ads slot

Últimas Postagens:

CASA ABERTA, A POESIA METAFÍSICA DE THEODORE ROETHKE


CASA ABERTA


Meus segredos lamentam-se gritando.
Não tenho necessidade de fala.
Meu coração mantém-se abrindo,
Minha porta escancarada.
Um épico do olhar
Meu amor, sem disfarçar.

Minhas verdades todas descobertas,
Essa angústia que revela a si mesma.
Estou exposto até os ossos,
Com desnudo como escudo.
Meu ser é o que visto:
Mantenho o espírito omisso.

A raiva há de resistir,
O dever há de a verdade dizer
Em linguagem firme e pura.
Eu interrompo a boca que mente:
O ódio urra a mais límpida melodia
Do sem-sentido da agonia.


Traduzido por Estermann Meyer. In: a passagem dos dias. Disponível em: < http://fundodocopoprofundo.blogspot.com.br/2011/11/open-house-poema-traduzido-de-theodore.html >. Acesso em: 21. Mai. 2016.


OPEN HOUSE


My secrets cry aloud.
I have no need for tongue.
My heart keeps open house,
My doors are widely swung.
An epic of the eyes
My love, with no disguise.

My truths are all foreknown,
This anguish self-revealed.
I’m naked to the bone,
With nakedness my shield.
Myself is what I wear:
I keep the spirit spare.

The anger will endure,
The deed will speak the truth
In language strict and pure.
I stop the lying mouth:
Rage warps my clearest cry
To witless agony.


OPEN HOUSE. In: Poetry Foundation. Disponível em: < http://www.poemhunter.com/poem/open-house-2/>. Acesso em: 21. Mai. 2016.


O MORCEGO


durante o dia o morcego é primo carnal do rato
adora o sótão de uma casa idosa é fato

seus dedos formam sobre a cabeça um chapéu
seu pulsar tão lento parece morto em véu

metade da noite em figuras loucas se maquina
entre as árvores a encarar a luz da esquina

mas quando se resvala de encontro à tela
temos medo do que nossos olhos vêem nela

alguma é claro está troncha ou indecente
quando ratos alados se disfarçam em face de gente


Tradução de Nelson Cerqueira. In: Centro de Aprendizagem Autônoma de Línguas Estrangeiras. Disponível em: < http://www.uesb.br/caale/index.asp?site=prod/traducao.html>. Acesso em: 21. Mai. 2016.


THE BAT


By day the bat is cousin to the mouse.
He likes the attic of an aging house.

His fingers make a hat about his head.
His pulse beat is so slow we think him dead.

He loops in crazy figures half the night
Among the trees that face the corner light.

But when he brushes up against a screen,
We are afraid of what our eyes have seen:

For something is amiss or out of place
When mice with wings can wear a human face.


THE BAT. In: The Library of Congress. Disponível: . Acesso em: 21. Mai. 2016.


ELEGIA A JANE


(minha aluna, morta em queda de cavalo)


Lembro das mossas do pescoço, suaves e úmidas como gavinhas;
E o olhar abrupto, riso oblíquo de lúcio;
E de como, uma vez começada a fala, ela saltava as sílabas fracas;
E librava-se no deleite do pensar,

A calda, feliz, de carriça ao vento,
o canto vibrando em ramos, pequenos galhos.
E a sombra cantava com ela;
As folhas, seus sussurros tornados beijos,
E o humo cantava nos alvacentos vales sob a rosa.

Ah, quando triste, lançava-se a tão completo abismo,
Que mesmo um pai não a encontraria:
Esfregando a face na palha,
Turvando a macia água.

Meu pardal, não estás mais aqui,
Esperando como samambaia, abrindo-se em sombra de latada.
O lado úmido das pedras não pode me consolar,
Nem o musgo, ferido de luz última.

Se ao menos eu pudesse espertá-la deste sono,
Meu encanto quebrado, transcorrida lavandeira.
Sobre esta úmida cova digo as palavras de meu amor:
Eu, sem direito algum em questão,
Nem pai nem amante.


Tradução de Ruy Vasconcelos. In: ZUNÁI - Revista de poesia & debates. Disponível: < http://www.revistazunai.com/traducoes/theodore_roethke.htm>. Acesso em: 21. Mai. 2016.

