poesia. Disponível em:< http://canaldepoesia.blogspot.com.br/2011/07/sharon-olds-primeira-noite.html>. Acesso em: 29.Jul.2016.
QUAKE THEORY
When two plates of earth scrape along each other
like a mother and daughter
it is called a fault.
There are faults that slip smoothly past each other
an inch a year, just a faint rasp
like a man running his hand over his chin,
that man between us,
and there are faults
that get stuck at a bend for twenty years.
The ridge bulges up like a father's sarcastic forehead
and the whole thing freezes in place,
the man between us.
When this happens, there will be heavy damage
to industrial areas and leisure residence
when the deep plates
finally jerk past
the terrible pressure of their contact.
The earth cracks
and innocent people slip gently in like swimmers.
QUAKE THEORY. In: Genius. Disponível em:< http://genius.com/Sharon-olds-quake-theory-annotated>. Acesso em: 29.Jul.2016.
BARÔMETRO
Por ser a mulher cuja irmã mais velha
abandonou a filha — deixando-a na metade do caminho,
como se deixa um marido — não sou como outras mães.
À noite, vou ao quarto de minha filha,
e escuto o chiado calmo da cisterna
de sua respiração; vou ao quarto do meu filho, o grilo
ainda vivo em sua garganta, em seu peito;
Quisera eu pudesse ficar sobre minha própria cama
e escutar minha respiração, para saber que clima está por vir.
Tradução de Dalcin Lima baseado na versão de Juan Carlos Galeano. In: El Establo de Pegaso. Disponível em:< http://elestablodepegaso.blogspot.com.br/2009/03/dos-poemas-de-sharon-olds.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
BAROMETER
Being a woman whose elder sister
abandoned a child —dropped her mid-journey,
left her like a husband— I am not like other mothers.
At night, I go into my daughter's room,
and listen to the cool, creaking cistern
of her breath; I go into my son's, the cricket
still safe in his throat, his chest;
I wish I could stand over my own bed
and listen to my breathing, to know what weather's coming.
BAROMETER. In: El Establo de Pegaso. Disponível em:< http://elestablodepegaso.blogspot.com.br/2009/03/dos-poemas-de-sharon-olds.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
como uma mãe e uma filha
chama-se uma falha.
Há falhas que deslizam suaves uma pela outra
uma polegada por ano, tão-só de raspão
como um homem que passa a mão pelo queixo,
esse homem entre nós,
e há falhas que embicam numa curva durante vinte anos.
A crista dilata-se como a testa sarcástica de um pai
e tudo estaca no mesmo sítio, o homem entre nós.
Quando isso acontecer, haverá graves danos
nas zonas industriais e estâncias de veraneio
quando os fundos estratos
finalmente desencalharem
da terrível pressão do contacto.
A terra estala
e os inocentes submergem gentilmente nela como nadadores.
Tradução de Margarida Vale de Gato. In: Canla de poesia. Disponível em:< http://canaldepoesia.blogspot.com.br/2011/07/sharon-olds-primeira-noite.html>. Acesso em: 29.Jul.2016.
QUAKE THEORY
When two plates of earth scrape along each other
like a mother and daughter
it is called a fault.
There are faults that slip smoothly past each other
an inch a year, just a faint rasp
like a man running his hand over his chin,
that man between us,
and there are faults
that get stuck at a bend for twenty years.
The ridge bulges up like a father's sarcastic forehead
and the whole thing freezes in place,
the man between us.
When this happens, there will be heavy damage
to industrial areas and leisure residence
when the deep plates
finally jerk past
the terrible pressure of their contact.
The earth cracks
and innocent people slip gently in like swimmers.
QUAKE THEORY. In: Genius. Disponível em:< http://genius.com/Sharon-olds-quake-theory-annotated>. Acesso em: 29.Jul.2016.
BARÔMETRO
Por ser a mulher cuja irmã mais velha
abandonou a filha — deixando-a na metade do caminho,
como se deixa um marido — não sou como outras mães.
À noite, vou ao quarto de minha filha,
e escuto o chiado calmo da cisterna
de sua respiração; vou ao quarto do meu filho, o grilo
ainda vivo em sua garganta, em seu peito;
Quisera eu pudesse ficar sobre minha própria cama
e escutar minha respiração, para saber que clima está por vir.
Tradução de Dalcin Lima baseado na versão de Juan Carlos Galeano. In: El Establo de Pegaso. Disponível em:< http://elestablodepegaso.blogspot.com.br/2009/03/dos-poemas-de-sharon-olds.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
BAROMETER
Being a woman whose elder sister
abandoned a child —dropped her mid-journey,
left her like a husband— I am not like other mothers.
At night, I go into my daughter's room,
and listen to the cool, creaking cistern
of her breath; I go into my son's, the cricket
still safe in his throat, his chest;
I wish I could stand over my own bed
and listen to my breathing, to know what weather's coming.
BAROMETER. In: El Establo de Pegaso. Disponível em:< http://elestablodepegaso.blogspot.com.br/2009/03/dos-poemas-de-sharon-olds.html>. Acesso em: 29. Jul. 2016.
0 comentários:
Postar um comentário