ELEGY FOR JANE


(My student, thrown by a horse)


I remember the neckcurls, limp and damp as tendrils;
And her quick look, a sidelong pickerel smile;
And how, once startled into talk, the light syllables leaped for her,
And she balanced in the delight of her thought,

A wren, happy, tail into the wind,
Her song trembling the twigs and small branches.
The shade sang with her;
The leaves, their whispers turned to kissing,
And the mould sang in the bleached valleys under the rose.

Oh, when she was sad, she cast herself down into such a pure depth,
Even a father could not find her:
Scraping her cheek against straw,
Stirring the clearest water.
My sparrow, you are not here,
Waiting like a fern, making a spiney shadow.
The sides of wet stones cannot console me,
Nor the moss, wound with the last light.

If only I could nudge you from this sleep,
My maimed darling, my skittery pigeon.
Over this damp grave I speak the words of my love:
I, with no rights in this matter,
Neither father nor lover.


ELEGY FOR JANE. In: ZUNÁI - Revista de poesia & debates. Disponível: < http://www.revistazunai.com/traducoes/theodore_roethke.htm>. Acesso em: 21. Mai. 2016.

A VALSA DE MEU PAPAI


O cheiro de whiskey em teu hálito
Podia deixar qualquer menino tonto;
Mas eu me segurava a ti como a morte:
Aquele valsar não era fácil.

Fazíamos travessuras até que as panelas
Caíssem da estante da cozinha;
O semblante de mamãe
Não podeia deixar de franzir o cenho.

A mão que segurava meu pulso
Tinha um dos nós do dedo quebrado;
A cada passo que perdias
Meu ouvido direito esmagava as fivelas de cinturão.

Marcavas o compasso na minha cabeça
Com a palma da mão endurecida pela sujeira,
Então me levavas para a cama valsando
Ainda que eu estivesse grudado a tua camisa.


Tradução do original por Dalcin Lima, aos 04 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Diana Dunkelberger e Marcelo Rioseco. In: otra iglesia es imposible. Disponível: < http://campodemaniobras.blogspot.com.br/2011/03/theodore-roethke-dos-poemas.html>. Acesso em: 21. Mai. 2016.


MY PAPA'S WALTZ


The whiskey on your breath
Could make a small boy dizzy;
But I hung on like death:
Such waltzing was not easy.

We romped until the pans
Slid from the kitchen shelf;
My mother's countenance
Could not unfrown itself.

The hand that held my wrist
Was battered on one knuckle;
At every step you missed
My rightear scraped a buckle.

You beat time on my head
With a palm caked hard by dirt.
Then waltzed me off to bed
Still clingin to your shirt.


MY PAPA'S WALTZ. In: Poetry Foundation. Disponível: < http://www.poetryfoundation.org/poems-and-poets/poems/detail/43330>. Acesso em: 21. Mai. 2016.

DOLOR


Conheci a inexorável tristeza dos lápis,
Ordenados em suas caixas, a dor das almofadas e dos pesos de papel,
Toda a miséria das pastas e da massa de colar,
A desolação dos imaculados lugares públicos,
A solitária ala da recepção, o lavabo, a caixa de interruptores elétricos,
O inalterado patos do vaso e do jarro,
O ritual da multicopiadora, os clips de papel, cola,
Uma eterna duplicação de vidas e objetos.
E eu vi o pó das paredes das instituições
Mais finos que farinha, vivo, mais perigoso que sílica
Tão fino, quase invisível, através de intermináveis tarde de tédio
Deixando cair uma fina película das unhas e das delicadas pálpebras,
Esmaltando o cabelo claro e duplicando os rostos cinzentos e convencionais.


Tradução do original por Dalcin Lima, aos 04 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Diana Dunkelberger e Marcelo Rioseco. In: otra iglesia es imposible. Disponível: < http://campodemaniobras.blogspot.com.br/2011/03/theodore-roethke-dos-poemas.html>. Acesso em: 21. Mai. 2016.


DOLOR


I have known the inexorable sadness of pencils,
Neat in their boxes, dolor of pad and paper weight,
All the misery of manilla folders and mucilage,
Desolation in immaculate public places,
Lonely reception room, lavatory, switchboard,
The unalterable pathos of basin and pitcher,
Ritual of multigraph, paper-clip, comma,
Endless duplication of lives and objects.
And I have seen dust from the walls of institutions,
Finer than flour, alive, more dangerous than silica,
Sift, almost invisible, through long afternoons of tedium,
Dropping a fine film on nails and delicate eyebrows,
Glazing the pale hair, the duplicate grey standard faces.


DOLOR. In: Writing That Matters. Disponível: < https://markmcbride.wordpress.com/2010/06/23/theodore-roethkes-dolor/>. Acesso em: 21. Mai. 2016.


A DECISÃO


I
O que faz tremer o olho senão o invisível?
Fugir de Deus é a maior carreira de todas.
Um pássaro me perseguia quando jovem eu era –
A avefría é lenta para abandonar seu canto – 
Nem eu conseguia arrancar da cabeça aquele aquele som,
O sonolento rumor das folhas num vento leve.

II
Levantar-se ou cair é uma única disciplina!
A linha do meu horizonte está se tornando mais tênue!
Qual o caminho? Eu grito para o negro,
A sombra mutável, as brasas nas minhas costas.
Qual o caminho? Pergunto e viro-me para sair
Como um homem que se dispõe a enfrentar a neve a caminho.


Tradução do original por Dalcin Lima, aos 04 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Alberto Girri. In: lailatan poesia. Disponível: < https://lailatan.wordpress.com/2015/09/01/cinco-poemas-de-theodore-roethke-traduccion-alberto-girri/>. Acesso em: 21. Mai. 2016.


THE DECISION


I
What shakes the eye but the invisible?
Running from God’s the longest race of all.
A bird kept haunting me when I was young–
The phoebe’s slow retreating from its song,
Not could I put that sound out of my mind,
The sleepy sound of leaves in a light wind.

II
Rising or falling’s all one discipline!
The line of my horizon’s growing thin!
Which is the way? I cry to the dread black,
The shifting shade, the cinders at my back.
Which is the way? I ask, and turn to go,
As a man turns to face on-coming snow.


THE DECISION. In: lailatan poesia. Disponível: < https://lailatan.wordpress.com/2015/09/01/cinco-poemas-de-theodore-roethke-traduccion-alberto-girri/>. Acesso em: 21. Mai. 2016.

O HIPOPÓTAMO


Cabeça ou Calda, o que lhe falta?
Creio que seu Adiante é o que retrocede!
Ele vive de Cenoura, Alho-porró e Forragem;
Para bocejar – leva o dia inteiro...
Às vezes penso que ele viverá assim.


Tradução do original por Dalcin Lima, aos 04 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Alberto Girri. In: lailatan poesia. Disponível: < https://lailatan.wordpress.com/2015/09/01/cinco-poemas-de-theodore-roethke-traduccion-alberto-girri/>. Acesso em: 21. Mai. 2016.

THE HIPPO


A Head or Tail--which does he lack?
I think his Forward's coming back!
He lives on Carrots, Leeks and Hay;
He starts to yawn--it takes All Day—
Some time I think I'll live that way.


THE HIPPO. In: American Poetry. Disponível: < http://americanpoetry.usal.es/poem1-63/the-hippo>. Acesso em: 21. Mai. 2016.

PAIOL DE FLORES


Canas brilhantes como escórias,
Talos moles flexíveis,
Camadas inteiras de flores lançadas num monte,
Cravos, verbenas, cosmos,
Fungos, ervas daninhas, folhas mortas,
Raízes desventradas,
Com veias descoloridas
Entrelaçadas como finos cabelos,
Cada arvoredo com a forma de um vaso
Todo flácido
Exceto uma tulipa no cume,
Uma cabeça elegante
Sobre o agonizante, recém morto.


Tradução do original por Dalcin Lima, aos 04 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Alberto Girri. In: lailatan poesia. Disponível: < https://lailatan.wordpress.com/2015/09/01/cinco-poemas-de-theodore-roethke-traduccion-alberto-girri/>. Acesso em: 21. Mai. 2016.



FLOWER DUMP


Cannas shiny as slag,
Slug-soft stems,
Whole beds of bloom pitched on a pile,
Carnations, verbenas, cosmos,
Molds, weeds, dead leaves,
Turned-over roots
With leached veins
Twined like fine hair,
Each clump in the shape of a pot;
Everything limp
But one tulip on top,
One swaggering head
Over the dying, the newly dead.


FLOWER DUMP. In: My Page. Disponível: < http://mypage.siu.edu/puglove/dump.htm>. Acesso em: 21. Mai. 2016.


UMA VEZ MAIS, O CIRCULAR


O que é maior, Cristal ou a Lagoa?
O que pode ser conhecido? O Desconhecido.
Meu eu verdadeiro corre rumo a uma colina
Mais! oh Mais! Visível.

Glorifico, agora, minha vida,
Com o pássaro, a Folha que subsiste
Com o peixe, o caracol que busca
E o olho modifica Tudo;
E danço com William Blake
Por amor, por amor do Amor somente;

E cada coisa retorna a Um,
Enquanto dançamos, dançamos, dançamos.


Tradução do original por Dalcin Lima, aos 04 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Alberto Girri. In: lailatan poesia. Disponível: < https://lailatan.wordpress.com/2015/09/01/cinco-poemas-de-theodore-roethke-traduccion-alberto-girri/>. Acesso em: 21. Mai. 2016.

ONCE MORE, THE ROUND


What's greater, Pebble or Pond?
What can be known? The Unknown.
My true self runs toward a Hill
More! O More! visible.

Now I adore my life
With the Bird, the abiding Leaf,
With the Fish, the questing Snail,
And the Eye altering All;
And I dance with William Blake
For love, for Love's sake;

And everything comes to One,
As we dance on, dance on, dance on.


ONCE MORE, THE ROUND. In: Poetry Foundation. Disponível: < http://www.poemhunter.com/poem/once-more-the-round/>. Acesso em: 21. Mai. 2016.


O DIAMANTE

O pensamento não pode triturar-se.
A grande maça se abate em vão.
A verdade nunca se desmancha;
Sua coluna permanece.

Os dentes de engrenagens entrelaçadas
Giram lentamente na noite,
Mas a verdadeira substância resiste
Ao peso do martelo.

A pressão não pode romper
Um centro tão congelado;
A ferramenta não arranca nem uma fagulha,
O núcleo permanece selado.


Tradução do original por Dalcin Lima, aos 04 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Alberto Girri. In: lailatan poesia. Disponível: < https://lailatan.wordpress.com/2015/09/01/cinco-poemas-de-theodore-roethke-traduccion-alberto-girri/>. Acesso em: 21. Mai. 2016.


THE ADAMANT


Thought does not crush to stone.
The great sledge drops in vain.
Truth is never undone;
It's shafts remain.

The teeth of knitted gears
Turn slowly through the night,
But the true substance bears
The hammer's weight.

Compression cannot break
A center so congealed;
The tool can chip no flake;
The core lies sealed.


THE ADAMANT. In: RedkeyRoethke. Disponível: . Acesso em: 21. Mai. 2016.

O DESPERTAR


Passeava por
Um campo aberto,
Havia sol,
O calor era feliz.

Por aqui! Por aqui!
Reluzia a garganta do uirapuru
Um ao outro
Os botões de flor cantavam.

Cantavam as pedras,
Até as menores,
E as flores pulavam
Como cabritinhos.

Uma borda irregular
De margaridas agitou-se;
Eu não estava sozinho
Num pomar de maçãs.

Longe no bosque
Suspirava o pequeno pássaro;
O sereno soltava
Seus perfumes matinais.

Cheguei até onde o rio
Corre sobre as pedras:
Meus ouvidos conheceram
Uma alegria matutina.

E todas as águas
De todos os arroios
Cantaram em minhas veias
Naquele dia de verão.


Tradução do original por Dalcin Lima, aos 04 de junho de 2016, baseado na versão espanhola de Sandra Toro. In: El placard. Disponível: < http://el-placard.blogspot.com.br/2015/05/poemas-de-theodore-roethke.html>. Acesso em: 21. Mai. 2016.

THE WAKING


I strolled across
An open field;
The sun was out;
Heat was happy.

This way! This way!
The wren's throat shimmered,
Either to other,
The blossoms sang.

The stones sang,
The little ones did,
And the flowers jumped
Like small goats.

A ragged fringe
Of daisys waved;
I wasn't alone
In a grove of apples.

Far in the wood
A nestling sighed;
The dew loosened
Its morning smells.

I came where the river
Ran over stones:
My ears knew
An early joy.

And all the waters
Of all the streams
Sang in my veins
That summer day.


THE WAKING. In: El placard. Disponível: < http://el-placard.blogspot.com.br/2015/05/poemas-de-theodore-roethke.html>. Acesso em: 21. Mai. 2016. 

Compartilhe no Google Plus

Sobre Jus et Humanitas

Sou Dalcin Lima, advogado, tradutor e um apaixonado por Línguas e Literatura, especialmente poesia. Sou protetor de animais em geral.
    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários:

Postar um comentário